O caminho para o Super Bowl LI: New England Patriots

Thiago Barata
The Playbook Brasil
6 min readFeb 1, 2017

Como New England Patriots e Atlanta Falcons chegaram a este Super Bowl? Os Patriots chegam a grande final pela 9ª vez em sua história (todas com Tom Brady e Bill Belichick no comando), chegando ao maior número de aparições no Super Bowl na história. Já os Falcons, do provável MVP Matt Ryan, vão fazer parte do maior palco do futebol americano somente pela segunda vez. Enquanto um time procura seu 5º título e deseja fincar seu nome como a maior dinastia do século XXI (com o maior técnico e quarterback da história), o outro está a um jogo de começar a escrever sua própria história. Sem saber quem ganhará este incrível confronto, vale a pena dar uma olhada e rever como cada um dos campeões de conferência chegaram até aqui, começando pelos Patriots.

Os Patriots começaram 2016 de maneira conturbada. Depois da decisão de Brady de não recorrer a punição estabelecida pelo comissário Roger Goodell e a NFL, New England teria de começar sua temporada sem o seu melhor jogador. Todos achavam que os Patriots perderiam a maior parte de seus 4 primeiros jogos da temporada, sem poder contar com Brady, mas não foi bem assim.

O melhor staff da liga montou estratégias perfeitas e sob medida para os quarterbacks Jimmy Garoppolo e Jacoby Brissett. O 1º jogo da temporada seria marcado por um encontro entre os dois vice-campeões de conferência do ano anterior: Patriots x Cardinals. Os azarões de Boston ganharam um jogo apertado em Arizona, quando Chandler Catanzaro errou o field goal que viraria a partida com 41 segundos restando no relógio. Depois disso, ninguém duvidava muito dos Patriots, que tinham três jogos pela frente em casa. Na semana seguinte, ganharam dos Dolphins com uma atuação excepcional de Garoppolo, até que este saiu machucado. Por pouco Miami não conseguiu levar o jogo para a prorrogação depois de um esforço imenso para voltar no placar.

Na semana 3, Josh McDaniels mostrou porque é considerado um dos melhores coordenadores ofensivos da liga. Mudando o seu ataque completamente, para melhor explorar as características de Brissett, New England deu uma surra nos Texans, ganhando por 27 a 0. A vitória trouxe tranquilidade para os torcedores de Foxborough e muitos já começavam a pensar se seria possível viver sem Brady. Mas uma derrota humilhante para o rival de divisão em casa fez com que todos abrissem seus olhos. Os Bills de Tyrod Taylor e LeSean McCoy aplicaram a primeira derrota sem pontos aos Patriots em casa desde 1993: 16 a 0.

Com o time mordido e querendo mostrar a sua torcida o que era capaz, eles então receberam de volta sua grande estrela. Brady não mostrou misericórdia aos Browns. Em Cleveland, os Patriots mostraram que estavam de volta ao velho ritmo, pontuando em todos os quartos pela 1ª vez na temporada. 33 a 13, em um jogo que poderia ter sido bem mais elástico.

New England montou então sua velha fórmula que sempre deu resultado. Com Brady no comando, LeGarrette Blount atropelando defensores, Julian Edelman e Rob Gronkowski dando pesadelos às defesas adversárias, o ataque funcionava como uma máquina. A defesa cedia pontos, mas aparecia nos momentos mais cruciais com interceptações, fumbles recuperados e eficácia dentro de sua própria redzone. Os Patriots ganharam jogos difíceis contra os Bengals em casa, os Steelers em Pittsburgh e a revanche em Buffalo.

O único momento mais crítico veio depois do bye da semana 9. Em um jogo extremamente disputado os Seahawks saíram vitoriosos de Foxborough. Brady não anotou um touchdown, e Gronkowski não conseguiu receber a bola no canto da endzone para empatar a partida. Russel Wilson, Doug Baldwin e Kam Chancellor foram os grandes heróis da noite, revertendo os papéis do Super Bowl IL, segurando os Patriots na linha de 1 jarda para vencer a partida. Porém o que mais doeu não foi a derrota, mas a pancada dada pelo safety Earl Thomas no gigante Gronkowski. O choque traria sequelas que, duas semanas depois, fariam que o atlético tight end ficasse fora do restante da temporada.

A única derrota do time na temporada com Brady como titular rendeu frutos. Belichick e o brilhante coordenador defensivo Matt Patricia certamente fizeram ajustes. O time se adaptou bem a saída do excelente outside linebacker Jamie Collins (trocado por uma escolha de 3ª rodada com os Browns), considerado por vários jogadores da própria defesa como sua melhor peça. Dividindo funções entre seus jogadores, a defesa de New England se tornou mais disciplinada e minuciosa.

Depois de ceder mais de 30 pontos pela única vez na temporada na partida contra Seattle, os Patriots melhoraram demais e caminharam em passadas largas para chegar nos playoffs. Nos últimos 7 jogos da temporada, os Patriots cederam, em média, 12,4 pontos e terminaram com a defesa menos vazada da liga. Apenas os Ravens chegaram a marcar mais do 20 pontos na defesa durante esta guinada (e foram, muito provavelmente, os únicos a ameaçarem aplicar mais um revés aos líderes da AFC). Garantindo o 1º lugar da conferência americana pela 6ª vez em sua história, New England teve a vantagem de descansar uma semana e ter mando de campo durante toda sua caminhada na pós-temporada até chegar no Super Bowl.

Graças à lesão de Derek Carr, quarterback dos Raiders, na penúltima semana da temporada regular, os Patriots receberiam os campeões da AFC Sul, Houston Texans. Sem dúvidas, o time mais fraco do Divisional Round, os Texans fizeram o possível para segurar Brady. Quase conseguiram. No pior jogo dos Patriots na temporada, Whitney Mercilus e Jadeveon Clowney sufocaram Brady durante todo o jogo, mas não foi o suficiente. Sem poder contar com um bom quarterback, Houston não conseguiu aproveitar as chances criadas e teve que voltar para casa.

Os Patriots chegaram a sua 6ª final consecutiva da conferência americana e enfrentaram os Steelers em Foxborough. Muitos achavam que seria improvável que New England conseguisse parar os “Killer Bees” — trio ofensivo formado por Ben Roethlisberger, Antonio Brown e Le’Veon Bell. Mas o principal jogador da temporada para Pittsburgh saiu machucado ainda no final do 1º quarto. Brady focou nos jovens Sean Davis e Artie Burns na secundária dos Steelers, e seus passes rápidos para Dion Lewis e lasers lançados na direção de Chris Hogan foram constantes e eficazes durante toda a partida. Com a defesa segurando os Steelers a um field goal antes do intervalo, parecia que o jogo ainda seria bem disputado. Mas esqueceram de avisar isso para Tom Brady e a defesa dos Patriots.

Brady, Blount, Hogan e Malcolm Butler foram implacáveis. Os 3 primeiros não deram chances para a defesa dos Steelers, contando também com um excepcional desempenho de sua linha ofensiva. Butler, herói do Super Bowl IL e hoje o melhor cornerback do time, não deu espaços para Brown. O wide receiver quase não apareceu durante toda a partida e não houve válvula de escape para Big Ben, que ainda teve que manter o ataque funcionando mesmo com diversos drops de seus recebedores. Brady e Hogan continuaram em sincronia perfeita, e o wide receiver teve seu melhor jogo da carreira, anotando 180 jardas e 2 touchdowns. Quando o placar chegou a 36 a 9 para os donos da casa, já era óbvio que Brady e a franquia iriam pela 7ª vez para um Super Bowl.

Mesmo com diversos percalços pelo caminho, os Patriots parecem que só melhoram. Perdas temporárias de diversos jogadores fundamentais para o time foram supridas graças ao melhor grupo de treinadores da liga. Durante todo o caminho, parecia que os Patriots caminhariam até sua 5ª conquista. Resta saber se, no domingo, eles conseguirão ganhar de Atlanta.

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Thiago Barata
The Playbook Brasil

Estudante de engenharia, flamenguista de coração e cozinheiro de fim de semana. Apaixonado por futebol americano e pelos Colts!