A Teoria do Gatekeeper e Newsmaking na produção de Notícias online.

Jade Coelho
teorias-comunicacao
4 min readNov 21, 2019

Na era da informação somos bombardeados por diversas notícias diariamente. Oque antes era noticiado nos meios tradicionais com o avanço da Internet ganhou destaque no ciberespaço, os meios de comunicação começaram a exibir seus conteúdos online e o cidadão surge com voz ativa, o chamado Jornalismo cidadão.

Mas você já se perguntou qual a origem dessas notícias e quem as seleciona ? Quais critérios são adotados e as consequências da inserção do mundo virtual e do cidadão no novo modo de se produzir notícias ?

Cada informação percorre um longo caminho desde a sua seleção até sua publicação. As teorias do Newsmaking e Gatekeeper buscam explicar como ocorre esse processo.

A teoria do Newsmaking avalia a superabundância de informações através de critérios como : valor notícia, grau de noticiabilidade e sistematização do trabalho jornalístico, por meio dessa avaliação é possível entender como ocorre a organização do trabalho e seus processos. Em outras palavras, o Newsmaking avalia o grau de noticiabilidade de um evento. Quanto mais inédito e diferente for o ocorrido, maior será sua chance de ser transformada em notícia.

O Gatekeeper será o responsável pela seleção dessas notícias, ele será o "Guardião do Portão ”, decidindo o que será publicado ou rejeitado.
A teoria de Gatekeeper foi testada por David Manning White em 1950, por meio de uma pesquisa com um jornalista de meia-idade o " Mr. Gates", foi notável que as decisões do jornalista eram baseadas em uma série de experiências, atitudes e expectativas do Gatekeeper. White descobriu ainda que muitas das informações eram rejeitadas pela falta de espaço ou pelo fato de ter pouca importância.

Com a existência da Web 2.0, termo usado para designar uma segunda geração de comunidades e serviços oferecidos na internet, não somente o modo como as pessoas consumiam notícia mudou, mas problemas como a falta de espaço, citado por White, obtiveram soluções com o amplo espaço e facilidade oferecido pela Internet. No entanto, se antes existia uma superabundância de informações e pouco espaço para publicá-las, começa então a existir uma superabundância de notícias espalhadas na rede, e o papel do Gatekeeper, que antes era exclusivo dos jornalistas, passa a ser compartilhada com os usuários, chamados agora de Gatewatching, responsáveis por selecionar quais matérias existentes na rede deverão ser compartilhados com amigos e seguidores.

O caso do Facebook é interessante para compreendermos a questão levantada pelo Gatekeeper. Para Mark Zuckerberg, co-fundador e chefe-executivo do Facebook, a preocupação agora está na situação que a Internet trouxe para o modelo da indústria de notícias.

"Quando os anúncios passaram a migrar de jornais impressos para websites, a dinâmica econômica do setor de notícias mudou. Alguns efeitos foram positivos. Os serviços de internet deram aos veículos de notícias formas para alcançar novas audiências, e pesquisas indicam que pessoas que se informam através de redes sociais estão expostas a uma gama mais ampla de pontos de vista."

Zuckerberg salienta também a preocupação com as fake news e reafirma que o Facebook trabalhará para apoiar notícias de qualidade no combate à desinformação.

“Pela primeira vez, haverá um espaço no aplicativo do Facebook dedicado apenas a notícias de alta qualidade. Como as pessoas ainda são melhores em escolher o que é mais importante e quais são as histórias com mais qualidade, as principais notícias no Facebook News serão curadas por um time diverso e experiente de jornalistas.”

A preocupação do Co-fundador do Facebook é válida, visto que a rede social foi utilizada como canal de notícias falsas nas eleições dos EUA.

O atual Presidente do Estados Unidos, Donald Trump, do Partido Republicano, que estava na corrida eleitoral contra Hillary Clinton, do Partido Democrata, se viu contra as principais mídias tradicionais e mesmo sem o apoio da grande mídia conseguiu se eleger presidente. Isso só foi possível porque, ao contrário das grandes mídias tradicionais, as redes sociais não contavam com um Gatekeeper para selecionar as notícias, nem com critérios de noticiabilidade que determinassem se tal fato era ou não verídico e merecia se tornar notícia. Dessa forma, o que chegava aos internautas era aquilo que outros usuários do seu círculo social compartilhavam e julgavam ser verídico, criando uma bolha de disseminação de fake news.

É perceptível que mesmo com o avanço da Internet e as mudanças no modo de se produzir notícias o trabalho do Gatekeeper e os critérios de noticiabilidade do Newsmaking se fazem necessários nos meios de disseminação de noticias, para que casos como os que ocorreram na Eleição dos Estados Unidos não se repitam tornando a Internet uma rede de notícias falsas.

Referências :

BBC News. Como o Facebook pode ter ajudado Trump a ganhar eleição. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-37961917> Acesso em novembro de 2019.

UOL. Facebook pode ter ajudado o negócio de notícias. Disponível em <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2019/10/25/facebook-pode-ajudar-o-negocio-de-noticias.htm.> Acesso em Novembro de 2019.

MEDIA EFFECTS : ensaios sobre
teorias da Comunicação e do Jornalismo. Gilson Pôrto Jr.; Nelson Russo de Moraes; Daniela Barbosa de Oliveira; Vilso Junior Santi; Leila Adriana Baptaglin (Orgs.)

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