O Show de Truman: um show de teorias

Clara Gonçalves
teorias-comunicacao
3 min readDec 13, 2019

O filme “O Show de Truman” conta a história de Truman Burbank (Jim Carrey), um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.

Analisando o filme “O show de Truman” é possível observar diversos fatores que se encaixam nas teorias de Agenda-setting, Framing e Espiral do Silêncio.

O programa é televisionado desde que Truman nasceu, há 30 anos, 24 horas por dia, sem interrupções, o que causa aos seus telespectadores uma relação de dependência. Essa dependência causa à eles a necessidade de comentar cada ação que acontece no show, fazendo com que os produtores tenham a capacidade de controlar os assuntos abordados nas rodas de conversas, como é possível observar nas cenas do bar, em que todas as pessoas estão comentando sobre o programa. Nesse caso, a Agenda-setting se aplica muito bem.

O Framing se torna perceptível na metade do filme, quando o personagem principal, Truman, “foge” e os produtores do programa decidem interromper a programação para que as pessoas não saibam de todos os problemas que estão acontecendo. Devido ao seu programa permanecer no ar 24 horas por dia durante exatos de 30 anos, quando há essa interrupção na programação ocorre o caos por parte dos telespectadores, pois nunca se depararam com tal acontecimento.

Em outros trechos durante o filme são mostradas algumas pessoas que poderiam oferecer riscos para a integridade e veracidade do show em relação à Truman, as mesmas eram retiradas do local para que não comprometessem o show, mas uma figurante em especifico chama a atenção: Lauren. Não apenas por ela ser o grande amor de Truman, mas pela representação que ela tem. Lauren tenta diversas vezes avisar Truman sobre tudo o que está acontecendo, entretanto é impossibilitada de dizer pois logo é retirada do show e silenciada pela produção. No final do filme ela novamente se manifesta, argumentando como tudo aquilo era cruel. Porém, Lauren não é levada a sério, mais uma vez. É dessa forma que a Espiral do Silêncio funciona e se faz presente no filme: calando a minoria, considerada mais “fraca”, e dando como verdade ao público apenas os argumentos da grande maioria, que possui o poder, no caso do filme, do produtor do show, Christof.

É possível relacionarmos o filme com tantas outras teorias e, apesar de ser um filme de mais de 20 anos, se faz muito recente devido ao tema que é abordado e críticas feitas à sociedade de consumo, com um humor inteligente e que te faz refletir conforme o desenrolar da trama.

Referências:

Filme disponível em: Amazon Prime Video

Sinopse disponível em: AdoroCinema

ROSSETTO, Graça Penha Nasciemento; SILVA, Alberto Marques. Agenda-setting e Framing: detalhes de uma mesma teoria? Intexto, Porto Alegre, UFRGS, n.26, p. 98–114, jul. 2012.

Autores: Maria Clara Gonçalves e Maria Fernanda Matos

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