A derrota de OKC é culpa do Melo. Será mesmo?

HitTheGlass
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3 min readMay 1, 2018

O Oklahoma City Thunder não resistiu ao ótimo time do Utah Jazz e foi derrotado por 4 a 2 na primeira fase dos playoffs de 2018. Com uma atuação ofensiva fraca, Carmelo Anthony levou a maior parte da culpa da derrota do time. Mas, apesar do péssimo aproveitamento do ala, será que Melo deve mesmo ser culpado pela derrota?

Vamos começar a coisa jogando algumas estatísticas para vocês:

USG% — uma estimativa do número de posses usadas por um jogador quando em quadra: Melo foi o quarto colocado em USG% de OKC nos playoffs. Até Raymond Felton usou mais posses que Anthony.

Toques: ele foi o quarto em toques na bola por jogo no ataque. Até Steven Adams recebeu mais passes que Melo.

Post up: Melo converteu 50% de seus arremessos no pivô. Sabem quantas bolas por jogo recebeu onde teve sucesso? Apenas 2,8. Nem Adams o time colocou em posição de sucesso, com 2,3 passes recebidos no post up.

Catch & shoot: a maioria das vezes que Melo recebeu para chutar no catch & shoot OKC tinha menos de 7s de posse. Pouco tempo para que ele fizesse algo além de pegar e chutar seja qual situação fosse.

O que isso tudo quer dizer? Que Anthony tem razão quando fala que o time não tinha um plano de ataque para colocá-lo em boas condições. Ora, se um jogador aproveita 50% dos arremessos de um lugar e, junto com Jerami Grant, é um dos dois com mais pontos por toque na área pintada, e você passa para ele menos de três vezes por jogo, algo está errado.

Muito dessa culpa parte de Russell Westbrook. O armador de OKC joga muito. Não é a toa que foi o primeiro jogador na história com duas temporadas de média de triplo duplo (apesar do jeito que NBA conta assistências hoje ajude. Mas isso é assunto para outra história). Mas, Russ não tem uma atitude de reconhecer onde seus companheiros têm mais sucesso, colocar a bola debaixo do braço e mandar “vamos colocar o Melo ou o Adams no post up agora que eles mandam bem lá e a gente precisa de uma cesta”. Ele prefere colocar a bola debaixo do braço e tentar atropelar para o aro. A não ser que Rudy Gobert esteja lá.

Com Gobert em quadra, os dois melhores jogadores de OKC recusaram-se a infiltrar, com medo do toco do pivô francês. A segunda vitória do Thunder só veio quando ele saiu com cinco faltas. Foi aí que Paul George e Westbrook resolveram atacar o aro.

Westbrook teve 42,2% de seus pontos vindos de infiltrações na temporada regular, George teve 53,5%. Já nos playoffs, as percentagens caíram para 32,8 e 46,2, respectivamente.

A diferença de atitude dos dois, com e sem Gobert em quadra, fica evidente nos vídeos acima.

Não preciso nem falar o quão ruim George foi na defesa. Joe Ingles e Donovan Mitchell colocaram o “Playoff P” no bolso a série inteira. George que deveria ser um dos melhores defensores do time, se não o melhor.

Melo jogou bem? Não. Mas para culparmos alguém que teve o mesmo USG%, não recebeu bolas onde poderia ter sucesso e só comprometeu defensivamente quando o esquema tático de Billy Donovan, treinador do Thunder, pediu troca — toda hora — e Melo ficou com um jogador que não deveria marcar, no perímetro, é um pouco de análise rasa.

Para cobrá-lo como foi cobrado, pelo menos deem a chance de sucesso.

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