Redesign do Logotipo da ABUB

E se o logo da ABUB mudasse?

Rodrigo Bino
Textando
13 min readJul 15, 2020

--

Este não é um caso real, é um estudo que fiz para praticar. Logo, não houve etapa de ouvir o cliente e suas necessidades, é um processo especulativo.

Oi turma! Quero compartilhar com vocês um estudo que fiz com a premissa de escolher um logotipo antigo e aplicar as regras para um bom logotipo, segundo diz Sagi Haviv, criador de logotipos como National Geographic, Animal Planet, NBC, entre outros bem conhecidos.

Comecei a fazer um curso dele e fui desafiado por ele a fazer este tipo de exercício. O que me propus a fazer é apenas um exercício especulativo para ver se aprendi mesmo (não vou falar muito neste post sobre as técnicas por trás que aprendi no curso).

Bom, vamos para o case.

Símbolo atual da ABUB.

“Um bom logotipo não é sobre o que se gosta ou não; é sobre o que funciona”
Sagi Haviv

Certo, e como sabemos que um logo funciona? Com alguns critérios básicos, pois um bom logotipo deve ser apropriado, simples e distinto.

Apropriado

O logotipo deve ser apropriado em conteúdo e forma. Tem que ter personalidade, sentimento, tem que ter um arquétipo.

Simples

Deve ser sem muitos detalhes e isso ajuda a passar o tom de ser moderno. Um logotipo não é um quadro de obra de arte que as pessoas ficam degustando por horas.

“Um logo não é uma frase, mas o ponto no final de uma frase”
Sagi Haviv

Por isso, encaremos um logotipo como uma bandeira, não como uma frase ou como uma peça de comunicação. As pessoas não têm muita paciência para tentar entender um logo. Elas precisam de ajuda apenas para identificá-lo.

Esta é a primeira explosão de mente. (Haha)

Distinto

Com distinto queremos dizer que o logotipo deve ser memorável, não pode ser genérico. Um logo memorável que qualquer um consiga rabiscar, lembrar e simplificar.

É um desafio, porque Distinto e Simples parecem ser antagônicos à primeira vista. Então como ser simples sem ser genérico e como ser distinto sem ser complexo?

A vantagem de ser simples é a versatilidade. Logotipos assim costumam sobreviver por anos e também passam no teste de serem aplicados em diversas superfícies e plataformas diferentes, principalmente aquelas que ainda não inventaram.

Temos que criar um logotipo que não seja modificado ou substituído por um bom tempo. Meus amigos designers, isso é um bom custo benefício para nossos clientes. Afinal, quem quer um celular que dura apenas 1 ano? Queremos um celular que aguente as mais recentes inovações que vêm a cada ano e aí trocar só no dia de São Nunca. O mesmo acontece com logotipos. Ousado? Não somente, mas super necessário pensar dessa forma.

Quais são os motivos para redesenhar o logo da ABUB?

Bom, aqui vou compartilhar algumas aplicações do logo atual para vermos quais problemas temos e fundamentar porque achei que seria interessante pensar num redesign.

Mas antes disso, gostaria de dizer que meu maior desafio aqui ao fazer essa analise é respeitar a história por trás do logo atual. Não estou desmerecendo quem criou, a história, ou o próprio logo. Apenas apliquei outros conceitos na criação ou redesign de um logotipo e fiz estas análises me baseando nisso. Afinal, devemos reconhecer que temos um logo campeão que tem durado uns bons anos aí na estrada.

Em sites, é comum usar logotipos horizontais. Isto prejudica a aplicação de logotipos criados na vertical apenas (são chamados de vertical lockup). E aí é comum usar saídas pouco convencionais para contornar essa situação. Há várias instituições, empresas e produtos que tiveram que fazer isso, principalmente os que lidam com impressos, revistas e livros. Neste ambiente, um logo vertical travado faz um certo de sentido. Mas por ele ser travado, ele não é versátil em outras aplicações que vieram para inovar, como e-books, por exemplo. Temos que pensar em um logotipo versátil.

Nesta aplicação, perceba que logotipo, símbolo e texto se desmembram a ponto de termos dois logos no site, aparentemente. O texto ABUB com a tagline abaixo poderia ser um outro logo.

Isso colabora, inconscientemente, com a escolha de um logo para representar em minha memória. Nós tendemos a memorizar mais o símbolo neste caso. Mas deixa margem para que o “logo escrito” possa ser considerado um logo à parte.

Na minha opinião, isso é mais uma das coisas que poderiam colaborar para a criação de outros logos por universitários de cada canto do país, já que não há um apego por um logo. Um logo adaptado e desmembrado leva a gente, de forma inconsciente, a desrespeitar as aplicações corretas. Isso acontece quando o padrão não está tão claro ou fortemente definido.

Mas qual é o logo da ABU?

Vemos que a ABU tem várias identificações diferentes em cada campus do Brasil. A vantagem é que isso dá mais liberdade e uma certa independência do grupo local da ABUB, ajudando a sentirem-se mais parte do movimento. Já para quem vê de fora, é complexo entender, não só pelas siglas, mas pela identidade visual. Não há uma união. É possível que você já tenha visto situações que as pessoas não associaram a ABUB com a ABU da sua faculdade.

Aqui fica uma reflexão se realmente é interessante para a ABUB a identificação do movimento local com o movimento todo, nacional.

É importante reconhecer que de uma certa forma isso faz praticamente parte da cultura do movimento, já que a IFES (a quem ABUB é afiliada) tem outro logo e seus movimentos pelo mundo tem nomes e símbolos diferentes em cada país. Não digo que é o certo, mas também é difícil dizer se é completamente errado se não compreender bem a estratégia por trás. Mas por padrão, é comum uma instituição manter sua identidade pelo mundo, porque é importante identificar, reconhecer e não deixar dúvidas para quem vê de fora.

Outro detalhe é o favicon do site, onde navegadores em modo escuro não reproduzem bem o logo atual.

No manual da marca há menção de que as cores brancas não devem ser interpretadas como vazadas, mas sim como a cor branca. Isso é um erro comum, pois acontece normalmente quando se cria o logotipo e depois as regras de aplicações. Mas não sei se é este o caso aqui, já que não fiz a escuta do cliente.

Sim, o manual da marca menciona a proibição da aplicação com os brancos vazados, mas o maior problema aqui não é isso, é o logo não ser visível.

O favicon em celulares está no limite adequado. É possível reconhecer o logo, mas alguns detalhes desaparecem, como os dois tracinhos abaixo da Bíblia e as cabecinhas da silhueta quase se juntam ao corpo. Com isso somos levados a pensar na real necessidade desses elementos.

A silhueta parece não se adaptar bem aos novos requisitos em redes sociais também:

Muitos movimentos locais não usam o logo da ABUB para divulgar as reuniões. A maioria prefere reutilizar o nome ABU e fazer um mix do símbolo da ABUB.

Penso o quanto deve ser desafiador para alguém que não é designer repensar um logo e criar uma versão para sua universidade. E alguns resultados são realmente bons. Parabéns aos envolvidos. =)

Qual o meu objetivo?

O objetivo é aumentar o reconhecimento da ABUB, criando uma identidade visual que enfatiza a presença do ativo mais importante do movimento que é o nome nacional — e pode ser usado de forma consistente em todas as comunicações.

Estratégia

O logotipo ABUB deve encontrar um equilíbrio entre o tradicional e o moderno. Deve parecer enraizado e com autoridade em vez de antiquado. Deve parecer dinâmico, versátil e duradouro; elegante e com personalidade, menos complexo em detalhes. O redesign deve levar em conta o desafio de preservar e respeitar os conceitos por trás do logo atual.

Antes de mostrar minhas propostas, quero salientar que você não vai se apaixonar por um logo à primeira vista, isso porque eles são novos e você nunca os viu. É comum a sensação de estranheza.

Você tende a achar um logo bom, quando é familiar, porque é comum confundirmos marca com logotipo. Talvez você tenha uma boa relação com a marca Brastemp, por exemplo, mas não quer dizer que é necessariamente um bom logotipo, mas é uma boa marca na sua experiência. Marca e logotipo não são a mesma coisa necessariamente, mas isso é outro assunto.

Propostas de logotipos

O desafio de preservar e simplificar trouxe algumas soluções. Vamos ver as opções:

Concept 1

Neste logo, mantive um ar de nostalgia trazendo um pouco de simplicidade.

A Cruz ainda está lá, as pessoas representadas estão lá, a Bíblia está lá, há o contraste de pessoas diferentes em seu background diferente também, etc.

Neste caso tentei preservar o máximo apenas retirando o excesso de informação.

Lembrando que um logo não deve ser uma comunicação ou uma frase. Ele é o ponto final de uma frase. Ele serve para identificar e é como se fosse uma bandeira. Logos não são feitos para serem apreciados como um quadro.

Bom, para entender melhor, vamos aplicar em várias situações para ver as vantagens e desvantagens.

Concept 2

Agora vou partir para algo novo, mas sempre aplicando os filtros de um bom logotipo, que é Apropriado, Simples e Distinto, além dos próprios conceitos do logo atual.

Aqui também temos a cruz, as pessoas e as cores para demonstrar o contraste da diversidade, pensamentos em uma cruz se tornando um bloco, como é a proposta do logo atual. Também é uma cena onde há pessoas amigas lado a lado deitados no chão como se olhassem o céu. Dessa vez um elemento foi retirado, a Bíblia. Isso porque um logotipo não precisa comunicar uma frase complexa cheia de easter eggs. Ela precisa identificar. Aqui mantive dentro da proposta, porém um logo não precisa ser a representação do que ele oferece necessariamente, tanto que a Apple não vende maçãs, a Shell não vende conchas e a Nike não vendem asinhas da deusa. Tudo que há é a personalidade e atributo que você quer passar com aquela identificação.

Vamos às mesmas aplicações.

Concept 3

Agora te convido a apertar os cintos de segurança para decolarmos para uma ideia bem diferente, mas fundamentada ainda nos mesmos princípios.

Neste logo também mantivemos a cruz num espaço vazado e também uma simplificação de pessoas diferentes onde a própria cabecinha é um tipo de balão de conversa. Se quiser ir mais além, você pode ver como um laço, que não é um problema, já que laço e aliança são amigas. Foi um efeito colateral, não intencional.

O azul é diferente para trazer, além da cruz no espaço vazado, a ideia de A e B, ou seja, Aliança Bíblica. Que é a minha estratégia de cumprir o objetivo de fortalecer a identidade e criar unificação no ativo mais importante, que é o nome.

Este logotipo é promissor para a proposta de melhorar esta percepção de união da marca em diversos contextos. Precisava retirar elementos para ficar mais simples, com menos detalhes e retirar o ‘U’ fez muito sentido para estratégia.

Não tendo o “U” na parte vazada trazemos o senso de pertencimento dos movimentos subjacentes como ABS, ABP e ABU local. Agora, visualmente, todos fazem parte do mesmo, uma vez que o que eles têm em comum no nome é o ‘Aliança Bíblica’.

É simples, apropriado e distinto.

Vou mostrar as aplicações e no final mostro como seria o mesmo logo em contexto de ABS, ABP e ABU Local.

E ABS, ABP e ABU?

Então vamos lá. Veja como seria esta adaptação:

Bom, para ABU local seria algo assim:

Este logo são para as ABUs locais. Com esta forma de apresentar saímos da pronúncia macaquinho do Aladdin para a pronúncia da sigla mesmo.

Não seria necessário o acréscimo do nome da universidade no logo, já que nos avatares de redes sociais e mensageiro instantâneos já vem o texto que você quiser. É a mesma lógica para empresas com filiais em diversos bairros, ou países. Por exemplo:

O logo é o mesmo sempre, mas o texto nas redes sociais é que muda.

E no caso de alguém, mesmo assim, editar o logo e colocar o nome de sua faculdade ele sobreviveria bem. Bom, por ser um logo simples, distinto e apropriado, às vezes ele tende a sobreviver certas aplicações erradas neste sentido.

Caso isso aconteça, e prevendo que este tipo de coisa aconteceria, não seria um problema tão grave, ainda que contra as regras da marca. Pelo menos o símbolo está sendo usado orgulhosamente, ainda que mexam no nome.

Não é o ideal, mas prevendo este tipo de situação e alinhando com a estratégia de garantir a uniformidade da identidade visual que este logo foi pensado.

Qual logo deve ser escolhido?

Após esta apresentação, tenho certeza que ficou clara qual é o logo que acredito ser o mais apropriado, simples e distinto. Embora o concept 2 seja possível fazer as mesmas brincadeiras que o concept 3, entendo que o 3 funciona melhor. Já o concept 1, é uma mudança menos brusca, porém percebo que é possível que soframos alguns problemas com a silhueta nas versões branca e preta. Por isso não me pareceu apropriado e funcional.

“Um bom logotipo não é sobre o que se gosta ou não; é sobre o que funciona”
Sagi Haviv

Lembrando que um bom logotipo deve ser apropriado, simples e distinto.

Agora seria o momento do cliente escolher qual faz mais sentido para eles, afinal, estou aqui apenas facilitando um desejo hipotético deles para que eles optem pela opção correta, a que mais funcionará para eles, retirando a subjetividade do gosto pessoal.

Não custa lembrar que minhas propostas têm grandes chances de não serem assertivas numa situação real, justamente por não levar em conta a escuta do cliente. Este artigo é apenas um estudo baseado em hipóteses.

Se possível, comente qual você mais gostou!

Obrigado por quem leu até aqui.

Eu?

O nick @binomaia também é meu Instagram e Twitter. Se quiser algum serviço meu em logos vamos trocar uma ideia.

Sou formado pelo Mackenzie em Desenho Industrial em 2011 e também tenho especialização em Práticas de comunicação em produção de imagem, áudio e vídeo, também pelo Mackenzie (2013).

Já desenvolvi logos para projetos pontuais para Bayer, Cinemark, Raízen; logo para aplicativo Lupp, logo institucional da Connect2B; logos de eventos como IBEX e O Melhor da Inovação para o Grupo Bridge.

Na minha época de estudante fiz o logo da ABU Sampa há alguns anos atrás e o primeiro logo da ABU|Mack e suas variações de subgrupos.

--

--