Como saber se sua ideia vale a pena tirar do papel?

6 dicas para filtrar se sua ideia merece atenção

Rodrigo Bino
Textando
9 min readAug 26, 2020

--

Imagem de Cornecoba | Freepik

Nestes meses vi muitos amigos tendo novas ideias pra se reinventar durante a pandemia e percebi que, além de complicado empreender neste momento é ter a certeza de que você teve a ideia certa.

1. Cuidado com ideias de maquiagem

Primeira coisa a ressaltar é que devemos ter muito cuidado com as ideias de maquiagem, como a turma do Vale do Silício chama. Elas parecem bonitinhas e sexy, mas ninguém pediu por elas.

2. O lucro e dinheiro não devem ser a premissa da ideia

Também tenha cuidado ao criar um produto/serviço/empresa pensando no lucro, no dinheiro que pode te dar. Porque se você começa com uma ideia assim, há uma grande chance de você se desanimar em continuar com o tempo.

Para ter algo que você se apaixone em tocar para frente e empreender, pense em resolver problemas que você têm hoje, algo do seu dia a dia que está te incomodando. Se você tem esse problema não resolvido e se incomoda com ele, você se verá empenhado, porque resolver isso é melhorar o mundo para você. Além do fato de você não ser o único. Outros podem ter também a mesma dor que você e isso significa que há mercado.

Então, quando for pensar numa nova ideia/produto/empresa/serviço, evite pensar no dinheiro e em ideias de maquiagem.

3. Cuidado com o lago sem pescadores

Fique esperto com as armadilhas:
“Nó… Ninguém tá vendendo isso, ninguém pensou nisso! Vou fazer!”

Se ninguém pensou nisso, pode significar que ninguém pediu e aí você terá que investir em propaganda para educar as pessoas para convencê-las de que precisam de você. Aí já não é lucrativo.

Na analogia do lago, você tem que fazer todo um condicionamento educando os peixes para que eles comecem a aparecer mais onde você quer pescar. Isso implica em tanta coisa, em tanto material para investir que você já começa perdendo lucro.

Por que não pensar em dinheiro?

“É isso que vai me dar dinheiro fácil/rápido/alto!”

Repito que o dinheiro, como premissa, não te dará prazer em continuar por um tempo neste negócio. Você pode até ganhar o mundo desta forma com rios de dinheiro, mas vai perder sua alma, porque a motivação é o dinheiro. Ser rico fazendo algo que não é verdadeiro para você é muita falsidade e enganação para você mesmo.

4. Resolva um problema seu e verdadeiro. Não seja um ator

Resolver um problema real do seu dia a dia é mais satisfatório para você continuar tocando. Do contrário você será apenas um ator.

Você se verá atuando que se importa com o negócio. Se verá fingindo que veste a camisa da empresa e que entende a real dor do seu cliente, quando, às vezes, você mesmo não é cliente de sua própria ideia.

É onde você imagina outros consumindo seu produto, menos você mesmo, pois “não sou o público”. Se isso acontece quer dizer que você é um ator na sua ideia/empresa/serviço. Você finge que tem a dor e finge que funciona.
Seu julgamento estará comprometido.

“Ah, eu não usaria esta ideia, mas sei quem usaria!”

Se você imagina outro usando, a chance de outro pensar a mesma coisa é grande, ou seja, todo mundo imagina outro usando e isso significa que ninguém usará no final das contas, porque o outro que usará. Falta empatia e falta verdade para saber de fato como você usaria, quando usaria e etc.

E esta falta de verdade na missão de sua ideia vai te desestimular com o tempo e aí você se verá alguém com várias iniciativas e poucas “acabativas”.

Sobre isto tenho algo para complementar nos rodapés, sobre a questão de quem é o usuário de sua ideia.¹

Bom, voltando, isso tudo me fez pensar que este raciocínio do ator, talvez, serviria para quem quer contratar pessoas para sua empresa, pois você pode ter atores ou pessoas que sentem o mesmo que você na empresa, justamente porque elas também tem a dor da solução que sua ideia se propõe a resolver.

Acredito que por isso é difícil trabalhar o senso de dono com colaboradores. Quando este peso é colocado sob eles, então eles se verão tendo que atuar mais profissionalmente. Viverão mais intensamente essa dualidade.

Nossa! Acabei de inventar isso. Acho que vou lançar um livro sobre atores em empresas. (risos)

5. Compartilhe suas ideias

Falando nisso, e de propósito, atuando de forma ridícula, a última dica é para não ter medo de fazer isso que fiz. Atuar? Não! Compartilhe suas ideias.

Alguém pode apressadamente lançar artigos e livros sobre o que disse de atores na empresa (nem sei se já existe), por exemplo, roubando esta ideia que apresentei aqui gratuitamente a vocês como se fossem autores do conceito.

Não tenha medo de compartilhar suas ideias, nem medo de concorrentes roubarem a sua ideia antes de você concluir.

Primeiro que, a sua ideia, em tese, deve fazer um bem a sociedade. E que bom que alguém conseguiu fazer antes de você! Mais rápido vão resolver um problema que você tinha. Sério, dinheiro não importa no valor de sua missão.

Quero frisar que falo de ideias boas que valem a pena você investir sua vida toda e que façam o mundo melhor!

Segundo que ninguém sabe o que você tá pensando quando compartilha uma ideia perto de concorrentes. Ninguém fará igual a você. Quem pode saber o que você está planejando? Ou como saberão onde deve ir? Porque eles é que estarão atuando se tentarem te imitar. Na verdade imitar ou fazer paródia é pior que atuar. É falsidade em cima de falsidade.

O bom de apressadinhos roubarem suas ideias é que eles fazem um trabalho para você, que é o de validar se suas hipóteses estão corretas. Por isso é bom vazar ideias de vez em quando.

Aí perceba quando eles roubarem, travarem, bater cabeça. Aproveite isso para validar para você hipóteses. Uma coisa super importante numa ideia é mapear quais são suas certezas, dúvidas e suposições. Às vezes o concorrente pode fazer esse serviço para você. Sério, já fiz isso para validar uma hipótese e comprovei que o que pensei não teria um engajamento ideal. (Pronto, confessei um pecado na internet. #vishmuitatreta)

É como a história do Bob’s, onde perguntaram como eles sabem onde é o melhor lugar para construir um restaurante deles. E a resposta era que eles não sabiam, mas confiavam no julgamento do McDonald’s. Ou seja, se tem McDonald’s aqui, então é um bom lugar para ter Bob’s também. (Não sei o quão verdadeira é essa história, mas ilustra tão bem. Não?)

É parecido com isso. Você não está copiando por falta de criatividade no início, você estará aprendendo, evoluindo, se apoiando em ombros de gigantes para assim saltar. Fazendo isso, com o tempo, irá perceber lacunas e anomalias que só você perceberá e pode saber como fazer para resolver. No futuro, você descobrirá um lago que ninguém viu e tem peixe, porque você se apoiou em ombros de gigantes para ver melhor. E como você não é gigante, você verá lacunas e gaps que os grandões não podem ver.

6. Não viva no futuro, ainda

Antes de chegar lá no futuro onde você descobriu como ser diferente e etc, desative isso hoje. Não viva lá no futuro já. Pense no hoje! Faça o exercício e repare que ninguém nasce Einstein.²

a. O que te incomoda no dia de hoje?
b. O que estão fazendo para resolver este problema hoje?
c. Por que é feito desse jeito?
d. O que eu acho que pode ser feito?
e. Como realmente ajudaria? Qual a melhor forma?

Respondendo estas perguntas, sugiro lembrar do se apoiar em gigantes. Prefira entrar num mercado que já tem gente do que um que não tem ninguém, porque a chance de ninguém ter pedido neste mercado que não tem ninguém é bem grande.

Os gigantes estão pescando no lago do norte. Suba em seus ombros e perceba com o tempo se não há algum caminho que esse lago faz e leva para algum outro lago que os gigantes não estão pescando e por sua altura, dificilmente perceberão este gap.

Se você pensar menos em dinheiro e mais em resolver seus problemas de forma que deixe o mundo melhor, você se verá num mercado em expansão, que está sempre crescendo, não tem limites, porque ele é real para você e novo. Não é novo porque você já começou com o filtro ativado de ter uma ideia que ninguém teve, mas porque ele atende uma necessidade não atendida das pessoas que fazem elas até pensarem: “Puxa, porque não pensei nisso antes?”

Hoje parece bem óbvio delivery por aplicativo como Ifood, UberEats e Rappi, não? Eles atenderam uma necessidade que ninguém estava atendendo, pois era um problema real que muita gente tinha. Assim como a Uber e Airbnb também fizeram.

Cada um está na corrida para descobrir sua peculiaridade hoje e aos poucos começamos a perceber a diferença que cada um tem.

Não é ruim ter concorrentes, pelo contrário, é um bom sinal, porque significa que tem demanda, tem procura. Se sempre tem pescadores naquele lago, é porque tem muito peixe. Começar por aí é um bom lugar.

Comece assim para descartar o mais rápido possível suas ideias ruins e com a experiência descobrir a real ideia, a original, que pela sua experiência, você percebeu e quer resolver do seu jeito. Aí que está a cereja do bolo. Aprenda com os gigantes e perceba as lacunas.

Resumo

Não pense em ideias. Perceba-as no seu dia a dia.
Até nisso o menos pode ser mais, mas com o tempo. Tenha paciência e faça aprendendo.

E mais uma vez obrigado por ler até aqui.

NOTAS

  1. Sobre ser o usuário do seu próprio produto/serviço/ideia: Isso é um bom filtro para você se empenhar para tocar para frente este projeto. Mas há uma armadilha aqui. Você deve se ver como um servo, alguém que está para servir o cliente e facilitar a vida dele, por mais que esta seja sua dor, não use suas experiências pessoais como regra para nortear seu produto. Prefira pesquisar a necessidade de seu usuário. Priorize ele e sirva seu cliente, seu usuário, não você. Mas não perca de vista a premissa da sua ideia, que não é o dinheiro. Sua missão de vida não pode ser comprada. Embora o trabalhador seja digno de seu salário, não é ele que deve te motivar a se mover. Servir o próximo é o que recomendo. Amar o próximo como a ti mesmo, como Jesus, o Cristo ensinou. E se você ama a Deus, saiba que o mínimo que você pode fazer é usar suas faculdades mentais que ele te deu para que outros glorifiquem a Deus e assim o agradeçam por Ele ter movido você para a vida deles. Por isso a missão e o propósito do seu produto/ideia/serviço/empresa é mais importante que o lucro financeiro.
  2. Einstein: Sei que há exceções no mundo, mas não devemos usar exceções como regra. A chance da gente ser mais um no mundo, igual a todo mundo, é maior do que ser o diferente. Sejamos sinceros e verdadeiros conosco. Procure não se enganar.

Este artigo é um compilado de matérias bíblicas com matérias de product design que tem me ajudado muito nos últimos tempos.

Empregue o seu dinheiro em bons negócios e com o tempo você terá o seu lucro.

Invista seus recursos em vários lugares, pois desconhece os riscos adiante.

Quando as nuvens estão carregadas, vêm as chuvas; quando a árvore cai, para o norte ou para o sul, ali permanece.

O agricultor que espera condições de tempo perfeitas nunca semeia; se ele fica observando cada nuvem, não colhe.

Assim como é impossível entender o caminho do vento ou o mistério do crescimento do bebê no ventre da mãe , também é impossível entender as obras de Deus, que faz todas as coisas.

Semeie pela manhã e continue a trabalhar à tarde, pois você não sabe se o lucro virá de uma atividade ou de outra, ou talvez de ambas.

A luz é doce; como é bom ver o nascer de um novo dia. Se você chegar à velhice, desfrute cada dia de sua vida. Lembre-se, porém, que haverá muitos dias sombrios.

Nada do que ainda está por vir faz sentido.

Texto retirado da Bíblia: Eclesiastes 11:1‭-‬8 NVT/NTLH

--

--