Estudos Culturais Britânicos: Biografia Raymond Williams

SAMUEL LACERDA CHAVES
Teorias da Comunicação
3 min readFeb 16, 2021

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Raymond Williams

Raymond Williams foi um dos principais pensadores do movimento culturológico britânico, sua contribuição para os estudos culturais tem enorme importância no entendimento e valoração dos estudos voltados as subculturas, e as produções culturais marginalizadas. No texto a seguir será explanado não apenas sobre sua vida, obra e contribuição acadêmica nos estudos culturais, mas também será abordado de forma sintética em suas contribuições políticas dentro de movimento políticos comunistas e na sua contribuição para a cunhagem da Nova Esquerda (New Left).

Raymond Williams nasceu no dia 31 de agosto de 1921 no pequeno vilarejo de Pandy, situado no País de Gales. Raymond era filho de um trabalhador ferroviário e neto de agricultores, durante sua infância o pequeno país enfrentava uma dura crise econômica enquanto o mundo mal havia acabado de sair de uma guerra e já entrava em outra. Ou seja, durante toda sua infância e adolescência Williams não apenas era parte como vivia e respirava a cultura do proletário da época, entendia suas dores e aflições e angustias.

Williams criou-se em uma realidade socialista, sobre tudo por influência de sua família, seu pai era o chefe local do Partido trabalhista e todo o ambiente que ele se inseria desde a infância confluiu para que ele seguisse pelos caminhos que o levaram em sua trajetória política e acadêmica. Já aos 14 anos participava de manifestações políticas contra o Apartheid e desde cedo já nutria interesses por literatura, seu talento para escrever era notório -inclusive aos 16 anos já escrevia peças dramáticas que eram interpretadas por seus colegas -, porém, não tinha interesse algum em ir para faculdade, pois seu sonho era ser escritor.

Ainda muito cedo ganhou uma bolsa de estudos para concluir o High School em um escola pertencente a Universidade Cambridge (provavelmente uma das mais cultuadas escolas do Reino Unido). Aos 18 anos entrou para o curso de Letras em Inglês na própria Universidade de Cambridge e nos anos de graduação já seguia os passos da família, filiando-se ao partido comunista e ao clube de universitários socialistas. Porém, deixou as instituições para servir ao exército, onde foi convocado e prestou serviços durante a segunda guerra mundial. Ao voltar da Guerra intensificou seus estudos principalmente nas searas sociológicos e de crítica cultural, graduou-se em 1946 se tornando posteriormente um dos maiores pensadores Marxistas do pós-guerra.

Sua vasta pesquisa culminou em uma obra sobretudo focada na quebra de paradigmas do status quo da sociedade inglesa da época, que enxergava a cultura apenas pela ótica elitista de uma produção cultural que exaltava unicamente ao erudito, e ao que era produzido pelas elites e que enxotava e renegava qualquer tipo de expressão artística vinda das massas. A obra de Williams foca na valoração da cultura comum que emana do povo e principalmente dos grupos historicamente marginalizados. Por isso, sua obra tem grande importância em críticar a elitização da cultura.

Foi tentando renovar o conceito de cultura embebedado dos preceitos antes definidos por Marx, mas agora com uma nova roupagem que Williams em conjunto com outros importantes pensadores da época como, por exemplo, Gramsci, Lukács, Brecht, Walter Benjamin, Adorno, Marcuse e Althusser participaram nos primeiros passos da New Left, um movimento que visava por renovar os conceitos políticos, sociais e culturais da esquerda dos anos 60 com um ativismo voltado principalmente para as causas sociais e trabalhistas.

A obra de Williams é extensa, contando com mais de 30 obras literárias, e sua influência nos estudos culturais e sociopolíticos perduram até os dias atuais, porém este texto tem por intensão resumir brevemente os primeiros passos da trajetória desse pensador moderno e sua jornada através dos estudos sobre a cultura, política e sociologia.

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