"O Lobo de Wall Street": ambição e persuasão

Alvacir Júnior
teorias-comunicacao
4 min readOct 14, 2017

Um filme do brilhante diretor Martin Scorsese, lançado em 2013 que retrata a história de Jordan Belfort, interpretado por Leonardo Dicaprio. O personagem, cuja ambição e persuasão o transforma em um dos mais polêmicos e midiáticos corretores da bolsa de Nova Iorque. O filme é longo e se você acha que vai ser uma mera produção de 1 hora e meia está enganado. São 3 horas de filme.

O longa-metragem conta a vida de Jordan Belfort e como ele se tornou um dos maiores corretores da bolsa de valores. Durante seis meses, ele trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, na qual seu mentor, Mark Hanna (Matthew McConaughey), o ensina como funciona o mercado e a venda de ações. Quando finalmente Jordan consegue ser contratado como corretor, acontece o Black Monday, evento em que bolsas de valores de vários países despencaram repentinamente e levaram as ações por água abaixo, causando o fechamento de muitas empresas.

Sem emprego, mas com grande ambição e experiência, ele acaba por trabalhar em uma empresa de fundos. Como as ações são de baixo valor, o retorno para o corretor se torna bem mais vantajoso. Já com uma ideia em mente e toda sua “lábia” para vendas, Belfort decide montar sua própria empresa a "Startton Oakmont" que utiliza para vender ações com o propósito de enriquecer a todos rapidamente.

Você deve estar pensando: Como as pessoas aceitam essa ideia e compram estas ações? Simples, a “velha” e “boa” persuasão. Estudando como ela é transmitida e recebida pelos outros, conseguem convencer a massa e como usá-la para conseguir mais e mais.

Levando em conta duas teorias da comunicação (empírica experimental e dos efeitos limitados de campo) podemos perceber na narrativa do filme um mecanismo de estímulo e resposta, mas também o poder de influência entre o protagonista e os demais personagens que passa por vários filtros de caráter social do indivíduo, antes de ser absorvido pelo mesmo, seja ele quem for.

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As Abordagens empírico-experimental e limitada de campo

O filme de Scorsese mostra muito bem como funcionam as duas abordagens das teorias da comunicação, pelo fato de a persuasão ser o foco, sendo posta em destaque e experimento.

As duas abordagens que tratam dos meios de comunicação, surgiram no fim da 2°Guerra Mundial e início da Guerra Fria nos EUA. Numa época em que a mídia teve papel importantíssimo na propagação dos ideais das potências e seus líderes.

A abordagem empírico-experimental estuda o efeito persuasivo entre emissor, mensagem e receptor, procurando entender a persuasão em determinados casos através das reações dos receptores ao interpretar a mensagem. Já a abordagem dos efeitos limitados de campo, analisa os meios de comunicação como um dos fatores contextuais capazes de exercer influência sobre as pessoas, família, círculo social e política.

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Não é tão simples fazer com que essas técnicas deem certo, é preciso aplicar uma ferramenta de Relações Públicas: A comunicação dirigida. Para obter resultados significativos no trabalho da persuasão é preciso construir uma complexa estratégia projetada para identificar os públicos que teriam interesse na mensagem, ou melhor, aqueles que seriam impactados por ela.

Ou seja, a seleção de receptores é feita minuciosamente dividindo-os em grupos organizados por interesses em comum. O principal fator trabalhado é o sentimento, já que a questão psicológica dos membros pertencentes aos grupos de interesse e interfere no recebimento da mensagem. A informação a ser repassada deve ter um reconhecimento familiar por parte do grupo é bem mais fácil o recebimento de algo que já se tem conhecimento prévio. Entre outras ferramentas, os efeitos primacy e recency servem para dar mais ênfase à ideia da mensagem. Explicando de forma mais clara: deixar as palavras certas pairando na cabeça das pessoas.

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Essas abordagens foram desenvolvidas por nomes como Carl Hovland e Harold Lasswell e suas pesquisas comprovaram o enorme poder que a persuasão e a influência podem exercer sobre os públicos e grupos de interesse.

Se você ficou curioso em saber como Jordan Belfort construiu um império a sua volta com mansões, mulheres, joias e muita grana usando ferramentas valiosas de comunicação, fica um convite para assistir a obra de Martin Scorsese.

Por Alvacir Júnior e Ane.

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