A teoria crítica e a animação Wall-e.

Ana Carolina Dias
teorias-comunicacao
4 min readDec 13, 2019

Por que consumimos até o que não precisamos? Por que o celular que você comprou nesse ano não tem mais a mesma funcionalidade de antes? Por que o Youtube passou a te dar dor de cabeça com tantos comerciais? Por que ano após ano, inúmeros carros saem de linha no mercado? Isso é explicado por uma falsa necessidade de consumo, na qual compramos para alcançar o bem-estar. Vemos claramente a alienação na televisão onde somos incentivados cada vez mais pelas mídias de massa a consumir, comprar e também ficar cada vez mais ligados a essas marcas.

A teoria crítica da sociedade, que é ligada ao grupo de filósofos da Escola de Frankfurt, surgiu em 1924, no âmbito da sociologia alemã. Sua primeira geração foi composta por um grupo de intelectuais alemães de esquerda, entre os quais figuraram como principais participantes, Max Hokrheimer e Theodor Adorno. Essa teoria tem como objetivo discutir e esclarecer a influência das mídias sobre a sociedade e sobre o cotidiano de cada indivíduo. A cultura é entendida como elemento de transformação dessa sociedade, e para entendermos como a cultura, e mais precisamente a mídia, influenciam nessa transformação, precisamos entender alguns conceitos prévios.

Inicialmente, é de extrema importância entender do que se trata o tão comentado termo “Indústria Cultural”. A expressão surge na própria Escola de Frankfurt para dar significado a cultura que é nascida e massificada nas grandes massas. A indústria cultural trabalha com o objetivo de fazer com que os indivíduos estejam de acordo com o que ela deseja ou necessita, o que acaba impedindo a formação de pessoas independentes e autônomas e tornando-as incapazes de julgar ou decidir conscientemente. O consumidor possui uma falsa ilusão de que a indústria se renova e atualiza constantemente, quando na verdade ela permanece sempre igual. A manipulação ocorre de maneira fácil, visto que a população, de modo geral, quer que tudo seja cômodo, para que tenham as menores preocupações possíveis, o que acaba tornando-as alvo por todas as mídias. A teoria também tem como um dos seus objetivos o desenvolvimento de uma série de conceitos relacionados aos problemas sociais e a interpretação de acontecimentos, com a pretensão de transformar o mundo.

Um filme que nos traz a tona essa realidade é Wall-E, da Disney. A animação americana produzida em 2008 pela Pixar, segue um robô chamado WALL-E, criado no ano de 2100 para limpar a Terra. Ele se apaixona por um outro robô, chamado EVA, que tem a missão de encontrar pelo menos uma planta na superfície do planeta Terra. O caso estampado em Wall-E é um exemplo que ilustra os argumentos da teoria crítica sobre a indústria cultural, pois tudo que aconteceu com a Terra em que eles habitam naquele momento foi causado pela incansável necessidade de consumo que foi criada para a nossa sociedade.

No tempo do filme, em 2805, a Terra é um planeta abandonado e coberto por lixo, o que foi resultado de séculos e décadas de consumismo em massa, que foi totalmente impulsionado pela “BuyNLarge” (BNL), empresa fictícia do filme que é usada para deter o posto de megacorporação que destruiu tudo. A BNL aparece nesse filme como uma representação da Indústria Cultural, que nos princípios aparecia como a empresa que produzia a todo momento coisas que os humanos precisavam adquirir, mas ao desistir de restaurar o ecossistema, a BNL evacuou a Terra, levando a população a viver no espaço em uma nave estelar chamada Axiom.

Queiramos ou não, caminhamos há passos curtos (ou largos) para essa realidade mostrada no filme. A mídia, atualmente, tenta repetidamente nos doutrinar com o objetivo de estímulo ao consumo e se não nos atentarmos ao que é dito por Theodor Adorno: “As pessoas não percebem o quanto não são livres lá onde mais livres elas se sentem, porque a regra de tal ausência de liberdade foi abstraída delas”, estaremos destinados ao completo caos.

Com isso, vemos que a teoria crítica mostra o quanto a mídia tem o grande poder de nos influenciar e nos fazer ter essa necessidade de consumir, mesmo q não seja necessário. Quanto mais o tempo passa, essa influência se torna maior, agindo diretamente na nossa rotina. Por mais que a teoria seja antiga, ela se encaixa muito bem nos dias atuais, visto que com o avanço da tecnologia, é muito mais forte o poder de influenciar o indivíduo a consumir, e como foi dito no parágrafo anterior, temos que nos atentar para que esse consumismo não nos leve ao caos.

Autores: Ana Carolina e Luan Tavares.

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