Henry Jenkins e a Cultura da Convergência

Mariana Albuquerque
Teorias da Comunicação
4 min readMar 16, 2021

O livro

Lançado pela Editora Aleph em 2006, Cultura da Convergência de Henry Jenkins tem como objetivo trazer os estudos, análises e investigação do autor sobre as mudanças realizadas pela convergência das mídias sejam elas culturais, sociais e até econômicas. Dessa forma, por meio de investigação das mídias e transformações culturais que passam pela convergência, o livro traz todos os principais conceitos teóricos assim como diversas produções da indústria midiática como a cultura de fãs dentro do universo de Harry Potter, produções como Matrix onde analisa franquias e suas narrativas até universos de filmes, quadrinhos e séries.

A Cultura da Convergência.

Para Jenkins, a Cultura da Convergência é:

“ao fluxo de conteúdo através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam.” (JENKINS, 2009, p. 29)

A Cultura da Convergência possui dois lados, a primeira delas é o lado das empresas e veículos de comunicação, que criam narrativas ou histórias que são distribuídas para todos os públicos por diferentes meios de comunicação, desde a televisão à internet, sendo essas empresas aquelas que possuem os direitos autorais e criação das produções, podendo influenciar assim, grande parte do público.

Da mesma forma, no outro lado, temos os consumidores e telespectadores que se identificam com essas produções e a partir deles criam seus próprios conteúdos, os fãs. Assim, a convergência pode ser vista como um diálogo entre duas visões dos produtores e dos consumidores que estarão em constante contato para que no fim, seja possível criar novas ideias e novas histórias dentro das configurações das novas mídias.

Dentro dessa perspectiva, a convergência permite que o público interaja com mais força e demonstre com mais intensidade suas experiências, emoções e expectativas, fazendo com que essas produtoras tenham que se adaptar a essas novas perspectivas dos consumidores.

Assim, Jenkins traz alguns conceitos muito importantes para os estudos da cultura da convergência, a ideia de inteligência coletiva, onde existem a criação de estruturas sociais que permitem o compartilhamento de informações com base em sociedades em rede, ou seja, a capacidade de reunir informações entre várias pessoas de forma a movimentar o mercado das mídias, podendo citar como exemplo plataformas onde muitos usuários podem contribuir com a criação de conteúdo e compartilhamento de informações, como a Wikipédia.

Também temos a ideia da convergência dos meios, na qual é retratada o interesse de grandes indústrias e conglomerados de produção de conteúdo em expandir seus produtos para as plataformas midiáticas, e por fim, possui o conceito de cultura participativa, onde se estuda o comportamento dos consumidores e da cultura de fãs ao criar ativamente conteúdos e compartilhamento de suas produções, como as fanfics.

Além disso, Jenkins trata de mais um tópico muito importante que é o conceito de narrativa transmídia. Com o avanço da tecnologia e o crescimento dos diversos canais de comunicação, a narrativa transmídia possibilita a transmissão de histórias, mensagens e produções de conteúdo em diversas plataformas midiáticas como a internet, a televisão ou redes sociais, permitindo que diversas produções cheguem para o público de várias formas, por isso o autor exemplifica o filme Matrix, que teve várias formas de produção, desde séries, filmes, animações, que atenderam as expectativas do público que possuíam muita proximidade com a produção.

Assim, a convergência tratada por Jenkins é um modo inovador de se observar a comunicação e as mídias e como elas se interagem, de forma que diversos consumidores e produtores de conteúdos se influenciem criando transformações, desenvolvendo diálogos permitindo que o público tenha voz ao utilizarem das redes sociais e diversas plataformas midiáticas para interagir e compartilhar seus conteúdos e produções dentro da cultura de fãs, de forma que intensifica a ideia de inteligência coletiva onde diversas pessoas com diversos conhecimentos, se reúnem para formar novos conteúdos.

Referências:

https://casafirjan.com.br/noticias/especialista-em-narrativa-transmidia-henry-jenkins-fala-sobre-o-futuro-de-hollywood

http://mariana-dias.com/cultura-da-convergencia-e-narrativas-transmidiaticas/

https://www.editoraaleph.com.br/cultura-da-convergencia/p

NAVARRO, Vinícius. Os Sentidos da Convergência: Entrevista com Henry Jenkins Revista CONTRACAMPO Niterói, nº 21, Agosto de 2010. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/contracampo/article/view/17190>

YouTube, canal Lucas Conchetto, vídeo “Livro | Cultura da Convergência — Henry Jenkins #51”<https://www.youtube.com/watch?v=s3UUC1PC3bg>

YouTube, canal Vitória Fedrizz, vídeo “5 Conceitos de Henry Jenkins — Cultura da Convergência” <https://www.youtube.com/watch?v=mBsWb5TWXUQ>

JENKINS, H. A Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2003.
Capítulos — Introdução: Venere no altar da convergência, Conversas sobre Convergência, O Profeta da Convergência, A Falácia da Caixa Preta

fotos retiradas do Google e do site: https://leoburnett.com/articles/thinking/sxlb-henry-jenkins-media-theorist-author-and-professor/

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Mariana Albuquerque
Teorias da Comunicação

Aluna do curso de Rádio, Tv e Internet da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)