Antídotos ao medo da morte
De Rebecca Elson*
Às vezes como antídoto
Ao medo da morte,
Eu como as estrelas.
Nessas noites, deitada de costas,
Eu as chupo da escuridão
Até que todas estejam dentro de mim
Pimenta quente e aguçada.
Às vezes, em vez disso, me mexo
Em um universo ainda jovem,
Ainda quente como sangue:
Sem espaço sideral, apenas espaço,
A luz de todas as não-ainda estrelas
À deriva como uma névoa brilhante,
E todos nós, e tudo
Já estamos lá
Mas sem restrições de forma.
E às vezes é o suficiente
Deitar aqui na terra
Ao lado de nossos longos ossos ancestrais:
Atravessar os campos de calçada
Dos nossos crânios descartados,
Cada um como um tesouro, como uma crisálida,
Pensando: o que restou dessas cascas
Voou com asas brilhantes.
*Astronauta e poeta, Rebecca Elson morreu aos 39 anos vítima de um câncer raríssimo em pessoas de sua idade. Sua obra poética é atravessada pela experiência da precariedade da vida em contraponto à vastidão do universo. O blog publica a versão em português de um de seus poemas “Antídotos ao medo da morte”. Para saber mais sobre ela https://www.brainpickings.org/2020/04/10/antidotes-to-fear-of-death-rebecca-elson/
Tradução: Ricardo Moura