Os nossos silêncios

Edu Alves
Terapeuta de Papel
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2 min readJun 8, 2024

Em nossa jornada pela vida, somos inevitavelmente marcados por experiências que moldam quem somos. Alguns desses momentos podem ser profundamente traumáticos, deixando vestígios que influenciam nossas ações e nossa percepção de mundo.

Como terapeuta, quero compartilhar uma poderosa ferramenta de transformação para estes momentos que nos silenciam: a escrita terapêutica.

Como já falei por aqui algumas vezes, a escrita não é apenas um ato de registrar pensamentos, é um processo de explorar e reconstruir memórias. Quando escrevemos sobre traumas, não buscamos apenas relatar eventos, mas criar um espaço onde possamos dialogar com esses momentos, buscando compreender novas perspectivas que irão nos dar suporte para a superação e entendimento.

“Apropriar-se das narrativas sobre o que atravessa nosso corpo é criar caminho para múltiplas saídas,” como diria o fotógrafo e autor de “A Câmera Clara”, Roland Barthes.

Isso significa tornar cada palavra escrita um passo em direção à liberdade. A escrita sobre traumas nos tira das zonas de conforto e nos convida a invocar do inconsciente novas narrativas, aquelas que desviam das armadilhas que nossa própria mente cria para nos proteger.

Roland Barthes cunhou a expressão “efeito Punctum” é algo que apenas aparece, mas não está intencionalmente posicionado na foto. É algo singular, natural, uma espécie de não-dito, não-focado, no caso da imagem, mas presente, talvez pela leitura de um sentimento ou emoção.

Nesse contexto, convido você a fechar os olhos em um lugar tranquilo, levar a consciência a uma casa de sua memória, se conectar com um objeto, uma foto ou o que possa ter o efeito punctum, abrir os olhos, e escrever. Entre em contato com o e foi silenciado ali e, talvez, assim esteja dentro de você, em suas narrativas de vida.

Nas palavras de Barthes (1980): “abrir a fenda a uma vulnerabilidade e deixar escorrer”. Ouça esse lugar para poder trazer novas formas, ressignificar narrativas com o repertório que agora possui.

Do meu caderno para o seu,

Edu Alves

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