Situação das organizações

Sintomas e influenciadores

Cali (Renato Caliari)
Tentaculus
4 min readJan 29, 2020

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Sintomas

Desengajamento

Uma pesquisa da Gallup de 2014 retratou a seguinte situação dentro das organizações:

  • 13% das pessoas engajadas.
  • 61% das pessoas desengajadas.
  • 26% das pessoas ativamente desengajadas.

Isso custava em torno de US$ 450 bilhões por ano.

Um barco para exemplificar o desengajamento

Para exemplificar com uma analogia, isso seria como um pequeno barco no qual:

  • 2 pessoas à frente estão remando e dando o seu máximo para ir pra frente
  • 6 pessoas no meio estão apreciando a paisagem e vez ou outra colaborando com remadas
  • 2 pessoas no fundo do barco remando em direção contrária.

Um fator super desfavorável a qualquer organização.

[1] Referência: Gallup 2014, Glassdoor, Dice Tech Salary Survey, Delloitte Human Capital Trends 2014 e (1, 2) outros.

Estresse

No livro Freedom, Inc [1] há referências de pesquisas que informam que 75% a 90% de todas as consultas médicas de cuidados primários têm relação com estresse do ambiente de trabalho.

Estudos estimam que o custo para as empresas americanas pode ser de US$ 150 bilhões a US$ 300 bilhões por ano ou mais devido a absenteísmo induzido pelo estresse, perda de produtividade e gastos com saúde.

Entre causas do estresse estão coisas como aumentos na quantidade de trabalho ou nas demandas de trabalho, ou incerteza sobre o que precisa ser feito. Além disso, as causas incluem todas as restrições e conflitos interpessoais que impedem os funcionários de fazer um bom trabalho.

Exemplos:

  • Alguém interferiu no seu trabalho.
  • Alguém recebeu crédito pelo seu trabalho.
  • Alguém fez um comentário negativo sobre sua inteligência ou competência.
  • Você foi alvo de boatos ou fofocas.
  • Você foi excluído de uma reunião social ou relacionada ao trabalho.
  • Você teve um aumento ou promoção negado sem um motivo válido.

Referência: Livro “Freedom, Inc.: How Corporate Liberation Unleashes Employee Potential and Business Performance”.

Falta de inovação

De acordo com Gary Hamel, as organizações sofrem de uma epidemia que torna nossas organizações insípidas, inerciais, incrementais e pouco inspiradoras.

Referências:

O que leva a esses sintomas?

Dentre inúmeros fatores, podemos imaginar de forma simplificada ao menos três.

1. Abordagens de Comando-e-Controle e Planejar-e-Predizer

Essas abordagens já não funcionam num mundo VUCA:

  • Volatile (Volátil)
  • Uncertain (Incerto)
  • Complex (Complexo)
  • Ambiguous (Ambíguo)

As mudanças são instáveis, os eventos são imprevisíveis, fatores diversos e conectados estão em jogo e as relações causais não são claras.

Abaixo está a imagem que retrata um cenário de uma organização em forma de pirâmide de comando-e-controle onde o topo toma decisões e a base executa o trabalho.

“O controle leva à conformidade; autonomia leva ao engajamento.” — Daniel Pink

Nos passa a impressão que teríamos o “cérebro” da empresa acima e “pares de mãos” abaixo. Curiosamente, quem está mais próxima da situação, executando o trabalho, seriam as pessoas que teriam mais informações e habilidades para tomar muitas das decisões contextuais da forma mais ágil possível.

2. Gerenciamento e regras organizacionais para 3% das pessoas

Várias organizações criam regras para controlar o pequeno número de colaboradores que abusam de sua autonomia, suprimindo a inovação e a criatividade dos 97% que apenas querem fazer um bom trabalho.[1]

Há estimativas de que um excesso de burocracia custa à economia dos EUA mais de US$ 3 trilhões em produção perdida por ano. [2]

De acordo com Gary Hamel e Michele Zanini [2], para desfazer a burocracia, o primeiro passo é ser honesto sobre o quanto isso está custando à sua organização. Esses custos se enquadram em sete categorias:

  • Inchaço: muitos gerentes, administradores e camadas de gerenciamento
  • Fricção: muito trabalho que diminui a tomada de decisão
  • Insularidade: muito tempo gasto em questões internas
  • Desempoderamento: muitas restrições à autonomia
  • Aversão ao risco: muitas barreiras à tomada de risco
  • Inércia: muitos impedimentos à mudança proativa
  • Política: muita energia dedicada a ganhar poder e influência

[1] A ideia de “gerenciar para 3%” foi levantada por Gordon Forward, ex-CEO da Chaparral Steel. Pode ver uma citação sobre o assunto aqui: https://corporate-rebels.com/bust-bureaucracy/

[2] Assessment: Do You Know How Bureaucratic Your Organization Is?

3. Falta de habilidades de interação

  • 60% dos líderes não têm proficiência em empatia: esse foi o resultado de uma pesquisa [1] realizada com 15.000 líderes de 300 organizações de 20 indústrias em 18 países.
  • Ao mesmo tempo, escutar e responder com empatia demonstrou ser um fator crítico no desempenho geral do trabalho.
  • Outras habilidades de interações também demonstraram relação com o desempenho.

[1] Referência: https://www.ddiworld.com/hirezleadership/is-empathy-boss

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