Fim de linha para Sam Hinkie no 76ers

The GOAT
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3 min readApr 7, 2016
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Com uma carta de demissão de 13 páginas e cheia de referências a pessoas dentro e fora do basquete, Sam Hinkie pediu demissão do cargo de gerente geral (GM) do Philadelphia 76ers. Após quase 3 temporadas completas administrando a franquia de Philly, Hinkie deixa um legado que merece ser pensado, elogiado, criticado e discutido. Com um plano de longo prazo pensando em reconstrução através da derrota, Sam deixou Philadelphia com muitas escolhas de draft e decisões a ser tomadas no futuro.

A insatisfação de Hinkie com seu cargo começou em meados de dezembro, quando a administração de Philly contratou Jerry Colangelo para tomar conta do cargo administrativo geral da franquia. Isso causou uma perda significativa de poder de Hinkie em cima de um processo que fluía por ele. Com o passar do tempo, mais sinais foram dados de que o poder de Sam poderia continuar diminuindo. O estopim para sua demissão foi quando Bryan Colangelo, filho de Jerry, foi citado recentemente como possível novo contratado para uma espécie de divisão de afazeres na administração do basquete da franquia.

O que pressionou demais Hinkie foi a falta de um vislumbre positivo para um futuro mais próximo em Philadelphia. Com três anos de trabalho, a equipe não apresentava muita evolução dentro de quadra, mesmo com a chegada de novos jogadores. Com técnicos fracos e times pouco equilibrados, tudo que Philly encontrava eram pilhas de derrotas e desespero. Dos 5 jogadores mais importantes draftados pela administração de Hinkie, dois deles ainda nem jogaram na liga, Joel Embiid e Dario Saric. O primeiro, com uma lesão crônica que já o tirou de 2 anos de carreira e não o deixou nem sequer estrear na NBA. O segundo ainda está se desenvolvendo na Europa. Nerlens Noel perdeu todo seu primeiro ano por lesão, mas desde então parece ter encontrado a saúde, fazendo dele o caso mais positivo da franquia sob Hinkie. O novato da vez, Jahlil Okafor, vinha tendo uma temporada decente, mas também se machucou e está fora da temporada. Por fim, Michael Carter-Williams, que ganhou o prêmio de Novato do Ano na temporada 2013–14, foi trocado em seu segundo ano para Milwaukee.

Sam fez inúmeras trocas e desmontou os Sixers em diversas oportunidades, tentando empilhar um arsenal de escolhas de draft. E conseguiu. Nesse próximo draft, serão possíveis quatro escolhas de primeira rodada. Espera-se que Saric finalmente vá para os Estados Unidos e que Embiid consiga jogar. A próxima temporada seria a primeira que veríamos o quão boa era (ou não) a ideia de Hinkie. Veremos sem ele no comando e provavelmente com Bryan Colangelo, que, ao que tudo indica, assumirá o cargo.

O fator que trouxe maior pressão foi o basquete apresentado. Com a disposição forte de perder jogos para conseguir sempre a melhor escolha de draft, Sam nunca deixou os Sixers confortáveis em quadra. Por exemplo, a equipe nunca contou com um armador de qualidade desde a saída de Carter-Williams. No início desta temporada, utilizaram Nik Stauskas como armador, posição na qual ele é claramente desconfortável. O rendimento foi péssimo. Tão ruim que, com a chegada do medíocre Ish Smith, a equipe começou a se portar melhor como um time no contexto geral e atingiu suas primeiras vitórias e equilíbrios em alguns jogos. É importante seguir no seu plano, claro, mas dá alguma consistência aos seus jogadores é de igual importância. O que segura esses prospectos a continuarem no Sixers quando chegar o momento de assinar novos contratos?

Em sua carta, Sam Hinkie comenta algumas coisas interessantes, como a quantidade realmente absurda de escolhas de draft que a franquia possui, incluindo a transformação de jogadores medianos em algumas boas escolhas em trocas. Além disso, a flexibilidade no cap é a melhor da NBA, segundo Sam. Ele também cita como, em sua administração, houve uma aproximação forte com outros países para formar alianças e afiliações, citando a importância dos estrangeiros na liga hoje, que formam cerca de 20% do corpo atlético total.

Sam Hinkie era um cara de ideias diferentes, em alguns pontos de vista, extremas. Foi interessante ver o seu trabalho nos Sixers e, infelizmente, não veremos ele acompanhar de perto tudo que ele montou começando a tomar alguma forma. Os próximos passos tanto de Sixers quanto de Hinkie enchem o coração de vários torcedores de curiosidade.

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