[NBA Finals 2015] A jornada de Shaun Livingston

The GOAT
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4 min readMay 29, 2015
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Quando Shaun Livingston chegou à NBA, todos enxergavam uma carreira promissora. A quarta escolha do Draft de 2004 chegou ao Los Angeles Clippers como um armador alto, esguio, com uma incrível capacidade atlética e muito potencial. Dos seus 2 metros de altura, Livingston tinha a vida fácil, enxergando por cima das cabeças da maioria dos armadores. Ainda assim, ser tão grande não tirou sua velocidade ou explosão. Era fácil olhar o novato e ver potencial ilimitado.

Apesar das dificuldades no começo da carreira, ele mostrou-se uma promessa que acendia as esperanças do torcedor dos Clippers. Quem sabe, junto com Corey Maggette e Elton Brand, Livingston poderia liderar a renascença do irmão menor de Los Angeles? Aos poucos, Livingston encontrava seu arremesso, melhorando seu aproveitamento em cada uma de suas três primeiras temporadas, quase triplicando a porcentagem de chutes convertidos dos 3 pontos. Os olhos da franquia brilhavam.

Então chegou o dia 26 de Fevereiro de 2007. Os Clippers haviam vencido duas partidas consecutivas, ficando acima dos .500 de aproveitamento. Pela frente, o péssimo Charlotte Bobcats. Os Clippers perdiam por 7 a 4, com 8:23 para o final do primeiro quarto, quando Cuttino Mobley roubou a bola de Derek Anderson. Livingston recuperou a bola perdida e partiu para o contra ataque.

Um salto para a bandeja. E o mundo parou. O jovem armador dos Clippers caiu desequilibrado. Seu pé esquerdo escorregou e todo o peso do seu corpo foi parar no joelho esquerdo. Eu assisti ao replay, que hoje vive em vídeos pixelados no YouTube, uma vez. E a imagem ficou gravada na minha memória.

Livingston deslocou a patela e a articulação tibiofibular, rompeu o ligamento cruzado anterior, ligamento cruzado posterior, o menisco lateral e sofreu uma ruptura parcial do ligamento colateral medial. A lesão foi tão séria que, no hospital, os médicos alertaram Livingston do risco da necessidade de amputação de sua perna.

Foram meses de reabilitação antes de Livingston poder caminhar. Prever um retorno ao basquetebol era quase um sonho distante. Caminhar normalmente já seria um grande desafio. Passou um ano e meio até os médicos liberarem Livingston para retornar ao basquetebol. Os Clippers desistiram de seu contrato, já que seria um risco imenso comprometer um espaço no elenco, gastando parte do teto salarial, para um atleta que, ao que tudo indicava, não mais produziria.

Foi aí que o Miami Heat apareceu na vida do armador. A franquia do sul da Flórida deu uma curta chance para o Livingston, que, após quatro partidas, foi trocado por uma quantia em dinheiro e uma escolha protegida para as 55 primeiras. Ele foi cortado na hora.

Ainda tentando voltar para a NBA, Livingston aceitou o que poucos veteranos aceitam: um emprego na D-League, a liga de desenvolvimento da associação. No Tulsa 66ers, hoje Oklahoma City Blues, Shaun esperou uma chance. Foram dois anos e 18 partidas pelo Oklahoma City Thunder. Após ser cortado pelo Thunder, Livingston teve uma chance com o Washington Wizards até, ironicamente, fazer parte da rotação dos Bobcats. O armador ainda passou por Milwaukee Bucks, Houston Rockets, cortado de prontidão, retornou para os Wizards, em que foi cortado novamente. Ele foi até para o seu adversário nas Finais de 2015, o Cleveland Cavaliers (curiosamente, Livingston fez parte dos Wizards que conseguiram a primeira escolha do draft de 2010 — John Wall- e dos Cavs que conseguiram a primeira escolha do draft de 2011 — Kyrie Irving).

Foram quase cinco anos de espera, mas Shaun finalmente provou que merecia estar na NBA. Certamente, algum time daria uma oportunidade mais sólida ao armador. Após uma lesão fazer com que Livingston quase perdesse a perna, ele sabia, de uma vez por todas, que pertencia ao melhor basquetebol do mundo.

Era só esperar uma ligação.

E ela veio do Brooklyn Nets. Com o time do bairro nova-iorquino Livingston retornou para os playoffs pela primeira vez desde sua segunda temporada. Com Livingston, os Nets encontraram um elenco para o smallball que tanto deu certo na temporada passada. Não só ele merecia estar na NBA como voltou a ser um jogador importante no elenco. Sua altura, defesa e sabedoria de veterano não eram as armas que Livingston esperava ter a esse ponto da carreira, mas ele fez com que isso funcionasse.

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No início da temporada atual, assinou um contrato com o Golden State Warriors. Agora, está perto de um título com a franquia. Livingston não é, nem de perto, o melhor jogador dos Warriors, mas ele provou ser uma peça fundamental para o time. Mais de uma vez, ele foi o escape do ataque. Usando suas características já citadas.

Depois de quase perder a perna, Livingston foi para o post-up, converteu arremessos sobre armadores mais baixos, roubou bolas importantes, encontrou Stephen Curry livre na linha dos 3 pontos. Quase cinco anos após chegar perto de encerrar sua carreira, Livingston ajudou os Warriors a vencer a Conferência Oeste pela primeira vez desde 1975.

E o melhor ainda pode estar por vir.

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