O peixe verde, rosa e azul

Damáris Maia
Textando
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2 min readMay 28, 2019

Quando eu era criança comecei a escrever um livro, o título era O peixe verde, rosa e azul e meu intuito com a produção dessa obra era nenhum. Era simplesmente escrever. Eu finalmente havia aprendido a ler e escrever e simplesmente queria fazer isso. Não me lembro muito bem sobre o quê se tratava, acho que fiquei na duvida de escolher a cor do peixe, então deixei as três. Montei o livro com um caderno velho, fiz a capa e comecei a escrever, ele deve estar em algum lugar na casa dos meus pais. Está “interminado” porque deixei de escrever, não lembro o porquê.

Mas não é sobre isso que quero falar, é sobre o fato de fazer algo, sem medo do que irão pensar.

Eu costumava escrever mais antes, escrevia porque gostava, porque precisava das palavras pra me expressar, pra me entender, pra entender o que estava em volta. Algumas poucas pessoas gostavam do que eu escrevia e me faziam sentir feliz por isso.

Mas eu parei de escrever.

E no intento em descobrir o porquê, vi que tinha medo. Medo de ser irrelevante, de ser julgada pelas minhas ideias, de ser confrontada por algo que ainda não havia pensado. Ainda queria escrever, mas antes tinha que pensar em tudo com muita calma, não queria errar, não queria ser repetitiva, por fim não podia mais escrever.
Não se tratava mais de escrever, mas de impressionar. É sempre preciso ter opinião sobre algo, ter um motivo, ser profundo, ser relevante, porque se escrevemos, ou se fazemos qualquer outra coisa é para que alguém veja, é sabendo que alguém vai comentar.

Resolvi escrever para você, que deixou seu eu artista ser sufocado pelo bloqueio criativo. Sufocado pelas opiniões alheias, pelo medo de não ser o que o mundo espera. Escrevo para mim mesma de 9 anos que apenas queria escrever.

Pra você que gostava de cantar, de dançar, de pintar, só porque gostava, não porque tinha que produzir, não porque alguém ia ver, era so porque sim.

Quem nos fez nos fez de um jeito muito bom e, graças a isso, hoje também podemos fazer coisas muito boas.

Separa um tempinho hoje, e o que possa te distrair, coloque no modo avião.
Pegue um lápis ou vários, um papel branco ou colorido, tira o pó daquele instrumento que tá guardado naquele canto, abre o caderno velho e apenas faça o que você gostava de fazer. Você ainda pode fazê-lo muito bem.

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Damáris Maia
Textando

Brasileira vivendo no Chile. Discípula de Jesus, esposa, mãe e psicóloga.