Carlos Scolari e a literacia transmídia

Camilla Santos
Teorias da Comunicação
3 min readMar 8, 2021

Carlos Alberto Scolari nasceu na cidade de Rosario, Argentina, em 1963. Sua contribuição acadêmica é mais notável no campo de estudos sobre novas formas de comunicação. Nesse sentido, analisemos seus esforços no projeto “Transmedia Literacy”.

Carlos Alberto Scolari

Segundo o site oficial do projeto, o objetivo da pesquisa é explorar as formas de aprendizado e prática das transmídias por jovens. Segundo o livro branco “Literacia Transmídia na Nova Ecologia Mediática”, crianças e adolescentes têm sua vida social cercada de inúmeras tecnologias digitais, os quais muitas vezes não estão integradas aos programas educativos das escolas.

Scolari nos fala que o ecossistema midiático evoluiu, desde os primeiros estudos sobre literacia mediática, no século XX. Surgindo a necessidade então de se falar sobre literacia transmidiática.

Quadro explicativo sobre Literacias

O quadro acima evidencia as diferenças entre a literacia midiática e a transmidia. É importante destacar duas importantes diferenças: o conceito de ‘prosumers’, o consumidor que também produz suas mensagens e também seus suportes mediáticos, que incluem as redes digitais (redes sociais e afins) e media interativos, como videogames. Segundo o livro: “A literacia Transmídia é entendida como um conjunto de capacidades práticas, valores, sensibilidades e estratégias de aprendizagem e intercâmbio desenvolvidas e aplicadas no contexto das novas culturas colaborativas.”. A literacia transmídia não rejeita a literacia midiática tradicional, mas a expande entendendo a constante evolução não apenas das midias, mas as formas como são abordadas.

Para entender como os jovens estão interagindo com as mídias, existe uma equipe de pesquisa do projeto Transmedia Literacy que definiu as competências transmidiáticas e fez uma extensa pesquisa em diversos países para entender a relação dos jovens com as novas medias. As capacidades transmidiáticas são competências que englobam a produção, distribuição e consumo das mídias digitais. As dimensões identificadas na pesquisa são 9: produção, prevenção de risco, performance, gestão de conteúdo individual e social, media e tecnologia, ideologia e ética, narrativa e estética. Essas dimensões possuem subdivisões que totalizam 190 capacidades específicas.

As dimensões da literacia trasmídia

Após a pesquisa pode-se notar que os jovens costumam ter boa capacidade técnica, ou seja, são capazes de resolver problemas usando novas tecnologias e entendem seu funcionamento. Contudo a percepção de consumo crítico costuma ser menos evidente, apesar de serem capazes de usar as mídias disponíveis para criar suas próprias mensagens, crianças e adolescentes falta de habilidade para uma análise crítica daquilo que consomem.

Algo interessante a se destacar sobre essa literacia transmídia é como jovens adquirem essas competências de forma informal, ou seja, fora da escola, o compartilhamento de informações na rede permite que os indivíduos obtenham conhecimento sem precisar do intermédio da escola. Por serem métodos informais, não costumam ser reconhecidos até mesmo por outros pesquisadores, contudo o projeto entende práticas como “jogar videojogos, escrever fan-fiction, fazer cosplay ou compartilhar memes, como uma parte importante da vida cultural dos adolescentes”. Abaixo, um quadro organizado com as diferentes estratégias de aprendizagem informal, detectados na pesquisa do projeto

Quadro com métodos informais de aprendizagem

--

--