Karl-Anthony Towns, o astro que a NBA esperava

The GOAT
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6 min readJan 3, 2016
towns wolves

Foram somente 33 partidas, em uma franquia que já carrega 21 derrotas na temporada. Não é nenhum exagero afirmar, porém, que o pivô Karl-Anthony Towns tem tudo para ser muito grande na NBA conforme os anos passem. O dominicano de 20 anos, draftado com a primeira escolha pelo Minnesota Timberwolves, é o resumo do que a NBA entende atualmente por jogador de garrafão eficiente, e talvez seja o calouro mais pronto a entrar na liga em muito tempo.

Towns não demonstrou muita dificuldade em traduzir na NBA muito do que já tinha mostrado aos fãs de basquete na Universidade de Kentucky. Karl-Anthony postula entre os melhores defensores da NBA na temporada e, ao lado de Andrew Wiggins, fazem brilhar os olhos dos torcedores de Minnesota. Mas isso é papo para outro dia. O principal é botar em perspectiva o tamanho da temporada que KAT vem tendo até aqui.

O grande aspecto do jogo de Towns é defensivo. Listado com 2,11 metros de altura, o pivô tem, de modo geral, bons instintos defensivos. Todos os atributos físicos estão lá e o dominicano se mostra uma força dentro do garrafão. KAT é um protetor de aro natural. O aproveitamento de seu adversário em arremessos a menos de seis pés de distância cai, em média, 7,6% com a marcação de Towns. Mas isso não significa que ele precise ficar preso ao aro, como é o caso de outros grandes protetores da área pintada (leia-se DeAndre Jordan). Na NBA moderna, um protetor de aro é muito valorizado, vide o recente crescimento de pivôs como Hassan Whiteside e Rudy Gobert. Com 1,9 toco na temporada, Towns é o oitavo melhor no quesito. O único novato à frente dele é Kristaps Porzingis, do New York Knicks.

Karl-Anthony Towns é dono de uma movimentação lateral invejável para a maioria dos grandalhões. Isso permite que ele desempenhe bem o papel de um pivô em um time mais baixo, que corra mais com a bola, e que, na defesa, trabalhe com rápidas trocas de posições. É uma das características que fazem o ala-pivô Draymond Green, do Golden State Warriors, ser tão temido pelos adversários. É uma versatilidade importante na hora de marcar jogadas mais agudas de jogadores do perímetro após trocas, que podem tentar batê-lo na velocidade. E falhar. Toda essa agilidade ajuda Towns a cobrir os espaços e faz dele um bom defensor na ajuda de companheiros que são batidos pelo adversário.

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Além disso, Towns tem um grande reconhecimento e mostrou inteligência na hora de optar pelas jogadas corretas defensivamente. Não é raro vê-lo dobrando o jogador com a bola no pick and roll para prevenir que ele bata o marcador único. Ou dando um ou dois passos lateralmente e, rápido assim, cobrir a área em que o adversário invadiria o garrafão após vencer o marcador do perímetro.

Isso não quer dizer que KAT não tenha força no corpo o suficiente para encarar os melhores jogadores no post e no pinch post da liga. Embora às vezes sofra com oponentes mais altos, o pivô faz um bom trabalho em reconhecer os movimentos de seus adversário e, utilizando sua verticalidade e seus braços longos, evitar a pontuação.

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Não é a toa que Karl-Anthony já aparece entre os líderes da liga até mesmo em estatísticas símples (dados todos referentes ao dia 02/01). É o oitavo melhor reboteiro de toda a NBA (9,4). KAT ainda acumula médias de 16,4 pontos por partida, com um aproveitamento de 54% de seus arremessos, a melhor marca entre os calouros com pelo menos 25 jogos na temporada. Towns é o segundo novato com mais pontos por partida, atrás apenas de Jahlil Okafor, o segundo com mais tocos e o melhor reboteiro, liderando os calouros com 16 duplos-duplos até aqui. O dominicano já é um defensor acima da média na NBA e tem tudo para ser ainda melhor nos próximos anos.

Tanto na defesa como no ataque, Karl-Anthony Towns é um mismatch (incompatibilidade para o marcador) ambulante. Ele tem velocidade para bater a maioria de seus marcadores na corrida, além de habilidade para botar a bola no chão e não perder o controle da jogada.

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Seu toque ao redor do aro é bem polido e, embora não seja um mestre na arte, tem um desempenho bem aceitável de costas para a cesta.

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Um dos principais toques de modernidade do jogo de Towns é o espaçamento que ele dá ao ataque dos Wolves. Apesar do (mau) treinamento do técnico Sam Mitchell, KAT obriga seus marcadores a saírem do garrafão para marcá-lo e abrir um espaço na área pintada. O pivô tem um aproveitamento de 40% em bolas de 3 em jogadas de catch and shoot.

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Esse fator é ainda mais importante se considerarmos o elenco dos Timberwolves, que conta com um grande jogador de infiltração, como Wiggins, além de armadores que podem desenvolver essa característica, como Zach LaVine e Ricky Rubio, se jogarem mais sem a bola. O sistema de ataque de Mitchell o prejudica (Towns não tem jogadas desenhadas para chutar de três da zona morta, por exemplo), e limita seu arsenal, como pode se perceber na distribuição de chutes (via Vorped) do jogador.

Towns Shot Chart Vorped 2

Como se não bastasse o chute preciso, Towns ainda tem uma capacidade subestimada de criar para seus próprios companheiros. Na equipe dos Wolves, essa habilidade nivela em parte as deficiências de Wiggins em armar o jogo e achar arremessos melhores. Seja do post ou de frente para a marcação, KAT demonstrou excelente leitura dos cortes sem bola dos jogadores de perímetro para conseguir assistências impressionantes.

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Não é difícil perceber como o chute de fora de Towns obriga, no lance abaixo, o pivô Andre Drummond a sair do garrafão. A partir disso, KAT bota a bola no chão, desmonta a defesa do Pistons e encontra a jogada correta com Gorgui Dieng.

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O futuro é muito promissor para os Timberwolves, mas falar de Towns (e Wiggins) não é um exercício de imaginação. Favorito disparado ao prêmio de calouro do ano, KAT pode crescer demais na liga, mas, atualmente, já atua no nível de um All-Star. Se for selecionado, será o primeiro calouro desde Blake Griffin (2011), apenas o terceiro desde Tim Duncan (Yao Ming). Nada que seja tão surpreendente para um jogador do quilate que Towns já demonstrou ser.

Em perspectiva com outros novatos, Karl-Anthony parece ainda maior. O último calouro a ter médias como as de Towns, de 16,4 pontos, 9,4 rebotes e 1,9 toco, foi Tim Duncan (basketball-reference). Ao todo, apenas sete conseguiram essa marca na história. A companhia inclui jogadores como David Robinson, Hakeem Olajuwon e Shaquille O’Neal, o único que, assim como KAT, tinha 20 anos em sua primeira temporada na NBA. É verdade, porém, que os jogadores citados tiveram um desempenho bem superior ao padrão estabelecido por Towns, que tem como mentor um dos principais alas-pivôs da história da NBA: Kevin Garnett, o maior jogador da história dos Timberwolves.

towns wolves 2

O índice de eficiência (PER) de Karl-Anthony na temporada até aqui é de 22,3, número só superado por cinco calouros (com pelo menos 41 jogos) desde que a estatística é calculada: Robinson, Michael Jordan, Shaq, Duncan e Terry Cummings.

Havia alguns motivos pelos quais Towns ganhou de Jahlil Okafor nos meses que precederam ao draft e foi a primeira escolha unânime do draft. Ele está justificando todos em sua primeira temporada da NBA.

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