Entendendo a NFL: A franchise tag

Thiago Barata
The Playbook Brasil
4 min readFeb 17, 2017

Mais uma grande temporada foi escrita nos livros da história da NFL e com ela chega a offseason. Desde ontem, dia 15 de fevereiro, os times da NFL podem escolher um jogador de seu plantel para receber a franchise tag e isto deve ser feito até o dia 1º de março. Mas o que isto significa, exatamente?

Cada time tem direito de selecionar apenas um único atleta para colocar sob um contrato de um ano. Existem 3 tipos diferentes de tags: a de transição, a não-exclusiva e a exclusiva.

Quando um jogador recebe um tag de transição, ele receberá um salário no ano seguinte com valor igual a media dos 10 maiores salários de sua posição na liga. Neste caso, qualquer time ainda pode procurá-lo e lhe oferecer um contrato (desde que não durante o período de legal tampering). Caso alguém o faça, seu time pode tentar igualar ou superar a proposta para tentar mantê-lo no time. Se o jogador não receber uma oferta, deverá jogar no ano seguinte de acordo com o valor estabelecido pela sua tag desde que assine a tag. Se ele decidir mudar de ares, seu time não receberá qualquer tipo de compensação.

Para que isto não aconteça, alguns times preferem se precaver e mitigar os possíveis danos. Usando a tag não-exclusiva, o jogador receberá um salário igual a media dos 5 maiores salários de sua posição dos últimos 5 anos ou 120% do seu salário no ano anterior (o que for maior). E outros times ainda poderão procurá-lo para tentar trazer o reforço pra casa. No entanto, pagando mais caro, neste caso o time tem certas regalias. Se o jogador receber uma oferta e o clube decidir não cobri-la, o time receberá duas escolhas de primeira rodada no draft do time que “roubou” sua estrela.

Por fim, para casos em que se deseja manter a prata da casa a qualquer custo, existe a tag exclusiva. A situação é praticamente idêntica a da tag não-exclusiva, mas neste caso nenhum time pode tentar roubar seu atleta. Em compensação, o jogador receberá os 120% do seu salário do ano anterior ou a media dos 5 maiores salários de jogadores de sua posição até abril daquele mesmo ano. Desta forma, o atleta receberá um valor ainda maior que na tag não-exclusiva e o time não terá qualquer risco de perder sua estrela por mais uma temporada. É uma arma que os general managers têm disponível em seu arsenal e que os jogadores, em geral, detestam. No entanto, caso as partes não cheguem em um acordo e um contrato de longo prazo não seja assinado, esta tag (que raramente é usada) garante que o jogador sem dúvidas permanecerá na equipe, pelo menos até a próxima temporada.

Vale ressaltar também que o mesmo jogador pode receber uma franchise tag em anos consecutivos. Contudo, para que o atleta não fique a mercê desta ferramenta contratual, seu valor passa a se tornar cada vez mais elevado caso este seja o caminho escolhido pelo time. Se um jogador receber um tag dois anos seguidos, no 2º caso seu salário será igual a 120% do que foi no ano anterior (onde ele já havia possivelmente recebido uma quantia igual a media dos 5 atletas mais bem pagos da sua posição em toda a liga). Na 3ª vez, o time deve abrir os cofres para pagar 144% do que este recebeu no ano anterior (ou seja, 172,8% do que ele recebeu na 1ª vez). Na hipótese do jogador optar por não assinar o contrato de uma tag exclusiva, terá que passar a temporada inativo, uma vez que seus direitos serão do time e as outras franquias não podem negociar com ele.

Porém, na maior parte das vezes esta artimanha é usada apenas para possibilitar que a franquia possa chegar a um acordo de longo prazo com sua estrela. Com mais tempo para negociar com seu atleta e correndo menos risco de outros times entrarem no páreo e tornarem a corrida um grande leilão de talento, diversos general managers usam a tag como parte de sua estratégia contratual. Poucos fazem isto com tanta maestria quanto o GM de Denver.

John Elway se tornou conhecido nos últimos anos por correr riscos bem calculados trazendo free agents que ajudaram a mudar o rumo da franquia e garantir mais um título (no Super Bowl L) para o time de Colorado. Mas ele mantém a mesma prática ao cuidar dos talentos criados em casa. Em 2012, 2013, 2015 e 2016 usou a tag para ganhar tempo e assinar contratos com Matt Prater, Ryan Clady, Demaryius Thomas e ninguém mais que Von Miller (provavelmente o jogador mais cobiçado após amassar Tom Brady e Cam Newton rumo ao título do campeonato e de MVP da grande final).

De acordo com o repórter da ESPN, John Clayton, em 2017, as franchise tags não-exclusivas deverão ter mais ou menos estes valores por posição:

Nesta semana, vamos dar uma olhada em quais são os candidatos mais prováveis a receber a franchise tag de seus times. Com a offseason tendo seu pontapé inicial nesta semana, será interessante observar como os times tentarão melhorar suas equipes para a temporada de 2017. E tudo começa fazendo o trabalho de casa.

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Thiago Barata
The Playbook Brasil

Estudante de engenharia, flamenguista de coração e cozinheiro de fim de semana. Apaixonado por futebol americano e pelos Colts!