Existe um velho ditado americano, que traduzindo livremente seria algo como: “Quando você corta a grama, as cobras aparecem”. É uma maneira colorida de dizer que as coisas podem parecer seguras na superfície, mas, quando você olha direito, verá que tem pessoas esperando para te apunhalar pelas costas.
George Karl, hoje treinador do Sacramento Kings, tem fama, entre os atletas, de ser essa cobra. Assim que surgiram rumores — Adrian Wojnarowski normalmente não erra quando se trata de rumores — de que Karl tenta forçar uma troca de DeMarcus Cousins, falando com o dono da franquia e tentando recrutar jogadores para sua causa, a reação do pivô foi certeira. Em se tratando de Karl, nenhuma novidade.
A cobra no meio da grama. Ou seria Karl no meio da grama? O treinador entrou em conflito com Kendall Gill quando o ala jogava pelo extinto Seattle Supersonics. Na ocasião, Karl, segundo fontes, resolveu que Gill não merecia o contrato de US$3,8 milhões e lançou rumores que Gill exigiu tempo garantido de jogo, discutiu com o treinador e tornou o vestiário algo insustentável. “Acho que qualquer hora que um treinador e um jogador discutem, é um câncer”, disse Karl após a troca. Gill negou completamente.
O jogador teve sintomas de depressão em Seattle. “Não aguentava trabalhar tão duro para escutá-lo dizendo que exigi tempo em quadra garantido, coisa que nunca fiz”, afirmou o jogador, já no New Jersey Nets. “George é a única pessoa no mundo de quem não gosto”.
Karl tem costume de virar as costas para seus jogadores, uma vez que deixam seu comando. Assim como jogou Gill na fogueira, Karl ficou amargo com Carmelo Anthony, assim que o ala trocou o Denver Nuggets pelo New York Knicks. Anthony não fez programas televisivos ou hashtags no Twitter para indicar onde iria, apenas afirmou que, após ver o time mudar da direção que levou a franquia às Finais da Conferência Oeste, gostaria de sair.
Karl não perdeu nenhuma oportunidade de denegrir a imagem de Melo. Desde colocar em dúvida o quanto Anthony se dedicava ao jogo até insinuar que o jogador, olha a palavra aí de novo, era um câncer no vestiário, tudo isso fez parte da estratégia de Karl. Os companheiros de Anthony nos Nuggets rapidamente negaram tudo. Segundo eles, o jogador foi um bom e dedicado líder.
Foi a vez de Melo tuitar sobre cobras e grama.
Também chegou a vez do atual MVP das Finais, Andre Iguodala. Iggy foi um membro dos Nuggets em uma disputada série de playoffs contra o Golden State Warriors. Durante a série, o então treinador dos Warriors, Mark Jackson, comentou que, um espião dentro dos Nuggets havia dito que a equipe de Denver tentou lesionar Steph Curry. Quando Iguodala esnobou os Nuggets e assinou com os Warriors na temporada seguinte, Karl resolveu entrar em ação, colocando em dúvida o caráter de seu ex-atleta. “Sem dúvidas”, para Karl, Iguodala era esse espião.
Mais cobras.
J.R. Smith era o bode expiatório preferido de Karl, o saco de pancadas do treinador. Ele também falou sobre cobras e gramas.
Ty Lawson, outro ex-atleta de Karl que entrou na onda das cobras na grama.
A fama de George Karl o precede. Mas, por algum motivo, times continuam colocando uma cobra no meio de jardins com uma dinâmica tão delicada quanto os vestiários da NBA. Resta saber por quem a franquia decidirá para seu futuro.
