As aventuras do Tintim na era do fascismo
Tintim surgiu em uma publicação de extrema-direita mas aos poucos as histórias foram superando a influência ultraconservadora
Você, leitor, deve conhecer o Tintim que o Spielberg retratou no cinema: o intrépido herói que se metia em aventuras atrás de tesouro perdido, acompanhado pelo marinheiro, capitão Haddock, e o cãozinho, Milou. Foi esse Tintim que revolucionou os quadrinhos europeus e me fez amar o desenho simples da ligne claire do seu criador, Hergé. Mas de uns anos para cá muitas críticas tem sido feitas às histórias do Tintim. Os ataques são às primeiras aventuras, criadas por influência do mentor de Hergé, o Padre Wallez. Com o tempo as histórias foram se libertando da ideologia de Wallez.
O Tintim político
Georges Remi, o criador de Tintim, assinava seus quadrinhos como Hergé (que se pronuncia “Hergê”). Segundo ele próprio, sua infância na Bélgica era “medíocre” e “cinza”. Ele foi um aluno exemplar, bom escoteiro, mas a sua vida de classe média não o fazia feliz. Ao começar a carreira profissional, ele teve a possibilidade de trabalhar em uma publicação belga de extrema direita católica, Le Vingtième Siècle. Lá conheceu o editor e Padre, Norbert Wallez, uma figura carismática que mostrava mais aptidão para o ativismo…