Cortes zíper, a nova mania da NBA

The GOAT
thegoatbr
Published in
3 min readMar 8, 2016

A NBA é um animal estranho. Enquanto muitos condenam o triângulo como um sistema antigo, longe do que a liga atual pede, mas treinadores cada vez mais tentam controlar seus jogadores. Com defesas constantemente tentando antecipar ataques com mais opções, times acabam usando muito do mesmo. Em vez de um sistema baseado em ler e reagir, enfiam cada vez mais opções em um tipo de jogada. Quase como um lata de amendoim com cobras falsas dentro. Esperando para explodir na cara de quem tentar usá-la.

Duvidando da capacidade de adaptação dos atletas, treinadores enchem um pequeno número de jogadas básicas com opções em cima de opções. Por acreditarem que é difícil de ensinar e da falta de controle que teriam sobre atletas, eles correm do ler e reagir, da liberdade que o triângulo de Tex Winter e o ataque de zona morta de Rick Adelman proporcionam

Esse é o corte zíper. Ele dá uma grande dimensão ao ataque, oferecendo uma variedade de opções, mas mantém a ilusão de controle dos treinadores. Com ele, de certa maneira, jogadores ainda “correm sobre trilhos” fazendo o que o técnico desenhou no quadra. Talvez, por isso, quase todos os times usam o corte zíper.

Ele foi muito usado pelo Boston Celtics nos anos 60. Um ataque fácil de ensinar e que pode ser usado como a jogada final ou como base para entrar em outras jogadas. Por isso, também, é um favorito.

O San Antonio Spurs é um time especialista na jogada. O armador começa a jogada perto da linha lateral até fazer um passe para o ala-armador. Assim que o ala-armador recebe a bola os jogadores no garrafão “fecham o zíper” “abre o zíper” começando a jogada perto da linha de fundo e procurando um corta-luz de um dos homens de garrafão.

No vídeo abaixo — cortesia de Zak Boisvert — os Spurs usam bastante loop para livrar seu armador. Ele corre pelo fundo da quadra, recebendo três picks, até sair do outro lado. O vídeo também mostra variações da jogada, até com Tony Parker fingindo o corte e retornando para o lugar do início.

O corte zíper alivia o armador de iniciar a jogada de maneira ortodoxa. Assim que ele se livra da bola e o zíper fecha, ele tem a oportunidade de se mover em quadra, tentando perder a marcação. Por isso até, o esguio Steph Curry e o Golden State Warriors têm tanto sucesso.

Os Warriors fazem um pouco diferente dos Spurs. Steve Kerr, treinador da equipe, gosta de usar um corte zíper falso, onde Curry ou Klay Thompson fingem que irão para o zíper enquanto os dois homens de garrafão ficam no HORNS (quando o ala-pivô e pivô se posicionam nos cotovelos). Quando Curry ou Thompson passam entre os dois, eles fecham a porta do elevador.

Com LeBron James, o Miami Heat usou muito o zíper para livrar Dwyane Wade, permitindo que o ala-armador infiltrasse. Para isso, Joel Anthony fazia um corta-luz para Wade assim que ele tivesse espaço.

Já que falei em James, nas Finais de 2015, contra os Warriors, o Cleveland Cavaliers usou um corte zíper com Iman Shumpert, com LeBron, após fazer o corta-luz para Shump recebia um pick de Tristan Thompson para se posicionar no low post.

O Oklahoma City Thunder não usa mais tanto, mas durante um tempo usou o corte zíper para livrar Russell Westbrook. Russ é esperto e rápido o suficiente para usar o reconhecimento da defesa contra ele. Aqui, ele percebe que Manu Ginobili apertou a marcação e corta e volta para a cesta.

A maior fraqueza do corte zíper é ser facilmente reconhecido. Um time estudioso pode, sem dificuldades, anular o ataque. A não ser que você jogue nos Spurs. Parece que o time sempre encontra uma maneira de pontuar.

--

--