Quando a maternidade bagunça tudo
Bem no início da minha gravidez tinha lido por aí que a chegada do bebê seria tipo um tsunami, que faria uma bagunça, tiraria tudo do lugar, mas que seria uma bagunça linda e que as poucos as coisas iam voltando pro lugar.
Então estava eu, finalmente vivendo em meio aquela bagunça toda, mas desfrutando cada detalhe e vendo a beleza de tudo.
Mensagens como, “não se preocupe em arrumar casa”, “procure dormir quando o bebê dorme”, “tire um tempo pra você”, tudo isso foi moldando meu maternar. Me senti muitas vezes sozinha, perdida, mas pensava: “faz parte da bagunça que o tsunami trouxe. E eu não sou a única”. Isso me trazia um pouco de consolo e força pra continuar.
Mas ao mesmo tempo, sentia lá no fundo que alguma coisa estava errada. Repetia pra mim mesma o mantra de “a maternidade é difícil mesmo, é uma bagunça linda, é só uma fase e vai passar”, e torcia pra aquela angústia ir embora.
Comecei a pensar que talvez romantizaram demais essa bagunça, e há um problema em romantizar demais a bagunça. Mas veja bem, o problema não é a bagunça em si, o problema é que ninguém avisa que depois de um tempo você vai ter que organizar essa bagunça toda. E vai se sentir tão perdida, não pela bagunça em si, mas porque não sabe por onde começar. Te falaram tanto pra desfrutar a bagunça que esqueceram de falar que não dá pra viver o resto da vida bagunçado assim.
Eu pensava muito sobre essa imagem da maternidade como um tsunami vindo e tirando tudo do lugar, algo me incomodava nessa analogia.
Me incomodava porque ela me lembrava uma outra analogia, uma parábola que Jesus contou e que esta registrada no evangelho de Lucas, capítulo 6, versículos 47 a 49. Duas casas, uma construida sobre a rocha e outra sobre a a areia. Se você cresceu na igreja como eu, provavelmente tem essa imagem bem presente na sua mente também: “uma tempestade, ondas fortes, mas a casa construída sobre a rocha ficava ali, intacta e firme.”
Então eu penso que talvez acreditei numa mentira, mais bem numa meia verdade. O conteúdo que eu consumi sobre maternidade não considerava uma vida sobre a rocha. A chegada de um filho bagunça bastante coisa sim, mas tem um jeito de não me tirar do meu lugar de paz e fortaleza. Que é tendo o meu coração firme na rocha, que é Cristo.
Se você é mãe como eu e está se sentindo perdida, ou culpada por não estar vivendo seu melhor momento espiritual, eu te digo que você não é a única.
Faz parte da experiência, dessa grande mudança.
Mas não vou te dizer que está tudo bem se sentir assim. Não vou dizer pra você não se cobrar tanto. Nem que é uma fase e que vai passar.
O que eu vou te dizer é: Priorize sua vida espiritual!
Deixe a louça suja, o banheiro sem lavar, mas não deixe de ter seu tempo com Deus.
Ore durante a amamentação.
Leia ou escute a Bíblia enquanto seu bebê dorme.
Medite na palavra enquanto troca a fralda.
Se seu bebê brinca sozinho, por 5 minutos que seja, senta e escreva (ou desenhe, ou seja lá como vc gosta de fazer)
Peça pro seu marido, ou alguém cuidar do seu bebê, especificamente pra que você tenha tempo de qualidade com o Senhor.
Depois, se sobrar tempo, faça todo o resto. Mas não deixe de priorizar o que deve ser prioritário.
E não deixe mais te dizerem que uma vida devocional bagunçada faz parte. Porque não deveria, em nenhum momento de nossas vidas