A inserção de figuras LGBTQIA+ em séries e os Estudos de Recepção: uma análise de Modern Family e a aceitação de pessoas queer na sociedade

Adriane Rocha
teorias-comunicacao
3 min readNov 1, 2021
Séries LGBTQIA+ e a representatividade no audiovisual

A representatividade LGBTQIA+ no audiovisual tem crescido significativamente, em especial nos serviços de streaming como a Amazon, Netflix, Telecine e HBO. O movimento queer tomou forma após um longo período de repressão e cerceamento do que/de quem não era cis-gênero e heterossexual.

Devido ao próspero crescimento midiático, reconhecido pela comunidade, é comum que os assuntos e questões abordados nas séries também se tornem palco das rodas de conversa e interações sociais. Você sabia que a inserção de personagens da comunidade LGBTQIA+ é uma forte conquista para o movimento? Pois é! Uau. O audiovisual é parte integrante da indústria e coopera na povoação do mundo com histórias e arte.

Bandeira LGBTQIA+ (engloba pessoas que são lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e mais).

Entre as teorias da comunicação, os estudos de recepção consistem, essencialmente, em analisar como o público e/ou telespectador recebe uma mensagem. Os estudos de recepção foram um dos precursores em compreender os telespectadores como ativos no processo comunicativo, que o público interpreta o que lhe é posto a partir de experiências individuais e culturais, substancialmente com aquilo que se tem simpatia ou identificação. Você pode se questionar: mas o que isso significa? Que tudo depende do meio em que se está inserido.

Rita em 5 minutos: LGBTQIA+
Personagens da série estadunidense Modern Family.

Séries televisivas são obras que contam uma história em vários episódios, e a duração de cada um é definida levando em consideração qual serviço ou plataforma de streaming irá disponibilizar o produto, portanto, de fácil acesso.

Modern Family é uma sitcom que conta a história da família Pritchett, composta por núcleos diferentes: Jay Pritchett, Claire Dunphy (filha de Jay e heteronormativa) e Mitchell Pritchett (filho de Jay e personagem homossexual). Mitchell é casado com Cameron Tucker e moram com a filha adotiva deles. O foco da série são as relações familiares e é claro que o casal Mitchell e Cameron chamam atenção e marcam o audiovisual com seu carisma e representatividade. A comunidade LGBTQIA+ se identifica com essa temática e, por isso, recebe a série de maneira positiva. Aliás, até mesmo pessoas heteronormativas, que após terem contato com produções que popularizam personagens queer, tendem a receber de uma forma que gere reflexão.

Cameron (esquerda) e Mitchell (direita) em seu casamento.

Há 10 anos, o Brasil reconheceu o casamento homoafetivo. E verdade seja dita, apesar de tardio, a decisão foi um grande progresso para a igualdade de direitos. Mitchell e Cameron são personagens muito diferentes um do outro, mas que se amam. E juntos, uma vez que após a legislação norte-americana aprovar a união homoafetiva no país, há o casamento dos personagens.

Os estudos de recepção nos mostram como é importante o processo de desconstrução do telespectador como agente passivo, mas é claro que a mensagem passa por modificações devido a experiência individual e cultural de quem está recebendo. Epa! Mas pera: Isso significa que a reação do público será exclusivamente positiva? É claro que não! O telespectador é um agente capaz, segundo a teoria, de definir a partir de valores culturais como irá receber a mensagem transmitida. Em vista disso, o legal é que as temáticas LGBTQIA+ tomem cada vez mais espaço dentro do conteúdo midiático e das produções audiovisuais.

Autoras: Adriane Rocha e Lorena Lemos.

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