Vish… tô sem Whatsapp…

Uma ação judicial tirou do ar o Whatsapp por 48h, mas isso não é novidade já que a informação rodou mais rápido do que o vazamento da carta do Temer. Foi incrível ver que mais de 80 amigos entraram de uma vez no Telegram pra escapar de ficar sem essa comunicação direta.

Agora esse corte é muito oportuno para podermos refletir o quanto essas ferramentas tecnológicas são ambivalentes: se por um lado nos propiciam rápida comunicação e interação, por outro lado somos reféns de uma mesma empresa.

Pense só: enquanto sentimos a suposta liberdade de trocar quantas e quais mensagens quisermos, o Whatsapp e o Facebook estão ganhando dinheiro com nossas relações, lucrando com nossas amizades e nossos pensamentos. Como? Saber o que você escreve, pra quem escreve, com que frequência e muitas outras variáveis é poderosíssimo para poder vender coisas pra você. E eu estou dizendo que é muito pior do que as propagandinhas inofensivas que você vê na sua time line do Facebook.

Hoje, no Brasil, o Facebook tem um pouco mais do que 89 milhões de pessoas conectadas e o Whatsapp, que é da mesma empresa do Facebook, tem cerca de 100 milhões de usuários por aqui. Informações cruzadas de mesmos usuários em BigDatas podem levar a um conhecimento profundo de nós, usuários. Me lembro do documentário chamado “We live in Public”, de 2009, em que Josh Harris, um dos pioneiros da internet, afirma que a proposta da web é de ser um espaço onde se possa fazer tudo ao preço de os servidores saberem cada passo que se dá ali dentro. Este documentário mostra uma experiencua social dessa realidade (infelizmente só disponível em inglês). Isto significa que é possível, com muita informação de um mesmo usuário, saber qual é o próximo passo daquele, seu comportamento, a próxima compra que vai fazer, a próxima música que vai ouvir, a próxima palavra que vai escrever (vish, meu celular acabou de me sugerir exatamente a palavra que eu ia escrever agora). Quanto isso pode valer?

São facilidades que a tecnologia nos oferece, mas, como disse acima, também são armadilhas. O Facebook tem no mundo mais de 1,5 bilhões de usuários. Se fosse um país, seria o mais populoso do mundo e em regime Monárquico, pois possui um rei, Mark Zuckerberg, com regras de interação pouco claras, seus algoritmos. Não nos iludamos: Facebook, Whatsapp, Google entre muitos outros são ferramentas comerciais e quanto mais usamos, mais eles nos usam para ganhar dinheiro. Ao menos por enquanto.

Fico me perguntando se um dia essas ferramentas, ou melhor, essas empresas, quiserem trabalhar mais intensamente para uma ação política no mundo, o que será que aconteceria??? Qual o poder de dominação e direcionamento exerceriam?

São desafios e reflexões da sociedade tecnológica que são muito pertinentes, mas pouco colocados, ainda menos explorados. Ter consciência sobre essas questões já é um passo importante! :)
#abrindocodigo da internet. #SoftwareLivre

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