Quem crê também come e bebe Cristo
Martinho Lutero
“Jesus respondeu: Em verdade, em verdade lhes digo que, se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos.” (João 6.53)
O Senhor não vai te deixar na incerteza nem deixar sua alma vagar sem rumo, mas ele quer te manter com esse alimento. Você não deve perder de vista a carne e o sangue, mas mantê-los diante de você, e assim a vida eterna será sua…
Pegue todas as boas obras, também as prescritas nos Dez Mandamentos, como obedecer ao governo, honrar seus pais, abster-se de roubar, adulterar e matar — elas são a carne e sangue de Cristo? Não. Portanto, elas são incapazes de dar vida. Consequentemente, Cristo exclui e rejeita todas elas, individual e coletivamente, e insiste na única coisa que concede vida eterna…
Devemos fazer boas obras e levar uma vida piedosa, mas as boas obras nunca contribuirão para alcançar a vida, escapar da morte ou libertar do pecado. A nossa posição deve concordar com a de Cristo: “A menos que comais a carne do Filho do Homem e bebais o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Você não obterá vida de nenhuma outra maneira.”…
Onde quer que seja proclamada a mensagem de que Cristo entregou o seu corpo à morte e derramou o seu sangue pelos nossos pecados, e onde quer que isto é levado a sério, crido e conservado, ali o corpo de Cristo é comido e o seu sangue é bebido. Este é o verdadeiro sentido de comer e beber. Agui, comer é sinônimo de crer. Quem crê também come e bebe Cristo. Estas palavras não precisam de complemento. Não há espaço para boas obras. Seu sangue, derramado na cruz, não é obra minha, eu não fiz isso. Tampouco seu nascimento de Maria ou sua crucificação nas mãos dos judeus são obra minha. Jesus fala do corpo ou da carne dada para a vida do mundo. O fato dele ter morrido por você — isso ele declara que é o verdadeiro alimento.
- Martinho Lutero, no décimo sexto sermão sobre João 6, que pregou no sábado antes do Domingo de Ramos (01/04/1531).
📖 Sermões acerca do Evangelho de João cap. 6 — 1530–1531 (LW 23,133–135)