A escuta empática por meio do papel
Já diria Rubem Alves:
A gente ama não é a pessoa que fala bonito, é quem escuta bonito.
Na nossa rotina, vivemos inúmeros diálogos que causam desconexão, pois, muitas vezes, participamos de conversas unilaterais e até mesmo confronto entre pessoas que desejam a mesma coisa, porém não se entendem.
O que me chama atenção aqui é quando isso acontece com a gente mesmo. Já se pegou numa situação da qual percebe que não se ouviu e, portanto, não conseguiu tomar a melhor decisão ou agir de forma que atendesse a sua necessidade?
Compilei os principais motivos de desentendimento interno, na minha perspectiva, para auxiliar você a compreender como se entender e a expressar mais empatia consigo e com o próximo, afinal, só podemos escutar o outro se soubermos escutar a nós mesmos.
Olhar sem julgamento
Formamos nossas percepções sobre situações com base em nossas perspectivas pessoais, e essa influência afeta nossa maneira de avaliar a nós mesmos e de se comunicar com o outro.
Nossas avaliações podem criar obstáculos que impedem que possamos ver além das nossas crenças e, com isso, também prejudicam a criação de uma conexão profunda. Se eu assumir que alguém está de mau humor porque não me cumprimentou, estou descartando outras possibilidades (por exemplo, a pessoa pode estar sofrendo de enxaqueca).
Quanto mais nos concentrarmos em observações objetivas e evitarmos fazer julgamentos, maiores serão as chances de nos abrirmos para, depois, observar sentimentos e emoções mais profundas e subjetivas, sem julgamento. Só assim, quando precisamos compreender algo, podemos ter o espaço seguro para nos compreender e aceitar.
A culpa de quem é?
Muitas pessoas adotam uma atitude defensiva, atribuindo a culpa de suas ações aos outros. Transferir a responsabilidade também é uma maneira de evitar o sentimento de culpa, que gera um desconforto emocional difícil de enfrentar. No entanto, essa sensação de liberdade é ilusória. Aquele que se coloca como vítima perde o controle sobre suas ações e provoca uma reação defensiva nos outros.
A melhor maneira de estabelecer um espaço de desenvolvimento pessoal é assumindo a responsabilidade por seus próprios sentimentos e necessidades. A prática autêntica de ouvir a nossa voz interior tem um impacto poderoso e revolucionário. Ela revela um interesse genuíno e é capaz de interpretar as palavras escutadas em emoções e demandas, dando a você espaço para poder transformar dor em ação, ou melhor, em transformação.
A escuta ativa transforma a qualidade da minha fala
Apresentar as emoções e as adversidades continua sendo uma tarefa difícil para a maioria das pessoas e não é diferente comigo. Sentimos receio de que nossas vulnerabilidades afetem a percepção que os demais têm de nós. É natural do ser humano. Em diferentes graus, todos experimentamos o temor da exclusão. Desenvolvemos estratégias e disfarces como forma de evitar essa eventualidade.
Porém, como diria a maior especialista mundial do assunto, Brené Brown:
“Ficar vulnerável é um risco que temos que correr, se quisermos experienciar conexão.”
Quando compartilhamos nossas emoções, abrimos espaço para que os outros se aproximem. Mostrar vulnerabilidade constrói uma ponte para a empatia. Certamente, existem perigos envolvidos! No entanto, a conexão genuína justifica o empenho.
O que quero dizer? A interação do outro, que nos coloca vulnerável, também expande horizontes. Para se entender, a interação com o mundo também se faz primordial.
Comece pelo papel
É isso. Simples assim. Adote um caderno, como já venho falando aqui, e comece a deixar que este espaço em branco acolha a sua forma de se expressar, de entrar em contato com as suas crenças e, além de escrever, “ouça” a si mesmo, por meio do canal que conecta suas palavras no pensamento com a folha de papel. Com o tempo, vai reparar que este é um excelente exercício para praticar a escuta ativa com você.
Do meu caderno para o seu,
Edu Alves