Conto Comigo
Textos.Hibridos
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2 min readSep 9, 2020

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Foto de Jannis Knorr no Pexels

Meu irmão e eu sempre dividimos o mesmo quarto e isso nunca foi um grande problema, até que entramos na adolescência.

No começo parecia um gatinho ronronando, dava até pra conviver, mas depois os decibeis atingiram um nível que o gatinho passou a ser um trator. Na verdade estou exagerando, um trator não faz tanto barulho.

No começo eu fingia uma tosse bem alta pra que ele acordasse e mudasse de posição, depois passei a fazer bolinhas com as minhas meias e deixar do lado do meu travesseiro como munição, cada ronco era um tiro que ele levava, mas foi tudo em vão.

¨Bom dia! Nossa, que cara péssima. Dormiu mal?¨olha a ousadia desse cretino. Cada bom dia feliz era uma semente de ódio que ele plantava no meu coração, principalmente quando ele fazia algo típico dos roncadores profissionais: negava o fato.

Chegamos num estágio em que, se eu dormisse antes era acordada pelo que parecia um porco engasgado, se deixasse pra dormir depois.… bom, sem chance.

Certa noite me acomodei no sofá, parecia que tinha achado a solução perfeita, até que a sinfonia do inferno começou a se apresentar, e dessa vez foi pior, porque da sala eu não conseguia fazer nada pra impedir.

Nesse momento eu me solidarizei com Caim, considerei algumas opções e nem mesmo a imagem da cela cheia e a privação de liberdade parecia pior do que a privação de sono que eu vinha tendo por anos.

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Uma mente inquieta que usa a escrita como forma de limpar o HD.