Quando palavras falham, escreva

Edu Alves
Terapeuta de Papel
Published in
4 min readMar 13, 2024

Quantas vezes nos encontramos tentando expressar o que sentimos, mas sem encontrar as palavras certas?

Em um mundo onde a comunicação é fundamental, muitas vezes nos vemos lutando para expressar verdadeiramente nossos sentimentos e pensamentos.

A dificuldade de alinhar nossas palavras com nossas emoções pode criar barreiras não apenas em nossas relações interpessoais, mas também em nosso diálogo interno.

A escrita terapêutica nos oferece uma ponte para cruzar essas águas turbulentas. Ao dedicar tempo para colocar no papel nossos pensamentos e emoções, começamos a ver mais claramente a distinção entre o que realmente sentimos e como expressamos esses sentimentos.

Esta prática nos permite entender melhor nossas próprias mensagens internas, bem como aperfeiçoar a forma como as transmitimos aos outros.

Forma e conteúdo: a dupla da comunicação eficaz

Cada mensagem que transmitimos carrega dois componentes essenciais: a forma e o conteúdo. A forma diz respeito ao modo como entregamos nossa mensagem — o tom, a entonação, o gestual.

O conteúdo é a essência do que desejamos comunicar. A escrita terapêutica nos ajuda a equilibrar esses dois aspectos, garantindo que nossa comunicação não apenas seja entendida, mas também seja recebida da maneira como pretendemos.

Desvendando emoções através das palavras

Quantas vezes você se sentiu frustrado por não conseguir expressar adequadamente o que sentia? Ou talvez tenha se arrependido de palavras ditas em um momento de irritação?

A escrita terapêutica nos convida a pausar e refletir, proporcionando uma maneira de explorar e organizar nossos pensamentos e sentimentos antes de expressá-los. Isso não apenas melhora nossa auto expressão, mas também fortalece nossas relações com aqueles ao nosso redor.

Prática diária: claridade e confiança

Incorporar a escrita terapêutica em nossa rotina diária (eu chamo essa ́ prática de meditação escrita) nos permite uma constante autoavaliação e ajuste da forma como nos comunicamos.

À medida que praticamos, nossos pensamentos se tornam mais organizados, e nossa capacidade de expressar emoções complexas torna-se mais natural. Este processo não só reduz a ansiedade e o estresse, mas também aumenta nossa confiança ao falar, tornando nossa comunicação mais eficaz e autêntica.

Reconhecer e abraçar nossas emoções é um ato de gentileza para conosco. Ao nos permitirmos a prática da escrita terapêutica, damos espaço para nossa ansiedade e frustrações se expressarem de maneira construtiva.

Transformamos nosso diálogo interno em uma fonte de empatia e compreensão, não apenas para nós mesmos, mas também no modo como nos relacionamos com os outros.

Embarque nessa jornada de descoberta pessoal através da escrita. Permita-se explorar suas emoções, organizar seus pensamentos e encontrar sua voz única. A escrita terapêutica não é apenas um meio de auto expressão; é um caminho para uma comunicação mais clara, profunda e significativa.

Ao nos entendermos melhor, somos capazes de transmitir nossas mensagens com mais clareza, compaixão e autenticidade. Assim, transformamos nossas relações e nossa maneira de estar no mundo. Esteja aberto a essa prática transformadora e veja como ela pode enriquecer sua comunicação e, por extensão, sua vida.

Exercício de escrita terapêutica: encontrando sua voz interior

Em nossa jornada para uma comunicação mais autêntica e expressiva, convido você a participar de um exercício de escrita terapêutica desenhado para ajudá-lo a navegar pelas águas às vezes turbulentas de suas emoções e pensamentos.

  1. Encontre um espaço tranquilo onde você possa se sentar confortavelmente sem interrupções.
  2. Respire profundamente algumas vezes, permitindo-se chegar ao momento presente.
  3. Pense em uma situação recente onde você sentiu dificuldade em expressar seus verdadeiros sentimentos ou pensamentos. Talvez tenha sido um momento de frustração, alegria não compartilhada, ou mesmo uma ideia que você lutou para comunicar.
  4. Escreva sobre o momento que escolheu. Quem estava envolvido? O que aconteceu? Como você se sentiu?
  5. Reflita sobre o que estava por trás da sua dificuldade de expressão. Que emoções você estava sentindo? Havia algo que você desejava dizer, mas não conseguiu?
  6. Imagine-se reescrevendo esse cenário com uma comunicação diferente. Como você expressaria seus sentimentos e pensamentos?
  7. Deixe essas anotações “descansarem”. Feche o caderno e releia daqui um ou dois dias. Reflita sobre as diferenças entre a sua comunicação real e a idealizada.
  8. O que você pode aprender sobre si mesmo através dessa prática? Escreva uma breve reflexão sobre como pode aplicar esses insights em sua comunicação diária.
  9. Para concluir, escreva um compromisso consigo mesmo sobre como pretende usar essas descobertas para melhorar sua comunicação. Pode ser algo específico, como “Vou expressar meus sentimentos mais abertamente” ou “Vou praticar a escuta ativa”.

Feche seu exercício com uma respiração profunda, agradecendo a si mesmo pelo tempo dedicado a essa prática de autoconhecimento.

Este exercício é uma forma de meditação, uma meditação escrita, onde, ao invés de esvaziar a mente, você preenche páginas com suas reflexões mais profundas. Ao se permitir essa jornada por meio da escrita, você abre portas para uma comunicação mais significativa e autêntica, tanto consigo mesmo quanto com os outros.

Do meu caderno para o seu,

Edu Alves

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