Pedro Lucas Santos
teorias-comunicacao
4 min readJun 13, 2023

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Posters da sétima temporada de “American Horror Story: Cult”. Fonte: Entertainment Weekly.

Manipulação da Mídia e Paranoia: Explorando as Teorias do Gatekeeper e Newsmaking em “American Horror Story: Cult”

Criada e produzida por Ryan Murphy e Brad Falchuk, a série “American Horror Story”, apresentando uma trama única em cada temporada com um elenco e enredo próprios, em que frequentemente os atores retornam para interpretar novos personagens. Em meio às eleições de Hillary e Trump em novembro de 2016, a sétima temporada, intitulada ‘Cult’ (no Brasil conhecida como ‘Culto ao Medo’), aborda o tema do horror político e psicológico, investigando os aspectos da manipulação, medo, paranoia e poder da mídia.

Membros do Culto de Kai Anderson. Fonte: Entertainment Weekly.

A série gira em torno de três personagens principais: Ally Mayfair-Richards (Sarah Paulson), Ivy Mayfair-Richards (Alison Pill) e Kai Anderson (Evan Peters), no decorrer da série. Kai se mostra um verdadeiro maníaco, compulsivo por controle e extremamente egocêntrico jovem cheio de ideologias. Com isso, ele começa a alienar e organizar um culto macabro em que o objetivo seria o de instigar o medo e coagir as pessoas na busca de uma “limpeza” das impurezas (homossexualidade, pessoas pretas e gordas, tudo o que viria a ser heteróclito). Na Teoria do Gatekeeper, acredita-se que o processo da informação se dá a partir de escolhas, no qual as notícias precisam passar pelos “gates” (portões) antes de serem publicadas, que era o que o culto de Kai fazia, realizando torturas físicas e psicológicas, filmando seus atos de violências. Assim ele decidia o que dessas mídias produzidas pelo culto seria mostrado ao povo da região como uma forma de coerção, filtrando e publicando nas mídias sociais, como o twitter. Com o medo, ele tentava convencer a população a partir dos acontecimentos, a elegerem ele para um cargo político, na tentativa de ganhar seguidores e obter controle sobre a sociedade.

Kai Anderson e seu culto. Fonte: Google Imagens.

Com isso, é perceptível identificar os principais elementos que conduziram a trama da temporada, sendo as propagandas políticas enganosas e as Fake News contra a candidata Hillary Clinton, o que acabou levando à sua derrota para o seu oponente Donald Trump. Explorando de forma indireta o conceito de Newsmaking, que é uma teoria que refere-se ao modo da construção das notícias e a influência que os veículos de comunicação têm na formação da opinião pública. Acompanhamos as conquistas de Kai, por meio da manipulação da mídia e com a percepção de sensacionalismo que pode ser usado para moldar a percepção pública e gerar pânico na população. Ally Mayfair-Richards, torna-se então o exemplo do que esses canais de comunicação podem fazer dentro da sociedade, amplificando as fobias e ansiedades da personagem, através da imprensa desenfreada e pelos líderes do cultismo. Os resultados das eleições de Trump, trazem à tona para Ally e sua esposa, Ivy Mayfair-Richards, a preocupação com a possível descriminação que poderá ocorrer com tal resultado. Afetando mais ainda os medos de Ally, com a mudança de Kai para sua vizinhança, e também com os casos e violências dentro de sua cidade.

Ally e Ivy Mayfair-Richards. Fonte: Google Imagens

Sendo assim, a temporada inteira apresenta um olhar crítico a respeito da política, da manipulação dos meios de comunicação de massa para a promoção de um político, sem pensar nos pontos negativos que essa manipulação acarreta a essas massas a curto e a longo prazo. Abordando também sobre como os meios de comunicação são manipulados de maneira extremamente maliciosa, podem afetar direta e indiretamente todo um estado e sua população. Kai e seu culto possuem influência sobre o fluxo de informações por meio da Teoria do Gatekeeper, filtrando e coagindo a população através de torturas físicas e psicológicas. Demonstrando como os meios de comunicação podem influenciar a opinião pública e gerar medo, como um exemplo claro do conceito de Newsmaking, a personagem de Ally e Ivy representa a sociedade afetada lidando com seus medos e discriminação. Na era da informação, é essencial estar consciente do poder da manipulação e da necessidade de discernimento, como nos é apontado.

AUTORES: Pedro G. Barbosa & Pedro L. Santos &

REFERÊNCIAS:

  • CANTANHEDE, Ytalo Silva; ZANFORLIN, Sofia Cavalcanti. As definições do Newsmaking: Um estudo bibliográfico sobre as perspectivas do conceito. Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação, São Paulo, v. 16, n. 01, jan-jun de 2020.
  • FARIA, Giovanna Menezes; SANTOS, Ketlin Cristine de Mattos; PERES, Thayná Santos. Aplicação prática da teoria do Gatekeeper. EVINCI: Caderno de Resumos — Apresentação de Painel, Paraná, v. 1 n. 3, 2015.
  • [S.A.]. RESENHA: American Horror Story — CULT (2017). INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA, 2020. Disponível em: <https://internacionaldaamazonia.com/2020/10/17/resenha-american-horror-story-cult-2017/>
  • HADDEFINIR, Henrique. American Horror Story: Cult | Crítica. Omelete, 2018. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/series-tv/criticas/american-horror-story-cult-critica>

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