A manipulação das massas pela Indústria Cultural: compreendendo o fenômeno através da teoria crítica

Raíssa Barros
teorias-comunicacao
4 min readNov 20, 2018

Você já parou para pensar que tudo o que vê e escuta é controlado por algo? Esse é exatamente o papel da Indústria Cultural. A euforia incessante por grupos, bandas e cantores que vivem do outro lado do mundo é só mais um processo de criação dessa Indústria Cultural, a qual se apropria da cultura e da arte, transformando tudo em produto. Este fenômeno foi analisado pela teoria crítica como uma forma de doutrina das massas, a qual leva as pessoas a consumirem e realizarem o que acreditam ser desejos e satisfações pessoais. Essa sensação faz com que as pessoas sintam a necessidade de ficar cada vez mais ligadas ao que é imposto a elas. Isso inclui músicas populares, as canções do momento, que atingem de forma geral a sociedade, em que a indústria cultural transmite mensagens como: “consuma e fique sempre por dentro’’. Para que isso aconteça, a Indústria precisa acertar o seu público em uma condição precisa, de forma que atinja uma grande quantidade de pessoas por essas músicas.

Segundo a teoria cítica, este controle desloca o pensamento crítico e cria uma ilusão de liberdade, fazendo o indivíduo acreditar que tem controle e autonomia sobre as suas escolhas. Atingindo esses públicos, fica mais fácil de captar os gostos e definir os próximos passos a serem realizados, uma vez que é possível saber o que as pessoas irão gostar e consumir. Quanto maior o senso crítico de uma pessoa, mais difícil fica de ser atingida por essa Indústria, pois seus gostos e consciência são formados a partir de análises e julgamentos.

Nos últimos tempos investiu-se em gêneros musicais com estudos do comportamento humano, criando padrões de divergências que no fim acabam por se tornarem iguais. É possível analisar e perceber que em cada década um estilo ganha destaque. Nos anos 70 e 80 o rock e suas variações se tornam populares, na década de 90 o grunge destaca-se e na primeira década de 2000 o hip hop estadunidense entra em notoriedade. Da segunda década em diante tem-se a música eletrônica pop, dance e pop.

Em uma forma de análise, a Indústria Cultural se faz presente quando um artista que tem um estilo como sua natureza acaba moldando-se em diferentes gêneros musicais que não condizem com sua identidade, a fim de ficar em evidência na indústria da música. Por exemplo, a cantora Anitta inicialmente tinha seu nome como Mc Anitta, voltando suas músicas ao gênero funk, e por consequência, atingia um público pequeno. Com o tempo o Mc já não existia, e seu estilo começou a se direcionar para vários ritmos e gêneros, utilizando diversos atributos internacionais, como as características das divas do pop. No projeto ‘’Check Mate’’, Anitta evidencia esse lado da Indústria Cultural lançando o primeiro single intitulado ‘’Will I See You’’, tendo uma mistura de Bossa Nova com tradicional pop. Logo em seguida, lança o seu segundo single em parceria com Dj sueco Alesso ‘’Is That for Me’’, realizado na Amazônia. Depois o terceiro single ‘’Downtown’’ com o cantor colombiano J Balvin, focado no reggaeton e com o título em inglês, mas cantada em espanhol. Por fim, o último intitulado ‘’Vai Malandra’’ com uma mistura de letras em português e inglês, uma pegada funk com rap americano, querendo talvez atingir um público bem maior do que possui.

Além da questão musical, é perceptível que a cantora fez uma mudança visual e estética, talvez para uma certa adequação e aceitação de um público mais heterogêneo.

MC Anitta — Fica só olhando
Anitta — Will I See You

É importante enfatizar que toda essa mudança é feita apenas para atender os interesses do capitalismo, sem levar em conta a sua originalidade e qualidade. Aí fica um questionamento: as pessoas realmente gostam do que estão consumindo ou estão constantemente sendo induzidas?

Autoras:

Anna Esther Oliveira dos Santos e Raíssa Barros Matos

2° Período de Comunicação Social — Relações Públicas

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