A Teoria Hipodérmica e O Grande Ditador (1940)

Gean Xavier
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3 min readNov 21, 2021
Hitler discursa na sacada do Palácio de Hofburg, em 1938. Foto: Deutsche Welle.

A ascensão de regimes totalitários na Europa e a evolução tecnológica do começo do séc. XX levou à necessidade de estudos que analisassem os processos comunicativos em massa naquela época. A primeira teoria foi descrita por Harold Lasswell e é chamada de Teoria Hipodérmica, que compartilhava das bases do Behavorismo e do comportamento condicionado, ambas da área de psicologia.

Para entender a teoria hipodérmica, primeiro temos que falar de um conceito importante: Segundo Mauro Wolf, a massa é um grupo homogêneo de pessoas que são aparentemente iguais, mas provém de grupos sociais diferentes, envolvendo indivíduos isolados, anônimos e atomizados. Isso faria desses indivíduos unidades passivas e indefesas diante da comunicação, sendo influenciáveis pelo conteúdo da mensagem.

Bem como a Teoria da Bala Mágica, ela se apoiava no preceito de estímulo-resposta do Behavorismo: a mensagem (estímulo) era transmitida e causava algum tipo de reação (resposta) no receptor (indivíduo atomizado), provocando um efeito extremamente eficaz na opinião do público. Claro que a teoria não levava em consideração fatores como influências sociais e psicológicas no receptor, que poderiam provocar uma resposta indesejável (ou não-ideal).

Charles Chaplin atuando no filme O Grande Ditador (1940). Créditos: United Artists.

A caricatura de Adolf Hitler, interpretado por Charlie Chaplin na Tomânia de O Grande Ditador, pede para que o comportamento de suas tropas sejam menos agressivas com a comunidade judia da região, enquanto um empréstimo está em processo de negociação com um banqueiro também judeu, o que se percebe na vizinhança do barbeiro protagonista é uma postura mais conciliadora, fazendo até com que o povo que estava sendo vítima da opressão naquele local passasse a adotar a imagem daquele mesmo líder que estava os atormentando como alguém a ser admirado. Foi o que o barbeiro também interpretado por Chaplin quase faz, quando fora interrompido pela voz de Adenoid Hynkel, anunciando o retorno do comportamento hostil de outrora, desta vez ainda mais severo, por sinal.

A trama se encaminha para o monólogo final, onde o barbeiro que havia começado a narrativa como um atrapalhado soldado na Primeira Guerra Mundial, precisa discursar para os fiéis seguidores daqueles que o confundiram com o real fascista. O discurso, além de emblemático, dado o momento caótico em que o filme foi lançado, traz uma frase importante de ser destacada para o tema: “Soldados, não se entreguem a esses homens cruéis. Homens que desprezam e escravizam vocês, que querem reger suas vidas, e te dizer o que pensar, o que falar e o que sentir, que treinam vocês e tratam com desprezo para depois serem sacrificados na guerra. Não se entreguem a esses homens artificiais”.

Escrito por: Geandrey Xavier e Karlos Sena.

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