#gravidezaos10mata

Pra quem não sabe eu sou bacharel em Teologia também, e não posso deixar de puxar essa discussão para esse âmbito , pois é um aspecto também fundamental para entendermos o que se passa no caso da menina de 10 anos que passou por um procedimento de interrupção de gravidez em decorrência de estupro, que é previsto por lei e que está totalmente dentro da legalidade. O discurso de grupos cristãos contra tal procedimento provém da teologia que santifica a abnegação e o sacrifício dos corpos, principalmente das mulheres. Na cabeça dessas pessoas, está uma teologia que só valoriza uma mulher que morre. Uma mulher que deixa de existir para que a outra exista, e tudo isso tem base na interpretação feita da morte de Jesus. O cristianismo hegemônico acredita que o mesmo se doou, se sacrificou para que todos pudessem ter a vida eterna. A lógica aqui é morrer por uma vida que só existe no mundo das ideias. Jesus foi assassinado. Ele foi um preso político. E não morreu por uma vida abstrata mas por uma vida de justiça que se constrói na terra. Setores progressistas precisam elaborar essa dimensão da forma mais pedagógica possível para que discursos sacrificialistas percam a sua legitimidade. A Jesus foi dada a chance de ressurreição e glória. Às mulheres, até as que o seguiam e o viram primeiro que os homens, só restou o título de loucas!

--

--