Intervalos
Rafael Salgado Ribeiro | email: salgaado@gmail.com
Se você está aprendendo música, alguém já deve ter falado para você estudar intervalo. Mas, afinal, o que é um intervalo? Por que você precisa saber isso?
De uma forma bem básica e genérica, intervalo é a distância entre duas notas.
É um dos “degraus” básicos no estudo da Teoria Musical. Sem saber intervalos, você não saberá formação de acordes e tudo o que vem em seguida. Isso sem contar que, quando você domina a percepção dos intervalos, fica muito mais fácil você tirar um tema, um solo ou outra coisa qualquer de ouvido, e ainda adquire a capacidade de cantar uma partitura a primeira vista, se você tiver uma boa leitura, obviamente.
Começando…
A princípio, gosto de dividir os intervalos em dois grupos (não é a divisão correta, é apenas para fins didáticos): os que fazem parte da escala e os que não. Vamos chama-los apenas de dentro ou fora, de acordo com a escala.
A definição dentro ou fora não é suficiente. Precisamos dizer quão longe uma nota está da outra (duas notas, três notas etc.)
Dessa forma, vamos definir um algoritmo:
- Conte, a partir da primeira nota, qual o intervalo;
- Veja se está dentro ou fora da escala.
Exemplo:
SI — FA#
- Vamos contar a partir do SI. É importante ressaltar aqui que não se leva em consideração os acidentes:
I — SI
II — DO
III — RE
IV — MI
V — FÁ
Nesse caso, observamos que o FA é a quinta nota depois do SI,
portanto, é uma QUINTA.
2. O FA# pertence à escala maior natural de SI?
Aqui basta ver quais são os acidentes da escala maior natural de Si : FA# — DO# — SOL# — RE# — LA#
Como o FA# pertence à escala de B, temos uma QUINTA “DENTRO”
Segundo exemplo:
DO — LAb
- Contando a partir do DO, o LA será a sexta nota
- LA na escala de C é natural, logo LAb é uma SEXTA “FORA”
Dando nome aos bois
Logicamente, chamar o intervalo de dentro ou fora não é o suficiente. Temos a nomenclatura correta:
- Para uma nota “DENTRO”, adotamos o seguinte critério:
Quarta, quinta e oitava são chamadas de justa. Os demais são chamados de maior.
Utilizando nosso exemplo acima, SI — FA# seria uma quinta justa (5J).
2. Para uma nota “FORA”, vai depender do intervalo. Quando um intervalo está meio tom acima da escala, o chamamos de Aumentado. Quando está meio tom abaixo, muda um pouco: os MAIORES viram MENORES e os JUSTOS viram DIMINUTOS. Tabelinha básica (ela sim compensa decorar):
No exemplo que tivemos: DO — LAb:
LAb está meio tom abaixo da escala (igual a escala seria LA natural). Como é uma sexta e está meio tom abaixo da escala, teremos uma sexta menor (6m).
Exemplos
Temos aqui um intervalo de DO — SOL. Se contarmos, veremos que SOL é a quinta de DO e está dentro da escala. Logo temos uma QUINTA JUSTA (5J)!
Agora temos DO — Mib. MI é a terça de DO, porém MIb não está na escala de C, está meio tom abaixo. Temos uma TERÇA MENOR (3m)!
Tente resolver esses outros exercícios (as respostas estão a seguir):
Respostas:
7a Menor | 4a Aumentada | 5a Justa | 5a Diminuta | 6a Aumentada
Intervalos com mais de uma oitava
Quando o intervalo entre duas notas é menor que uma oitava, temos um intervalo simples. Caso contrário temos um Intervalo Composto. Para nomeá-los, basta recomeçar a partir da oitava: a nona segue a mesma regra que a segunda, a décima tem a mesma regra que a terça e por aí vai!
Inversão de intervalos
Tomemos como exemplo o intervalo DO-FA. É uma Quarta Justa (4J). Se invertermos, teremos FA — DO, uma Quinta Justa (5J). Existem maneiras mais rápidas de se pensar em inversão de intervalos que ficar classificando novamente. É básico e pura Matemática. Aliás, até proponho a formula aqui:
Inv = 9 — IntO onde
Inv = Inversão a que se quer chegar
IntO = Intervalo Original
Calma, para quem odeia matemática, vamos por etapas:
Tenho uma terça. Qual será sua inversão?
R: Simples. 9 — 3 = 6. Teremos uma SEXTA.
Viu, eu disse que não era complicado! A partir daí, temos uma regrinha para inverter:
MAIOR <=> MENOR
AUMENTADO <=> DIMINUTO
JUSTO PERMANECE O MESMO
Exemplo: Qual é a inversão de uma Sexta menor (6m)?
1* 9 — 6 = 3. Sabemos que é uma terça
2* Menor vira Maior…Portanto teremos uma TERÇA MAIOR (3M)!
O trítono
Como o próprio nome sugere, é um intervalo de três tons, o mesmo que uma QUARTA AUMENTADA ou uma QUINTA DIMINUTA. E por que ele é importante? Simplesmente porque sem ele uma música não tem tensão repouso. Ele é um intervalo de grande instabilidade. Essa instabilidade faz com que a música fique “esperando” por uma conclusão. Toque isso em seu instrumento e perceba:
O FA “pede” para que venha um MI logo em seguida, assim como o SI faz com o DO. Dessa forma sentimos um “ponto final” na música. O Trítono está presente em toda música Tonal, servindo sempre como criador de tensão, para então ser resolvida. Ele é o responsável por dizer que aquela frase musical acabou.
Concluindo
Bem, acho que deu pra perceber que é bem mais simples do que parece ser, não? Então treine, treine bastante, até ficar tranquilo nesse assunto!
E lembre-se: esse texto é livre! Você pode utilizá-lo à vontade, desde que cite o autor, exceto para fins comerciais. Bons estudos!