O que explica essa onda de M&A's de construtechs e proptechs?

Mateus Pontes
Terracotta Ventures

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Texto retirado de uma das edições da newsletter da Terracotta Ventures, que você pode se inscrever e acessar por aqui.

"A maturidade das construtechs e proptechs e a busca por inovação de incumbentes estão a ponto de criar a base para um mercado de aquisições"

Retirei a frase de um texto que o Marcus, sócio da Terracotta Ventures, escreveu 2 anos atrás em seu linkedin. Nele, comenta-se um pouco sobre o que poderíamos esperar de um mercado de aquisição de construtechs e proptechs no Brasil até 2021.

Por coincidência, a Procore, mencionada no artigo e que na época acabava de adquirir a Construction BI, na semana passada anunciou a aquisição da Levelset por US$ 500M, valor que já representa o dobro de todas as suas outras aquisições conhecidas somadas…

Mas calma lá, porque não é do exterior que iremos falar hoje.

Esse ano, em especial nos últimos meses, temos notado uma quantidade bastante representativa de operações de M&A dentro do ecossistema brasileiro de proptechs. Para que se entenda a dimensão disso, já foram mais de 15 aquisições acontecendo até o momento. Veja algumas delas:

Surpreendente? Na verdade, nem tanto. Como disse no início, desde 2019 já prevíamos algo dessa natureza acontecendo. Lá atrás, inclusive, comentamos que o aumento das movimentações de M&A poderia estar intimamente relacionado aos seguintes fatores:

  • A quantidade de startups existentes no ecossistema;
  • O volume e estágio dos investimentos em Venture Capital;
  • E a maturidade do setor para tecnologia e inovação.

Ora, 2 anos depois, estes fatores continuam igualmente relevantes e, de fato, nos ajudam a explicar o fenômeno. Vamos olhar um pouco para cada um deles.

1. Quantidade de startups existentes

Nos últimos 2 anos, o ecossistema de startups da cadeia da construção cresceu cerca de 60%, saindo de 500 startups para 839 mapeadas em 2021 — veja o nosso mapa de startups atualizado aqui. A quantidade de empresas, portanto, parece ter sim uma relação direta com as fusões e aquisições, apesar de ser um fator que não deve ser analisado isoladamente.

2. Volume e estágio dos investimentos

Quando observamos volume e estágio dos investimentos, a evolução também é notória:

Como pode ver, 2020 quase dobrou as rodadas em construtechs e proptechs brasileiras, com 2021 se encaminhando para atingir um patamar parecido.

E no que diz respeito ao tamanho das rodadas, já superamos a soma dos anos de 2019 e 2020, mesmo com a metade do número de rodadas do ano passado. Ou seja, o crescimento em maturidade também aconteceu e os aportes estão cada vez maiores.

3. Maturidade do setor para tecnologia e inovação

Por último, a compreensão por parte de grandes players do setor de que tecnologia e inovação são importantes para suas estratégias de crescimento, tem impacto tremendo em tudo o que já mencionei aqui.

Programas de inovação, iniciativas de corporate venture capital e a própria criação e consolidação da Terracotta Ventures enquanto uma das maiores referência no assunto aqui no Brasil, são fatos que também têm relação com a base que foi formada para o mercado de aquisições que temos visto agora.

Segundo relatório da Distrito, em 2021, 54,1% dos M&A’s foram protagonizados por startups, que passaram a expandir seu mercado de atuação incorporando novas soluções e serviços em seus portfólios.

E como pode perceber, nos deals que mencionei no início do texto já é possível notar uma proporção parecida, com a maioria das notícias mencionando Loft ou QuintoAndar realizando aquisições.

Portanto, com aportes cada vez maiores e consequentemente uma maior presença de startups capitalizadas, o mínimo que podemos esperar, já para as próximas semanas, é que mais movimentações desta natureza aconteçam, ajudando a consolidar o movimento de expansão destes negócios — que está apenas começando.

Edit: A mesma Loft, que exemplificamos neste conteúdo, no início de novembro anunciou a compra da TrueHome, uma das maiores plataformas de compra e venda de imóveis do México. Mais uma aquisição da startup, dessa vez rumo ao seu objetivo de internacionalização.

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