A era digital chegou para o meio impresso. E agora?

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Tendências no Jornalismo
4 min readNov 20, 2018

As empresas jornalísticas expandem seus conteúdos para canais multiplataformas, atraindo um consumidor engajado e exigente

Isabel Povineli

A internet transformou o jornalismo. Ninguém podia prever o alcance dessas mudanças, mas já temos a certeza que uma profunda transformação dos profissionais que atuam nessas áreas está em curso.

Segundo o Chief Marketing Officer at AI&T — Marcelo Trevisani (2018) — “só continuará no mercado quem conseguir fazer desse processo um ponto de virada profissional, e não um projeto com começo meio e fim”.

A transformação digital já é uma realidade. Temos que encarar e se adaptar rapidamente, pois a tecnologia muda a dinâmica dos mercados e a relação entre as pessoas. No relatório Um Modelo de negócio para o jornalismo digital escrito por Caio Túlio, no digital, o jogo muda. São muitos os desafios que essa realidade implica: 1) como uma publicação pode vencer sem fazer apenas a transposição do modelo tradicional para o mundo digital? 2) como cobrar por um conteúdo que os internautas conseguem de graça, mesmo de pior qualidade? 3) como financiar a produção on-line de jornalismo de qualidade? 4) como enfrentar tanta informação, tanto boato, tanta opinião? 5) como garantir o jornalismo independente? 6) como manter a lucratividade alcançada no meio impresso? 7) como se inserir de forma eficiente na nova cadeia de valor?

Uma pesquisa recente, do Capgemini Digital Transformations Institute Survey, mostra que 65% das empresas já estão atentas e estão colocando o consumidor no centro das preocupações (MOORE, 2018). Como diz Jeff Bezos (apus TREVISANI, 2018) — CEO da Amazon — “você pode ser um competidor focado no concorrente, pode ser focado no produto, pode ser focado na tecnologia, pode ser focado no modelo de negócios e muito mais. Mas, o foco obsessivo no cliente é, de longe, o modelo mais promissor”.

Com a velocidade que tudo está mudando, se faz necessário nas empresas jornalísticas, equipes multidisciplinares e multiprofissionais, com uma liderança colaborativa, revendo a todo o momento as estratégias e objetivos dos veículos de comunicação onde atuam.

A transformação digital afetou toda a cadeia de produção das empresas de mídia, mas lá na ponta o consumidor é e sempre será o rei. Mudou a forma de produzir e distribuir conteúdo, de engajar a audiência e a forma como os consumidores escolhem seus produtos e serviços. É aí que entra a relevância que os veículos possuem. Não só para cobrar pelo conteúdo, mas também como uma nova fonte de receita.

Ainda segundo Marcelo Trevisani (2018), “vamos deixar a era de vender para trás e abrir espaço para a era de ajudar a comprar”. E aí “comprar” vale para produtos, serviços e conteúdos jornalísticos.

A receita para esse novo ecossistema? RELEVÂNCIA!

O segmento de revistas informativas foi um dos que mais se reinventaram nessa era onde a conexão com o consumidor é fundamental para a sobrevivência do negócio. As páginas se expandiram e foram para as redes sociais, sites, aplicativos, mobile, eventos, canais de vídeo, licenciamento e TV — com as publicações criando seus estúdios próprios para programas ao vivo — tudo isso com a intenção de conquistar o consumidor na hora que ele quiser e na plataforma que ele escolher.

Na reorganização de seus negócios para lidar com a nova realidade de mercado, as empresas jornalísticas, tem redobrado a atenção com as plataformas digitais. Não se trata apenas de pensar nos canais on-line para distribuir conteúdo, mas sim de aproveitar melhor as ferramentas disponíveis para aumentar a eficiência da comunicação — daí o investimento em business intelligence e no monitoramento do comportamento da audiência, tanto para os projetos editoriais como para as ações comerciais.

Um dos cases que podemos citar é o da Revista IstoÉ com seus dois programas diários, ao vivo, levando ao consumidor as notícias mais quentes do dia. Desde sua criação, o IstoÉ ao Vivo, é transmitido pelas redes sociais e pelo site da publicação, com interação do usuário que pode participar enviando perguntas e comentários sobre os temas abordados. Seu conteúdo vai desde entrevistas com personalidades, políticos, utilidade pública e temas relevantes da atualidade, como vacinação, segurança pública, educação, etc.

Fonte: Programa ISTOÉ Ao vivo, 2018.

Essa linha de atuação já é realidade para diversas empresas jornalísticas, cujo desafio é engajar a audiência de forma relevante e duradoura, pois o público adquiriu capacidade de obter conteúdo onde quer que estejam e sempre que quiserem.

Não tenha dúvida. Nesses tempos digitais o consumidor é e sempre será o rei!

Referências

COSTA, Caio Túlio. Um modelo de negócio para o jornalismo digital. Columbia Journalism Review, Revista de Jornalismo ESPM, n. 9, 2014.

MOORE, Michele. Digital Transformations Institute Survey. Capgemini Digital Transformations Institute, 12 mar. 2018.

TREVISANI, Marcelo. A transformação digital não vai mudar o marketing; vai mudar seus líderes. Meio & Mensagem, 7 maio 2018.

Isabel Povineli , Publicitária, com pós graduação em Propaganda (ESPM) e Especialização em Marketing (FVG), atua no segmento de mídia impressa há mais de 30 anos. Aluna do Mestrado da ESPM, pesquisando Branded Content como uma nova ferramenta de marketing.

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Projetos desenvolvidos na disciplina “Inovação, Tecnologia e Sociedade” do Mestrado Profissional em Produção Jornalística da ESPM-SP