Jesús Martín-Barbero
Nascido em uma pequena comunidade espanhola, Barbero trouxe grande contribuição para os estudos comunicacionais latino-americanos.
Barbero nasceu durante a Guerra Civil Espanhola, época em que sua terra natal vivia um período conturbado devido ao regime fascista de Franco, fato que contribui para a análise crítica de sua obra. Devido a grande manipulação do partido nas manifestações culturais espanholas, o filósofo foi muito influenciado pela cultura vinda do exterior, principalmente da França e de países latino-americanos. Muitos de seus amigos eram membros do Partido Comunista, pois foi através deles que Barbero teve acesso aos produtos culturais desses países, conteúdos em sua maioria proibidos pela censura, partindo daí o seu primeiro contato com cultura latino-americana.
Fascinado pelos movimentos revolucionários ocorridos na década de 1960 na América Latina, três anos depois é convidado a lecionar na Universidad del Valle, na Colômbia, sendo que esse período foi crucial para o exercício de seus estudos em comunicação que havia iniciado na Europa. Em 1978 lança o livro: Comunicación masiva: discurso y poder, no Equador, sendo esse o percursor de uma série de livros que viriam a registrar as nuances dos fenomenos culturais e comunicacionais de vários lugares da América Latina.
Em 1986, lança sua obra mais famosa “Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia”, em que Barbero se concentrou em discutir sobre a mídia e a comunicação durante toda a história da América Latina, levando como base crítica a visão pessimista dos pesquisadores em comunicação do hemisfério norte, incluindo os pensadores da Escola de Frankfurt. Nesse trabalho, Barbero destaca a importância da valorização do conteúdo sobre comunicação desenvolvida na América Latina, a desvalorização do conteúdo acadêmico produzido fora dos principais polos no hemisfério norte e a necessidade, a pluralidade de sentido e poder de transformação da mensagem e o rompimento do pensamento de que as manifestações culturais difundidas pela indústria cultural eram de caráter exclusivamente alienador.
Referências
Jesús Martín Barbero: Artes da memória e regimes de visibilidade
