“Essa é a vocação dele. Quando ele chuta uma bola, e você pensa que é um arremesso ruim, ele faz. É por isso que falamos 911 quando ele arremessa. Já era, é uma emergência”. Não havia palavras melhores para descrever o jogo de JR Smith, ala-armador do Cleveland Cavaliers, do que as usadas por Tristan Thompson na frase acima. Para a sorte dos Cavs, e azar do Atlanta Hawks, hoje o JR bom foi à quadra e assegurou a vitória por 97 a 89 fora de casa.
JR estava pegando fogo. Até seus piores chutes caíram e Smith terminou a partida com 28 pontos em 16 arremessos, dos quais 10 foram convertidos, sendo o único reserva dos Cavs a pontuar. E não foi só isso: JR ainda pegou 8 rebotes e teve tempo para distribuir 3 assistências, o que ele revelou ter sido uma preocupação durante o jogo. “É difícil, acertando os arremessos que eu estava acertando, tentar passar a bola. Mas você tem de achar um jeito”, declarou. Suas 8 bolas de 3 são um recorde da franquia e deixaram o jogador a um arremesso de empatar o recorde de cestas de 3 em uma partida de pós-temporada.
Inspirado por ele, como Cleveland achou um jeito de superar a partida ruim de Kyrie Irving, o ótimo primeiro tempo de Jeff Teague (17 pontos) e as armadilhas preparadas pelo Atlanta Hawks para vencer o jogo. O próprio duelo individual entre Smith e Kyle Korver se tornou um pequeno pesadelo para o jogador dos Hawks, que sofreu para marcar JR e teve muitos problemas no ataque contra Smith e Iman Shumpert.
Um fator importante na vitória dos Cavaliers foi a tenacidade de Tristan Thompson e Timofey Mozgov no garrafão, principalmente no ataque. Graças ao esforço dos dois debaixo do aro, Cleveland conseguiu amenizar os efeitos que poderiam ser sentidos ao enfrentar Paul Millsap e Al Horford. Juntos, eles somaram 21 rebotes na partida, 9 deles ofensivos, enquanto a dupla dos Hawks somou somente 13.
Como era de se esperar, LeBron James fez grande partida. O ala terminou com 31 pontos, 8 rebotes e 6 assistências, fazendo de tudo um pouco em quadra e selando a partida com uma bela enterrada. Seu principal marcador, DeMarre Carroll, não fazia partida ruim quando teve de sair de quadra com uma lesão no joelho esquerdo. O jogador será reavaliado nesta quinta. A partir daí, a marcação em LeBron foi responsabilidade de Paul Millsap, que fez um bom trabalho, usando toda sua mobilidade e força para limitar os espaços de James, que converteu apenas 1 de 6 arremessos feitos após a lesão de Carroll.
Quem não foi tão bem assim foi o armador reserva de Atlanta, Dennis Schroder. O alemão não envolveu seu time no ataque como deveria e segurou demais a posse, forçando arremessos e dispensando a principal característica dos Hawks: o jogo coletivo. Ainda assim, terminou a partida com mais de 18 minutos de quadra.
Muitos times que lutam por título mantêm jogadores como JR Smith em seu elenco. Pontuadores natos, embora sem muita regularidade, atletas da linhagem dele acabam se eternizando por ganhar um jogo ou outro para essas equipes nos playoffs, que no final pode ser a diferença entre um fracasso e a glória. Esta noite, foi um jogo desses, e não poderia vir em melhor hora para os Cavs: nos últimos 24 anos, 16 times estrearam nas Finais de Conferência do Leste com uma vitória fora de casa. 13 deles se classificaram.
Mas a explosão de JR não foi a única coisa atípica desse jogo. As duas equipes, por exemplo, chutaram muito melhor quando marcadas. Os Cavaliers 47,3% dos arremessos contestados, e apenas 37,9% dos chutes em que estavam livres. Nos Hawks, a diferença foi ainda maior, com 52,5% de conversão dos arremessos marcados e somente 35,1% de aproveitamento nos chutes sem marcação.
Essa série promete ser equilibrada do início ao fim. Não surpreenderá se for até sete jogos. Mas o primeiro passo foi dado pelo Cleveland Cavaliers e, com a lesão de DeMarre Carroll, pode ser um resultado muito mais importante do que parece para o confronto. Que os Cavs agradeçam ao bom JR Smith.
