Três maneiras pelas quais os líderes globais podem priorizar o impacto ASG

Redação The Funnel
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3 min readJun 15, 2021
Suzanne DiBianca, Chief Impact Officer da Salesforce

Ações integradas, padronização e transparência são essenciais para que os esforços corporativos em prol da sustentabilidade ambiental e social não se tornem apenas peças de marketing

Por Suzanne DiBianca *

A comunidade global está enfrentando muitas crises, incluindo uma pandemia. São as trágicas consequências de séculos de desigualdade racial e uma emergência climática. Mas este ano também trará oportunidades para que as corporações trabalhem com governos e indivíduos para reconstruir e criar um futuro mais justo e sustentável para todos.

O desafio que temos pela frente? Manter o ritmo em direção a uma mentalidade de “resultado financeiro triplo” e manter a responsabilidade conforme a adoção cresce.

Atendendo a novas expectativas

O capitalismo de partes interessadas (stakeholders), um modelo de negócios que vê líderes de negócio como administradores para a sociedade, evoluiu. É mais do que apenas um termo proposto pelo professor Klaus Schwab na fundação do Fórum Econômico Mundial, há 50 anos. De acordo com uma pesquisa recente, quase 90% dos clientes esperam que as empresas atendam a um conjunto de padrões mais elevado do que apenas o retorno para os acionistas.

Fazer o bem é bom para os negócios e os tomadores de decisão nas empresas já viram como as estratégias de impacto criam ciclos positivos, alimentando o crescimento, construindo marcas, aumentando o envolvimento dos clientes e forjando confiança entre as partes interessadas. É também uma ferramenta inteligente para recrutamento e retenção de talentos.

Como resultado, líderes em contextos corporativos e políticos ao redor do mundo estão incorporando impactos ambientais, sociais e de governança (ASG) profundamente em suas culturas, estratégias e missão. Hoje, 90% das empresas do S&P 500 produzem relatórios ASG, e o Morgan Stanley declarou que ASG irá definir a próxima década de investimentos.

O Reino Unido aprovou regras obrigatórias de divulgação de dados sobre o impacto climáticos para empresas do setor privado, enquanto o Japão liderou uma onda de nações que lutam para alcançar emissões zero até 2050. Na União Europeia, a Diretriz de Relatórios Não Financeiros está impulsionando a transparência ASG corporativa.

Conforme a agenda ASG ganha relevância, os líderes devem encontrar formas de assegurar que as medidas de impacto continuem a crescer e evoluir, de acordo com novas necessidades que surgirem. Considerar os seguintes fatores pode ajudar na tarefa:

Interseccionalidade: Líderes comprometidos com ASG devem desenvolver estratégias de impacto tendo em mente a interseccionalidade. O sucesso de cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU — metas como erradicar a pobreza ou criar economias mais justas — estão vinculados. A pobreza não pode ser enfrentada sem combater a fome; a igualdade de gênero é parte integrante da reforma educacional.

Parceria

Tal crescimento e mudança só são possíveis com colaboração e cooperação. Considere a iniciativa 1t.org — um projeto envolvendo interesses diversos com o objetivo de cultivar, restaurar e conservar um trilhão de árvores em todo o mundo, até 2030. Só uma parceria público-privada compreendendo grande número de organizações, com recursos e conjuntos de habilidades sobrepostos e complementares, poderia esperar atingir meta tão ambiciosa. Colaborações como essa são urgentemente necessárias para cumprir os ODS.

Responsabilidade

Por fim, esses esforços não criarão sustentabilidade sem transparência significativa. Os líderes devem permanecer comprometidos com a responsabilidade e métricas padronizadas. Somente a padronização e a transparência podem evitar que o ASG se torne uma ferramenta vazia para marketing ou “greenwashing”. Embora os principais organismos de certificação estejam se reunindo para harmonizar as métricas, nenhum padrão ASG global e aceito para divulgação corporativa está ainda em vigor. Uma convergência da estrutura de relatórios ASG dará a todas as partes interessadas visibilidade sobre o impacto real gerado por uma empresa.

Lidar com esses fatores está na concepção e na estratégia de qualquer iniciativa. O capitalismo, da forma como está projetado atualmente, não funciona para todos. Precisamos de uma forma mais igualitária, justa e sustentável de fazer negócios, que valorize o propósito ao lado do lucro. Se continuarmos comprometidos com a reforma e a inovação, o impacto tem a oportunidade de provar que os desafios que enfrentamos podem acelerar o progresso, não inibi-lo. Esta é nossa promessa — uma promessa que convidamos outros a fazerem conosco.

*Suzanne DiBianca é Chief Impact Officer da Salesforce

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