Oficina de Escritores — Stephen Koch
Anotações
Todo drama se baseia em acontecimentos implausíveis que acometem a vida comum e a fazem mudar. (..) Parte de seu trabalho consiste, por certo, em tornar verossímil o implausível. Depois disso, depois de torná-lo verossímil, prossiga para torná-lo inevitável. Assim pode-se chegar à arte.
Base da história:
"Toda história é o que os seus personagens fazem. Portanto, mostrar como as personagens são, qual sua aparência ou o que elas sentem tem importância secundária."
A motivação da personagem(o desejo) é o que gera a história. "O desejo levará a um resultado e aí se encontra, sempre, alguma história, um caminho para a narrativa, uma rota para o final. "
A história precisa partir de um ponto e avançar para um fim.
Escreva sobre o que você conhece, é possível perceber quando o escritor conhece ou só ouviu falar/leu sobre o assunto.
Estrutura
"O conto, assim como o poema lírico, pode ser relativamente estático. Pode se utilizar de sua narrativa tanto para estabelecer e fortalecer uma imagem quanto para conduzir a história a um desenlace dramático. "
“A história antecede o enredo”. Ou seja deve se planejar a história em termos gerais inicialmente. O enredo, os detalhes de como cada coisa acontece vem depois.
Estrutura: começo, meio e fim. 3 atos. Um começo natural e um fim natural graças a um meio em forma de arco, cujo fico é o clímax.
Conflito: o conflito é o embate a ser resolvido. Se o leitor não se interessar por isso ele não vai se interessar pela leitura. O conflito não precisa ser revelado logo de cara para o leitor. O conflito é o que organiza a narrativa.
O conflito dá forma aos personagens. Trás a tona a sua "personalidade" mostrando quem se importa com o quê na história.
Versões
“The first draft of anything is shit.” — Ernest Hemingway
Escrever a primeira versão: o mais importante é concluir e fazer rápido. Não pense na perfeição.
"Escreva tudo. Despeje-se na página. Escreva uma primeira versão terrivelmente fraca, atuo-indulgente, lamurienta e choramingas. Depois, tire os excessos, o mais que puder" (Anne Lamott, Bird by Bird)
"Até que você conte a história, a história toda, ela não passará de fumaça. Além disso, é provável que não a relate de modo exato logo na primeira tentativa. Você tomará rumos equivocados e usará a chave errada, ou a chave certa na porta errada. (…) Se você for como a maioria das pessoas, terá de contar essa história mais de uma vez- talvez até várias vezes- antes de conseguir terminá-la."
Perguntas narrativas
"Você está em busca de uma história. Então faça perguntas que sejam respondidas com uma história.Em vez de se indagar o que significa tal coisa, pergunte qual o desenlace e como chegar nesse desenlace."
Perguntas narrativas envolvem a motivação. "O que acontece?"
Personagens
Quando a história ficar confusa não volte para o enredo e sim para as personagens. Volte para o conflito humano e para o que motiva as pessoas que o provocam.
Protagonista: é aquele cujo problema é o foco principal da história e cujo destino define o significado dela. (Em geral tem 1 na história e às vezes dois).
Antagonista: personagem que, de modo mais significativo, personifica o outro lado do conflito vivido pelo protagonista.
"O protagonista não precisa ser a personagem à qual é dedicado o maior número de páginas, nem a personagem cujo ponto de vista a história é contada. O protagonista é a personagem cujo destino é o mais importante para a história."
Não incluir personagens demais. Principalmente não colocar nenhum personagem sem função na história.
Os personagens SÃO suas ações. Ação = qualquer pensamento, palavra ou gesto que envolve a personagem com alguma outra personagem, constituindo um acontecimento. Na ficção, a ação consiste em intercâmbios humanos. Claro que existem personagens solitárias, mas cuidado com a solidão pura e simples.
Não confundir atividade com ação. Atividade são atos corriqueiros que podem ser usados para caracterizar a personagem mas não tem uma função na história. Use apenas algumas linhas para situar a personagem.
