Deixa o Hack-a-Shaq quieto, Silver

The GOAT
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4 min readFeb 18, 2016
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O comissário Adam Silver segue aprontando das suas. Primeiro, ele forçou o assunto até os donos estarem perto de autorizar duas propagandas nas camisetas dos times, agora, ele força outra questão que deveria ser deixada quieta. Silver pretende proteger péssimos arremessadores de lance-livre proibindo o Hack-a-Shaq, aquela falta que força caras como DeAndre Jordan, Andre Drummond e Dwight Howard a provarem que não temem a linha da caridade.

“Cada vez mais acredito que vamos mudar essa regra no verão”, disse Silver. “Até para os que não querem a mudança, estamos sendo forçados pelos treinadores sofisticados que usam todas as táticas disponíveis. Não é a maneira como queremos que o esporte seja jogado”

Hmm… Sofisticados? Então uma tática que, de uma maneira ou outra, existe desde os tempos de Wilt Chamberlain é sofisticada. Tão sofisticada quanto uma TV de tubo.

Vamos ver o que as estrelas do jogo acham:

Kobe Bryant: “Você não pode proteger caras porque eles não conseguem chutar lances-livres. Você é pago bastante para converter uma droga de lance-livre, cara. Acho que abre um precedente ruim. Não mudaria”.

LeBron James: “Não vejo um problema com [Hack-a-Shaq]. No final do dia, é uma estratégia do jogo. Se isso faz parte do jogo e você tem um cara que é ruim nos lances-livres e você o coloca na linha, é parte da estratégia”.

Ambos, por sinal, jogaram com Shaquille O’Neal. Um cara que, apesar de dominar o jogo, tinha problemas sérios na hora de converter lance-livres.

Se as estrelas não convencem, que tal dois caras que tinham potencial para problemas na linha de caridade?

Brendan Haywood: “Não acredito que deveria mudar. Afeta, tipo, três ou quatro caras na liga”.

Nazr Mohammed: “A regra é usada consistentemente em cinco ou seis caras na NBA. Se você olhar quantos são afetados, considerando que temos quase 450 jogadores na liga, é meio injusto mudar a regra por causa de um grupo tão pequeno de jogadores. Além disso, não dá para tirar a tática totalmente dos treinadores”.

E essa é uma parte da questão. São tão poucos jogadores afetados pelo Hack-a-Qualquer Um que trocar a regra soa como um protecionismo desnecessário. Apenas dois jogadores que convertem menos de 50% dos lances-livres mas jogam, pelo menos, 25 minutos por jogo, Drummond e Jordan.

Não é diferente de criar uma regra para abrir o garrafão para ajudar quem não consegue infiltrar, proibir tocos em quem não salta muito alto, fazer bandejas valerem 3 pontos porque alguns não conseguem chutar de fora como Steph Curry. É proteger jogadores porque eles não sabem fazer algo.

O discurso principal de quem defende acabar com o Hack-a-Qualquer Um é a qualidade do jogo. A partida fica parada, feia, fãs não gostam. Tudo verdade. Sério, realmente é. Mas nada disso é um motivo para mudar a regra. Sério, realmente não é.

Números mostram que, apesar da reclamação, poucas pessoas mudam de canal durante o Hack-a-Qualquer Um. Afinal, uma das diversões do ser humano é ver os outros falharem. Mais divertido ainda quando são pessoas que fazem algo muito melhor que a gente.

Agora, vamos olhar outra situação. Final de jogo e seu time perde por dois pontos. Apenas tempo para uma jogada e você resolveu que quer vencer ou ir para casa. Vai colocar um jogador que não sabe chutar de fora? Não. A NBA deveria proteger seu time se ele não tem ninguém que chute de fora? Quem sabe fazer arremessos da distânicia linha de lance-livre valerem 3 pontos só para seu time? Afinal, coitadinhos, seu time não tem arremessadores de fora… Certo que a ideia parece absurda.

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Proteger um péssimo arremessador de lance-livre é bem parecido. Você está ajudando uma equipe a esconder uma fraqueza que pode ajudar o adversário. DeAndre Jordan não consegue converter lances-livres? Coloque-o no banco de reservas ou sofra com as consequência. Parece algo simples suficiente.

Agora, nunca digam que as vítimas do Hack-a-Qualquer Um não treinam. Na realidade, eles muitas vezes treinam mais lances-livres dos que convertem 90%. E, sozinhos no ginásio de treino, convertem 85 de 100. O problema está na cabeça, não nas mãos. Na frente de torcedores, audiência televisiva, o cara gela. O medo de uma air ball supera todo o treinamento. A parte psicológica detona a parte física.

Isso acontece em outras situações. Quem nunca viu um craque errar uma bandeja ou arremesso fácil em momentos cruciais da partida? Mesmo assim, ninguém tenta mudar as regras para proteger outros jogadores em outras situações. O mesmo deveria acontecer com o Hack-a-Qualquer Um.

Não gosta de como seu time fica em um jogo mais lento, parado, mascado? Tire a vítima do Hack. Simples assim.

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