Faltam 15 dias para a NBA: meu nome é Earl

The GOAT
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3 min readOct 12, 2015
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Earl Monroe. The Pearl. Jesus. Nada de Black Jesus, isso foi coisa da imprensa branca americana. Nos playgrounds da Filadélfia. Junto com Walt “Clyde” Frazier, eles fizeram uma das, se não A, melhores backcourts da história da NBA. Pelo menos, foi a backcourt mais legal. Earl the Perl e Clyde. Eles infernizaram a Liga e venceram o título de 1973, segundo na história do New York Knicks, quando todos duvidavam que poderiam jogar juntos.

Mas estou colocando o carro na frente da parada de título.

Tudo começou no sul da Filadélfia, crescido e criado. Em uma cesta feia de um engradado de garrafas de leite, preso ao poste de madeira em um terreno baldio na frente de um escola católica.

No Baltimore Bullets, Earl deixava os defensores tontos com seus giros criativos para a cesta. Um dínamo em direção da cesta, pronto para providenciar energia ao seu time. Mas uma disputa de contrato fez com que ele deixasse o time. Um dos destinos possíveis? Indiana Pacers.

Ele não queria jogar na ABA, a competição na NBA era melhor. Mas, se fosse a única opção, ele havia gostado da equipe. Até ir ao vestiário após uma vitória dos Pacers conversar com os que poderiam ser seus companheiros de equipe. Conta Earl:

“Então eu fui no jogo e os Pacers venceram. Aí, depois o jogo, fui no vestiário conhecer os jogadores dos Pacers. Gostei deles também. Mas aí, depois de banhados e vestidos, todos os jogadores negros pegaram armas em seus armários. Fiquei chocado e perguntei ‘por que vocês têm armas?’

‘Eles têm a Ku Klux Klan em todos os lugares aqui, e na cidade também. Então temos armas para nos protegermos’.

Aquilo deu para mim. Levou a situação para ouro nível. Ali, soube que Indianápolis não era para mim”.

Os Knicks não estavam na curta lista de lugares que Pearl desejava jogar. Inimigos mortais dos Bullets, Monroe acreditava que a bagagem dos adversários era grande demais. Los Angeles, Chicago e Filadélfia eram seus destinos favoritos.

O dilema era maior ainda. Todos os objetivos de Monroe seriam travados nos Knicks. Os 20.000 pontos na carreira, os All-NBA Teams, All-Stars, poderiam não acontecer. Em Baltimore, Earl era “O cara”, nos Knicks, ele seria mais um em um sistema coletivo de basquetebol. Mas ele aceitou. “Acredito na ‘ciência do jogo’”, disse.

Monroe dirigiu da Filadélfia até Nova York, pensando na grande mudança o tempo inteiro. Quando chegou na entrada da cidade, viu um carro do NYPD com duas pernas aparecendo na janela. Na hora, ele não pensou que era algo interessante. Depois, descobriu que era onde as prostitutas trabalhavam. “Acho que vou gostar daqui. Earl, bem-vindo a Nova York”, pensou.

Todos duvidavam da presença de Monroe nos Knicks. Levou tempo, mas o Show de Earl & Clyde acabou com as dúvidas dos torcedores. Os dois, juntos com Willis Reed, Bill Bradley e Dave DeBusschere fizeram história nos Knicks. Eles chegaram às Finais de 1972 e perderam para o Los Angeles Lakers. Em 1973, os adversários se encontraram novamente. Após perderem a primeira partida, os Knicks varreram os Lakers como gentlemen.

Hoje, ele é considerado uma lenda dos Knicks tanto quanto dos Bullets. Junto com Clyde e Reed, ele é um dos heróis da Gotham dos anos 70.

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