Willie que não era Wonka

Antônio Carlos Neto
Textos.Hibridos
Published in
3 min readSep 22, 2020

Já começando essa conversa devo dizer que a escrita no nome é Willie e não como no título e que talvez esse texto acabe não se estendendo por muito tempo. Então vamos começar, né? Eu não gosto muito de animais, algumas pessoas acham estranho quando relato esse sentimento feio, sim, digo e repito que esse sentimento é horrivelmente horrível, só que a maioria dessas pessoas que escutam isso pela primeira vez quase nunca me deixam explicar. Eu acredito que animais devem ser tradados como tal, não que meu pensamento seja ignorante ao ponto de não ser sensível o suficiente para tratar os bichinhos bem, mas gato tem que ser gato, cachorro sendo cachorro e por aí vai. Tem gente que compra roupinha, deixar o bicho lamber sua boca, fuçar seu prato de comida e por aí vai…

Respeito todas essas intimidades com os animais, no meu caso é bem mais difícil lidar com isso, sempre fui rodeado de animais, gatos principalmente, com todo o seu deboche e preguiça sem fim, gosto deles filhotinhos, brincam e sobem na perna da calça como aqueles alpinistas, enfim, animais bebês são minha paixão, se eu continuar com esse papo alguém para de ler e me dá uns tabefes.

Na verdade, resolvi escrever um pouco, pautar toda essa confusão de pensamentos para falar sobre a grande estrela desse texto, o Willie. Agora todo mundo se pergunta que raios é isso? Ele foi o nosso animal de estimação que mais tempo viveu com a gente, depois dele veio a Mel que morreu de uma forma bem triste (prefiro não detalhar), a Melissa que mal passou dos seis meses, outros filhotinhos, felinos, felinos e mais felinos. Nesse meio todo o Willie presenciou tais mudanças, mudamos de bairro e ele lá, brigamos como qualquer outra família e ele atento, por vezes latia, comia pouco e dormia feito um bebê, nosso velho tinha quase nove anos…

Depois de um tempo ele ficou doente, não comia mais e a luta que tivemos para manter nosso vovô vivo foi grande, remédios e longos períodos convencendo-o a beber água ou comer alguma coisa, um petisco se quer, ele fraquinho não conseguia, demorou mais um tempo e o dia fatídico, ouvimos um uivo pela manhã e Willie não habitava mais entre nós, não tive coragem de ver, mesmo sendo o rabugento da casa com os animais, eu não gosto de me apegar, mas acabei. Tratava ele como um animal, brincava, fazia carinho (Cadê o pano?) Eu sempre perguntava para ele que já não enxergava tão bem.

Dias depois vi uma foto do vovô, do idoso colada na porta do guarda-roupa, olhei e quando percebi já soluçava me perguntando o motivo dele ter ido daquela forma, daquele jeito sofrido, não gosto de me apegar, briguei com a foto enquanto chorava e chorava… Limpei o rosto e dei um sorriso, fiquei feliz por ele ter visto tudo o que aconteceu nos últimos nove anos, ele estava lá, mesmo que dormindo embaixo da mesa, correndo desajeitado no terraço e procurando o pedaço de pano, a espécie de mantinha que ele amava dormir.

Essa é minha carta para você Willie, o nosso velhinho, nosso doguinho o nosso fado (fada no masculino), o melhor amigo que poderíamos ter. Você mora em meu coração.

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