O Abutre : se tem sangue, é notícia.

Jade Coelho
teorias-comunicacao
2 min readDec 12, 2019

Que os meios de comunicação sempre fizeram da busca por audiência um vale tudo não é novidade para ninguém, mas até onde vai essa busca por notícias e quais são seus limites?

No filme O Abutre ( 2014 ) dirigido por Dan Gilbroy, essa obsessão por notícias é elevada ao nível doentio, Louis Bloom, interpretado por Jake Gyllenhaal é um jovem de Los Angeles que sobrevive por meio de pequenos golpes e ver em um acidente a oportunidade de mudar de vida.

Diante de uma colisão de carros, entre o caos da polícia e socorristas, Louis concentra toda a sua atenção para apenas um determinado ponto: registrar cada momento para revender as imagens ao noticiário, afinal, catástrofes sempre rendem audiência.

Louis Bloom não vê limites na sua nova vida de cameraman. Sem a menor ética ele passa a adentrar em áreas não permitidas, desde escutar frequências da polícia na busca incessante por acidentes e crimes à invasões domiciliares até mesmo alterar cenas de crimes. Para Bloom não há limites na busca por notícias.

Mas não é apenas Louis que deixa de lado a ética e os princípios profissionais, para que todo o material produzido por ele seja exibido nos noticiários. É necessário que alguém as selecione para exibição. Essa pessoa é Nina (Rene Russo), diretora do programa, que sem nenhum princípio moral ou ética exibe imagens de pessoas recém-assassinadas, entre outros casos absurdos no qual o sensacionalismo era o principal meio de atrair cada vez mais público.

O que se torna perceptível é que Louis Bloom usa e abusa dos critérios de noticiabilidade citados na Teoria de Newsmaking, para ele não basta a notícia ser inédita e diferente, tem que conter os mínimos detalhes, até os mais sórdidos. E Nina, que seria a responsável por decidir sobre o que iria ao ar ou não, exercendo o papel de Gatekeeper, confirma a teoria de David Manning White quando toma suas decisões baseadas em experiências e expectativas pessoais.

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