Bruno Trachez do Couto, diretor executivo de inovação da Mutant. / Foto: divulgação.

Programas de inovação entram na estratégia de crescimento da Mutant

Redação The Funnel
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4 min readJul 8, 2020

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Antes, ações na área aconteciam de forma dispersa na companhia, especializada em ferramentas para melhorar o relacionamento das empresas com clientes

Por The Funnel Brasil

Embalada por aquisições recentes, e agora pela demanda por transformação digital gerada pela pandemia, a Mutant vêm buscando estruturar e disciplinar seus processos de inovação aberta e de intraempreendedorismo. Especializada em ferramentas que ajudam empresas a melhorar a relação com os clientes, a companhia criou, há cerca de um ano, dois novos programas. O primeiro, chamado Mila (Mutant Innovation Lab), é uma aceleradora de projetos de inovação voltada ao público interno. O segundo, batizado Mutant Garage, é um programa de inovação aberta com perfil semelhante ao Mila, mas voltado à atração de startups com produtos ou serviços de áreas de interesse de atuação da empresa.

“Desde a origem, a Mutant sempre foi muito inovadora. Mas, na medida em que foi incorporando novas empresas e criando unidades de negócios, tornou-se importante trazer algum método para garantir o alinhamento estratégico e aumentar as chances de sucesso dos investimentos na área”, afirma Bruno Trachez do Couto, diretor executivo de inovação da Mutant, que hoje atua nas áreas de aceleração de jornada do consumidor, desenvolvimento de softwares, insights de performance e plataformas omnichannel.

Segundo Alexandre Bichir Almeida, CEO da Mutant, os dois novos programas formam, junto com o programa de aquisições, o tripé da estratégia de crescimento da companhia. Desde que começaram a rodar, já foram apresentadas internamente dezenas de propostas de novos produtos e serviços. Nem todas têm o perfil desejado pela companhia, ou potencial de futuro. Mas, de acordo com a empresa, atualmente há mais de 20 projetos acontecendo no Mila, dos quais sete já estão em fase de aplicação em clientes ou sendo oferecidos ao mercado. Para o Mutant Garage, foram analisadas mais de mil iniciativas de startups. Após a confirmação de viabilidade econômica, quatro delas se tornaram empresas parcerias e/ou investidas pela Mutant, segundo a empresa.

Mecânica interna

O Mila funciona da seguinte forma. Qualquer um dos 3,2 mil funcionários da empresa pode apresentar ou abraçar uma proposta de inovação e tocá-la para frente, diz Couto. A primeira etapa no processo é um pitch da ideia. Se houver alinhamento com a estratégia da companhia para a área de inovação, o projeto passa então para a fase de ideação. Nela, a proposta é estruturada de fato, com a definição de alguns indicadores, como chance de sucesso e potencial de contribuição para o ebitda (indicador que mede o potencial de geração de caixa), diz o executivo. A etapa seguinte é de testes de mercado das hipóteses levantadas. “Na medida em que as hipóteses vão se confirmando, o risco vai diminuindo e torna-se mais seguro investir mais em um novo ciclo de testes”, afirma.

O método de trabalho com startups no Garage é similar, diz Couto. Segundo ele, as teses de inovação são as mesmas que as usadas no Mila. O que muda é a interação. “A iniciativa fora de casa tem autonomia maior e a gente constrói modelos de parceria nos quais essa interação pode funcionar. Pode ser o modelo cliente-fornecedor ou podemos participar como investidores, quando a inovação é em competências estratégicas para a Mutant”, diz.

Além do potencial de sucesso e de geração de ebitda dos projetos de inovação, há ainda um outro indicador chave que a Mutant mede, segundo Couto. É o engajamento ao Mila. Isso porque, afirma, nem todas as iniciativas de inovação dentro da empresa seguem atualmente a metodologia do programa. Algumas surgem e se desenvolvem de forma independente dentro da empresa, como já acontecia antes da criação do Mila, diz.

A ideia, porém, é que a adesão ao programa aumente com o tempo. Um dos incentivos para que isso aconteça, diz o executivo, é o leque de serviços oferecidos dentro do programa aos líderes de cada iniciativa, chamados de founders. A lista inclui um “CFO as a service”, para fazer a modelagem financeira do negócio; suporte para prototipação, com o Solution Labs, que aplica práticas de engenharia de software às ideias do projeto; o IA Labs, de inteligência artificial; e o TED (technology adviser report), que ajuda na escolha de ferramentas tecnológicas, principalmente de terceiros, afirma Couto. “Quando o negócio avança, vai conseguindo financiar a própria estruturação e se desapega do Mila”, afirma.

Perspectiva

Dentro desse modelo, a Mutant anunciou que tem expectativa de crescer 35% este ano, sobre o faturamento de R$ 800 milhões, em 2019. Parte do crescimento virá de aquisições, duas delas já anunciadas este ano. “Temos uma área de fusões e aquisições muito ativa e sempre atenta às novas oportunidades. Atualmente, além da compra da Zoly e da Tekoa, estamos analisando cerca de 15 empresas, das quais quatro em etapa bem avançada no processo de aquisição”, afirma Almeida. Mas a companhia aposta também no crescimento orgânico com novidades no uso de inteligência artificial (IA) aplicada à experiência do consumidor, novos modelos de negócio e canais de venda, entre outras coisas, diz Couto.

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