Liat Lavee (à esq.) e Yael Brandt (à dir.), gerentes de desenvolvimento de negócios sustentpaveis e de transformação digital e desenvolvimento de clientes da Unilever em Israel. / Foto: divulgação.

“Os funcionários têm muito a ganhar trabalhando com startups”

The Funnel
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6 min readApr 28, 2020

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Para as gerentes de transformação digital e desenvolvimento sustentável de negócios da Unilever Israel, as atividades de inovação ajudam a reciclar conhecimentos das equipes envolvidas

Por The Funnel Global

Liat Lavee e Yael Brandt ocupam, respectivamente, as gerências de desenvolvimento de negócios sustentáveis e de transformação digital e desenvolvimento de clientes da Unilever em Israel. Nos postos que ocupam, são parte estratégica das equipes responsáveis por articular a colaboração entre startups, universidades e equipes das mais diferentes áreas da companhia em projetos de inovação aberta. “Não temos uma função oficial de gerenciamento de inovação, mas um fórum digital e de inovação”, afirmam. Em entrevista conjunta à The Funnel, as duas executivas falam sobre o modelo de trabalho usado pela Unilever para gerar inovação, com impacto global, em sua unidade israelense, e sobre as relações positivas de troca de conhecimentos que podem surgir entre os times internos, as startups e membros da academia em projetos de inovação aberta.

Quais os projetos de inovação em andamento atualmente na Unilever Israel?

Trabalhamos em estreita colaboração com a Earthbound, que é o Porto de Inovação Aberta da Unilever, com sede em Israel. Esse porto está buscando soluções para diversas necessidades que temos na Unilever, globalmente e em Israel. Também encontramos ativamente soluções para diferentes desafios que temos fora da empresa e na Unilever em todo o mundo. Temos vínculos com a academia e com empresas de alta tecnologia para gerar valor para a empresa. O elemento mais recente, por exemplo, foi a inovação interna impulsionada por um hackathon global de ideias, que envolveu funcionários de todo o mundo na criação de ideias inovadoras. Após o concurso, vários funcionários escolhidos receberam tempo e recursos para desenvolver suas ideias ainda mais.

Você pode nos dar um exemplo de desafio solucionado por uma ideia vinda de startups ou de uma fonte interna?

Há três anos, pensamos nos supermercados locais, que fazem parte do nosso ecossistema de negócios, e no desafio de ter uma presença on-line. O marketing é um desafio para essas lojas locais devido ao tempo e aos recursos limitados, o que dificulta ainda mais o gerenciamento de domínios digitais. Começamos a procurar startups que pudessem ampliar a capacidade dos nossos clientes terem presença on-line e se integrassem aos seus vários sistemas, como o de caixa. Eventualmente, estabelecemos uma parceria com a Self Point, uma startup de comércio eletrônico digital, para desenvolver uma solução de plataforma digital e oferecer a esses mercados uma experiência de integração ao digital, que leva apenas algumas semanas e é subsidiada juntamente com o treinamento e o suporte necessários. Para esta iniciativa chamada “Shopo”, temos um gerente de programa dedicado que cria campanhas de marketing e as vende para as lojas, ajudando-as a alcançar seus objetivos on-line. É uma marca inovadora de um serviço da Unilever que surgiu de uma ideia interna em Israel. A “Shopo” tinha seu orçamento, recursos e, mais importante, a licença para tentar e falhar. É um bom negócio para uma corporação global.

O que as startups ganham ao trabalhar com a Unilever, em comparação com outras empresas?

A Unilever é uma das maiores empresas de bens de consumo do mundo. Ao trabalhar com a Unilever, as startups israelenses ter oportunidade de crescer globalmente. Em segundo lugar, com base no estágio em que se encontram, as startups precisam acessar mercados reais para testar suas premissas e verificar se seus produtos são atrativos e geram valor. Nosso conhecimento, experiência e canais cruciais são essenciais para que possam melhorar seus produtos.

Você tem uma função central no trabalho com startups, com membros das unidades de negócios ou sua atuação é uma combinação de ambos?

É uma combinação. Não temos uma função oficial de gerenciamento de inovação, mas um fórum digital e de inovação, presidido pelo CEO da Unilever Israel. Uma das prioridades desse fórum é a inovação aberta. Os membros desse fórum passaram por um processo de definição de desafios organizacionais e geralmente fazem parte da identificação de soluções e de seu acompanhamento. Portanto, as seções relevantes das unidades estão diretamente envolvidas com as startups. Também fazem parte deste fórum executivos responsáveis por assuntos regulatórios e jurídicos, áreas tradicionalmente mais resistentes à inovação e a mudanças.

Em que momento é tomada a decisão de que um projeto envolvendo uma startup passará a fazer parte dos planos de trabalho da companhia?

O líder da unidade que será diretamente envolvida é que toma a decisão, mas o link com essa unidade começa desde o início do projeto. Quando identificamos uma startup com potencial, envolvemos os profissionais da área pertinente e os consultamos. Se eles estiverem interessados, podemos orientá-los como trabalhar com startups e conectá-los às principais funções da Unilever. A força motriz para o projeto, no entanto, deve vir dos profissionais das unidades envolvidas, pois são eles quem têm a compreensão mais clara dos benefícios potenciais e das chances de superar os possíveis obstáculos à implementação. Esses líderes de projeto obtêm o suporte necessário internamente de funções especializadas, como tecnologia da informação (TI).

O que você considera atualmente os desafios mais significativos do processo?

Um dos maiores desafios é entender o mundo das startups. A Unilever é uma corporação com cultura e ritmo próprios. As startups são geralmente mais energéticas em relação à disponibilidade, ânimo e áreas foco. Precisamos trabalhar com as equipes internas que estão voltadas para as startups e orientá-las a lidar com essas startups. É nossa responsabilidade treinar as equipes internas para que compreendam que essa é uma parte normal do trabalho com essas empresas jovens. Uma coisa que funciona a nosso favor é que os participantes dessas equipes internas perceberam que trabalhar com startups contribui para suas habilidades e profissionalismo, os ajuda a se tornarem mais flexíveis, mais ousados e a começarem a pensar fora da caixa.

Qual seria seu conselho para os leitores que estão dando os primeiros passos na criação de atividades de inovação?

É crucial envolver a liderança da empresa para que os resultados na forma de projetos relacionados a startups se tornem parte dos planos de trabalho organizacionais. Portanto, o envolvimento de equipes mais amplas é vital porque, como dissemos anteriormente, ao ter pessoas das unidades impulsionando os projetos, podemos obter resultados de qualidade muito mais elevados. Esse engajamento pode ser alcançado garantindo que eles entendam quais são os benefícios pessoais. Os funcionários têm muito a ganhar trabalhando com startups. Identifique aqueles que são apaixonados por promover mudanças e inovação e envolva-os no início da jornada. Por fim, entender o mundo dessas startups em termos de suas necessidades, como elas funcionam e pensam é essencial, pois são muito diferentes das corporações. Para gerentes de inovação que lidam com startups, ter essa habilidade é fundamental, porque você investe muito tempo e esforço com essas empresas jovens e precisa entender e apreciar o mundo delas para ter sucesso. Tecnicamente falando, isso se manifesta na forma de um cronograma de pagamento, integrando rapidamente as startups por meio do processo de compras, etc.

Onde vocês vêem as atividades de inovação aberta na Unilever Israel daqui a dois ou três anos?

Teremos uma compreensão ainda melhor dos desafios corporativos que as startups podem resolver e do valor que podemos obter, além da capacidade de gerar muitos outros projetos baseados em tecnologia externa das startups e da academia. Para apoiar isso, devemos ter um modelo operacional e processos internos para atender às necessidades específicas de trabalhar com startups.

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