A tática de Trump de manipular o ciclo de notícias e o que isso tem a ver com o Brasil
George Lakoff é professor de Linguística da Universidade de Berkeley. Em janeiro deste ano ele traçou uma análise sobre como Donald Trump usa o Twitter como forma de manipular e interferir no ciclo de notícias. Por meio das suas postagens, o presidente dos EUA busca atingir quatro objetivos:
1. Enquadramento antecipado. Seja o primeiro a enquadrar uma ideia. Lembrando que enquadrar (framing) é um conceito sociológico mobilizado por Erving Goffman.
2. Distrair. Distraia a atenção das questões reais.
3. Defletir. Ataque o mensageiro, mude o sentido da conversação, saindo de uma postura de defesa para ataque.
4. Balões de ensaio. Teste a reação pública.
Como forma de antídoto a essa estratégia de comunicação que tem pouco compromisso com a verdade, Lakoff propõe três medidas:
1. Fale sobre a verdade. Enquadre o debate no que realmente importa.
2. Mostre que se trata de uma distração. Diga que a pauta é diversionista. Se se tratar de uma mentira, diga o porquê.
3. Volte às questões reais. Não perca muito tempo com as distrações. Vá direto às questões de fundo.
Quando Trump escolhe o Twitter como sua principal forma de comunicação, ele mostra um sinal de menosprezo pela grande mídia e reinventa a forma como os jornalistas terão de fazer a cobertura política. Trata-se ainda de uma ferramenta bastante maleável para que as postagens sejam apagadas, desmentidas ou reiteradas, conforme a dança da opinião pública em torno do tema. No Brasil, a comunicação política que saiu vencedora das eleições deste ano vale-se de mecanismos e lógica semelhantes. Não à toa, o guru de Trump no campo do marketing trocou ideias com a equipe de Bolsonaro. Há um alinhamento tanto nos discursos quanto nas estratégias.
Há uma série de textos de Lakoff no medium sobre o uso da linguagem na gestão Trump. Vale a pena dar uma lida!
