O estudo dos meios: McLuhan e a Escola de Toronto

Lyandra Cordeiro
teorias-comunicacao
3 min readOct 29, 2017

Até a metade do século 20, muitos teóricos da comunicação se preocupavam com a fórmula emissor-mensagem-receptor e os efeitos provocados por esta combinação, não dando a importância devida ao meio, que ainda era tratado somente como canal de comunicação, com funções específicas e pouca influência sobre as informações transmitidas. Mas essa percepção seria ultrapassada.

Em Toronto, no Canadá, Harold Innis e Marshall McLuhan percebiam os meios não apenas como estruturas técnicas de transmissão de mensagens, mas como influenciadores diretos, sendo responsáveis pela produção, controle e disseminação da informação.

Se pensar, por exemplo, na Revolução Escrita, percebe-se que o meio de comunicação altera também a sociedade como um todo, sendo impossível esse ser observado apenas de maneira funcional. A cultura e a mente humana mudam de acordo com o meio vigente.

E quando se fala de uma mudança da mente humana, se fala nos sentidos de uma forma geral, que podem ser aguçados e potencializados. Quanto mais o homem exige informações, mais o meio exige do homem fisicamente. É por essa conexão que os meios se transformam na extensão do próprio corpo humano.

McLuhan tentou entender principalmente os efeitos causados pelos meios eletrônicos e percebeu que na Era da Eletricidade, além da quebra das barreiras de espaço e de tempo, a conexão constante do homem com esses meios o fez externar o seu próprio sistema nervoso, como uma exigência do próprio meio e da nossa cultura atual.

Perceba que McLuhan escreveu sobre isso em 1964, e é impressionante o quanto os seus estudos se inserem perfeitamente no cenário atual. A criação da world wide web nos anos 90 fez as sociedades se tornarem “onlines”, confirmando parte dos pressupostos da Teoria dos Meios.

Os meios como forma de extensão do ser humano no contexto atual

Quanto mais o avanço da tecnologia, mais o ser humano se torna exigente com a praticidade e a facilidade que esses meios trazem diante das situações do dia a dia, e cada vez mais os aproxima da sua própria realidade. Podendo ser categorizada tanto como meio de comunicação em massa ou individual, a internet possibilita o ser humano conexão com pessoas de todo o mundo a partir de uma mídia totalmente interativa, explorando conhecimentos através das ferramentas de pesquisas.

Além disso, outros meios de comunicação, atualmente, buscam estar mais atrelados a internet, pois acaba por parecer ser mais amplo e é o que anda mais acessível nos dias de hoje. A internet não conectou só as pessoas, e sim os próprios meios de comunicação.

Quando McLuhan refere-se aos meios como extensão do corpo de um ser humano, ele aponta para os processos que configuram parte da realidade da pessoa assim que ela aceita e o abraça pra si mesma. Mas, talvez, as coisas tenham ido até um pouco mais longe.

Hoje os meios de comunicação podem ir além de somente extensão, tornando-se a própria dependência para o ser humano que os criou. Quer fazer um teste? Olhe ao seu redor, no seu núcleo, observe seu cotidiano, e perceberá que as pessoas estão o tempo inteiro com seus aparelhos ligados, conectados em algum canto.

Muitas pessoas quando falam que o seu celular está descarregado, costumam dizer: “estou sem bateria”, como se o aparelho fizesse parte do próprio corpo humano. E perceba que o celular no caso é o que possui internet, sendo até engraçado pensar que celulares até pouco tempo atrás serviam apenas para ligações.

Compreender que os meios são uma extensão dos humanos é avaliar também como usá-los de forma moderada, conhecê-los e saber até que ponto podem ser positivos ou não quando configurados para a nossa realidade. Saber distinguir e então moderar o seu uso.

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Lyandra Cordeiro
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“The peace of wild things”. Public Relations | 20 | Pisces