Quanto de trabalho é o suficiente?

Laís Lara Vacco
Tentaculus
Published in
3 min readJun 8, 2020

Este artigo é um resumo traduzido do artigo de Anne-Laure Le Cunff.
Anne é ex-funcionária da Google, empreendedora, escritora, membro da sociedade de Neurosciencia e certificada em Mental Health First Aider. Seu blog tem diversos conteúdos interessantes sobre produtividade sem sacrificar a saúde mental. Este artigo é um deles.

Ilustração — Eu e o Cali trabalhando para validar algumas ideias

Muitas pessoas acreditam que quanto mais horas elas trabalham, mais produtivas elas são. Isso está longe de ser verdade.

Quantas horas de trabalho são o suficiente?

Nos anos 50 o psicólogo Raymond Van Zelst e Willard Kerr entrevistou mais de 200 colegas sobre seus hábitos e agendas. Então montou um gráfico com o número de horas gastas e o número de artigos publicados com objetivo de medir a produtividade.

Gráfico mostrando a relação entre produtividade (vertical) e horas de trabalho (horizontal)

Em vez de mais horas de trabalho, mais artigos publicados, o gráfico mostrou o formato M. O pico de produtividade era entre 10 e 20 horas de trabalho por semana.

Pesquisadores que gastaram 25 horas de trabalho por semana não era mais produtivos do que aqueles que gastaram 5 horas.

Perto das 35 horas de trabalho por semana foi o pior em termos de produtividade (menos horas do que as 40 horas instituídas pela CLT aqui no Brasil).

A curva aumentou novamente em 50 horas por semana, mas somente para as pessoas que faziam tarefas mais físicas, onde gastavam tempo fazendo medidas e manuseando máquinas.

Essa pesquisa sugere que se o seu trabalho requer mais esforço mental, faria mais sentido fazer o trabalho criativo perto de 4 horas por dia. Por trabalho criativo ela quer dizer, algo extremamente focado, com alta produtividade e direcionado por entregas (output-driven).

O que fazer no resto do dia?

Recarregar as baterias. Ler livros, ouvir podcasts relevantes ao seu trabalho, caminhar, agendar conversas com pessoas que você gostaria de aprender e relacionadas a sua área, passar um tempo com a família e amigos, cuidar do corpo e da saúde. Nada disso é exatamente trabalho, mas tudo isso te torna mais produtivo a longo prazo.

Alguns inovadores famosos que trabalham poucas horas

  • Charles Dickens: 5 horas de trabalho e o escritor encerrava o dia e se dedicava a leituras e passar tempo com conhecidos.
  • Charles Darwin: Depois do café da manhã e uma caminhada, o cientista começava seu estudo às 8h da manhã, trabalhava por uma hora e meia. Às 9h30 escrevia cartas e lia o jornal da manhã. Uma hora depois, retornava ao trabalho. Ao meio dia terminava o trabalho. O resto do dia era almoçando, respondendo mais cartas, tirando uma soneca, dando outro passeio e passando tempo com sua esposa e família.

Émile Zola e Henri Poincaré também tinham horários de trabalho diários muito curtos.

“Quatro horas de trabalho criativo por dia são o limite para um matemático”, disse Poincaré, confirmando as descobertas de pesquisas científicas.

Ele publicou cerca de trinta livros e quinhentos artigos em sua vida — nada mal em termos de produtividade.

Claro que nem todos conseguem ter curtas horas de trabalho, especialmente aqueles pagos por hora, como freelancers. Essa pesquisa também não se aplica a trabalhos físicos.

No campo de trabalho de conhecimento, a pesquisa mostra que é preciso intercalar período de output produtivo (vazão produtiva) e quantidade de input (quantidade de entrada de informação).

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