Lojas físicas fecham e e-commerce cresce em meio a mudança de comportamento

Elisa Volpato
TESTR
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4 min readApr 19, 2017

Nos últimos meses, quantas vezes você foi ao Shopping? E quantas vezes comprou algo em uma loja online?

Desde o começo do ano, os Estados Unidos já registraram 9 falências em grandes redes varejistas, segundo este artigo do Business Insider. Pra dar um parâmetro, foi o mesmo número de falências registrado em 2016 — mas em menos de 4 meses. Redes famosas como JC Penney e Macy’s fecharam mais de 100 lojas físicas.

Um sinal de crise? Não necessariamente. Estudos indicam uma mudança de comportamento.

As pessoas estão comprando mais online

Enquanto as lojas físicas fecham, o e-commerce cresce. A Saraiva divulgou recentemente resultados da empresa no ano passado: enquanto as vendas em lojas físicas diminuíram 4%, as vendas online aumentaram 8,9%.

De acordo com o relatório Webshoppers 35 da Ebit, o e-commerce cresceu 7% em 2016 no Brasil, apesar da crise. 48 milhões de pessoas compraram online no Brasil no ano passado — quase 1 a cada 4 pessoas. E o mercado está otimista: a previsão para este ano é de um crescimento de 12%.

Gráfico mostrando o crescimento do faturamento do e-commerce no Brasil.

E se durante muito tempo as pessoas só compravam produtos “seguros” pela internet, como livros e eletrônicos (a Amazon começou como uma loja de livros, lembra?), a categoria de moda e acessórios hoje lidera o ranking de vendas online no Brasil, em volume de pedidos (Webshoppers 35).

Mas como assim, comprar roupa online? No começo dos anos 2000 podia parecer bem esquisito pra você, mas aos poucos os sites começaram a adotar estratégias para facilitar a decisão e diminuir o peso da escolha. Provador virtual, tabelas detalhadas de medidas e… troca grátis. Com troca grátis, não é tão sofrido errar no tamanho.

As pessoas estão comprando mais pelo celular

Embora você não consiga mais imaginar a sua vida sem o seu smartphone, acessar a internet pelo celular é um fenômeno mais ou menos recente. O primeiro iPhone só foi lançado em 2007. E no começo os sites eram sofridos, difíceis, não eram responsivos e ninguém sabia direito como desenhar para interfaces touch.

Mas em 10 anos as coisas mudaram bastante: se em 2010 o mobile representava 2% do total do e-commerce, no fim de 2016 as vendas mobile já representavam 20% do total das vendas de e-commerce nos Estados Unidos, de acordo com a Cowen Research. No Brasil o número é até maior: 21% das vendas online foram feitas de celulares, de acordo com o relatório WebShoppers, da E-bit.

As pessoas estão comprando menos coisas, investindo mais em experiências

Enquanto as lojas físicas fecham, os consumidores estão começando a priorizar seus gastos de um jeito diferente — gastando menos com objetos e mais com viagens, restaurantes e lazer.

O foco muda do acúmulo de posses para o acúmulo de memórias, de experiências. O Starbucks não vende café, vende uma experiência — que começa no cheirinho do café que você sente quando passa pela porta.

Esta visão é muito frequente em estudos com millennials (jovens que nasceram entre os anos 1980 e 2000, mais ou menos). Mas aos poucos podem atingir também outras gerações. E segundo um estudo da universidade de São Francisco, gastar mais com esse seria um jeito mais eficiente de ser feliz. Quando compramos experiências, nem sempre o valor é tangível. Uma experiência não é algo que você consegue segurar, colocar na prateleira. Mas no longo prazo você vai se lembrar mais de — e valorizar mais — a viagem que fez pelo deserto do Atacama ou o último modelo do iPhone que ficou na fila para comprar? Fica a dica: os dois custam mais ou menos a mesma coisa. ;)

E o que isso tem a ver com a gente?

O aumento das vendas no e-commerce são uma ótima notícia para quem trabalha com produtos digitais. As pessoas estão perdendo o medo de comprar online e isso é ótimo. Mas ao mesmo tempo as pessoas começam a ficar mais exigentes. E podemos estar no começo de uma mudança de mentalidade — pessoas compram menos, compartilham mais. Você vende apenas um produto ou uma experiência?

Segundo a Saraiva, o crescimento de suas vendas no e-commerce foi graças a “ações desenvolvidas para melhoria da experiência do usuário e reflete o crescimento observado nas principais categorias de produtos”.

É cada vez mais importante pensar na experiência do usuário. E fazer pesquisas com usuários — de entrevistas a testes de usabilidade — é uma etapa fundamental do processo. Se precisar de ajuda, conte com a gente. ;)

Aproveitando: sabia que a Saraiva é cliente do TESTR?
Veja o case que apresentamos no Interaction South America em Santiago, no ano passado

Originally published at TESTR Blog.

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Elisa Volpato
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UX Researcher, working with UX since 2005. From Brazil, currently living in Lisbon.